Fãs viajam mais de mil km para assistir show do girlgroup de k-pop aespa

Fãs viajam mais de mil km para assistir show do girlgroup de k-pop aespa

Arrastando multidões, grupo sul-coreano faz apresentação única em São Paulo

Correio do Povo

Fênomeno da quarta geração do k-pop, aespa se destaca pela sonoridade hyperpop

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Até onde vai o amor de fã? Economizar dinheiro por meses, negociar folgas por horas de trabalho extra, faltar aulas na faculdade e viagem bate-volta são apenas algumas das atitudes tomadas por fandoms — e a principal é a de provar que toda a distância geográfica que separa Porto Alegre de São Paulo é capaz de se tornar diminuta para aqueles que fazem de tudo para assistir a seus ídolos de perto.

Depois de passar pela Ásia e América do Norte, o girlgroup sul-coreano aespa chega ao Brasil com a tour SYNK : HYPER LINE na próxima segunda-feira (11), para uma apresentação única no Espaço Unimed, em São Paulo. Os ingressos, de preços que variam entre R$245 a R$1.930,00, esgotaram rapidamente e a expectativa é de sold out.

“A decisão de viajar para ir ao show foi imediata. Não poderia perder essa oportunidade porque, além de ser muito fã delas, também é raro ver turnês mundiais de k-pop passarem no Brasil”, afirma a porto-alegrense Isabelle Nedel, de 21 anos, tatuadora e designer. Colecionadora de álbuns, pôsteres, figurinhas e lightstick do aespa, ela não consegue conter a empolgação de saber que o sonho de assistir o seu girlgroup favorito será finalmente realizado. “Esperei muito tempo para isso! Por acompanhar elas somente de forma virtual, a sensação que eu tinha até então é de que isso seria o máximo de contato possível. Com o show, tudo isso muda e novas possibilidades de ser fã são abertas com a proximidade física”, explica.

Dentre as cinco modalidades de ingressos disponíveis, Isabelle optou por comprar o VIP — que, além dos diversos serviços exclusivos, como cordão personalizado, merch oficial do grupo e entrada antecipada no local — inclui o tão desejado acesso a passagem de som, bastidores e interação com as idols. “Estou absurdamente ansiosa para ver as meninas de pertinho. O mais especial vai ser dividir esse momento com elas, que parecem apreciar a troca de carinho com o público”, conta.

Já os amigos Fábio Severo e Marco Bourscheid se preparam para encarar uma distância ainda maior — a dupla mora, respectivamente, em Sapucaia do Sul e Novo Hamburgo. “A rotina vai ter uma alteração, mas nada de tão impactante. Vou tirar dois dias das minhas férias para ver as meninas”, conta Fábio, de 28 anos, que trabalha como Analista de Suporte. “Consegui uma folga para fazer uma viagem de bate-volta. Vamos chegar horas antes do show e voltaremos no dia seguinte”, declara Marco, de 22 anos, estudante do curso de Relações Públicas na UFRGS. 

Apesar de ambos já terem viajado para assistir a grandes festivais de música — em 2022 para o Primavera Sound e, em março deste ano, para o Lollapalooza — é a primeira vez deles em algo relacionado ao k-pop. “Por ter acompanhado tudo sobre elas antes mesmo da estreia oficial, o aespa se tornou o meu grupo favorito. Não poderia deixar de perder a chance de vê-las ao vivo, até porque pode ser uma oportunidade única”, reitera Marco. 

Para a professora da Universidade Paulista (UNIP), coordenadora do grupo CULTPOP (Laboratório de Pesquisa em Cultura Pop, Comunicação e Tecnologias), pesquisadora e especialista de estudos acadêmicos relacionados a temática de cultura de fãs Adriana Amaral, o comportamento de fandoms pode ser definido como uma prática multidimensional. “É algo que vai muito além do que simplesmente ouvir as músicas e gostar de um determinado grupo. Os fãs se aliam e se relacionam entre si de uma forma tão profunda e intensa ao ponto de transformar, o que em um primeiro momento poderia ser apenas o compartilhamento de interesses em comum, em uma grande comunidade ativa socialmente”, elucida.

Adriana destaca os dois principais pilares para a mobilização de fandoms: “O sentimento de pertencimento e o fator identitário. Toda a experiência é estabelecida através dos ideais de comunidade e de distinção, especialmente na formação da identidade de cada fã clube. Para eles, é essencial que cada grupo tenha uma cor específica, um nome específico e, até mesmo, uma forma específica de fomentar as relações entre fã e ídolo”, define. “Impulsionados por esses fatores, os mais passionais costumam fazer essas ditas ‘loucuras’ de viajar para ver seus ídolos de perto”, finaliza.

aespa se consagra como líder da quarta geração do k-pop

Com o nome que combina as palavras “avatar”, “experience” e “aspect”, o girlgroup formado por Karina, Giselle, Winter e Ningning fez a sua estreia oficial no dia 17 de novembro de 2020 com o single “Black Mamba” e, atualmente, é considerado o principal expoente do gênero de música pop sul-coreana.

Com uma discografia fundamentada nos mini-álbuns “Savage” (2021), “Girls” (2022) e “MY WORLD” (2023), o aespa parece viver o melhor momento da carreira. E, com tanto sucesso pelos olhos da crítica especializada e do público geral, a base de fãs, que já era significativamente grande, ficou ainda maior. Os MYs [nome oficial do fandom do grupo] acompanharam e, de certa forma, até se acostumaram a ver o aespa quebrar recordes — como ter mais de um milhão de cópias vendidas no primeiro dia de lançamento de um álbum e se tornar o grupo de mais sucesso de todos os tempos da SM — e, também, a alcançar grandes feitos — como a de de ser primeiro grupo na história do k-pop a marcar presença no Festival de Cinemas de Cannes, se apresentar no festival estadunidense Coachella e, principalmente, deter o título de ser o primeiro grupo da quarta geração a performar no célebre estádio Tokyo Dome no Japão.

Sob a icônica empresa SM Entertainment — que teve um papel protagonista para a concepção do k-pop como uma indústria cultural e também responsável por por agenciar grupos como Girls’ Generation, Super Junior, Red Velvet e EXO —, o aespa se diferencia por ser fundamentado artisticamente em um conceito futurista e inovador: sonoridade hyperpop e EDM, storyline envolvente, inteligência artificial (IA), metaverso e a combinação realidade e virtualidade as tornam únicas na cena musical.

Ainda que interligar membros reais com animados não seja exatamente uma novidade — tanto que a banda britânica Gorillaz está em atividade desde do início dos anos 2000 e, no próprio universo do k-pop, o K/DA em 2018 e, nesse ano, o MAVE:, se apropriam dessa experimentação —, o aespa se mostra ainda mais revolucionário. Além de cada uma das quatro integrantes possuir a sua própria versão de avatar, que são representadas por hologramas durante as performances ao vivo e nos videoclipes, há o universo virtual “ae-verse” para conectar os fãs com as histórias das personagens através de interações por mensagens, participações em missões online e acesso a conteúdos exclusivos.

Novos horizontes para o k-pop no Brasil

Se existe uma tendência atemporal na internet é a de fãs comentando em todos os posts de qualquer grupo a mesmíssima frase: “Please come to Brazil!” (Por favor, venha ao Brasil). A insistência incansável era tamanha, tanto entre os brasileiros e os próprios artistas, que se tornou até meme.

Entretanto, o que antes era apenas um desejo jogado para o alto em tom de brincadeira, se tornou realidade e 2023 deverá, definitivamente, ser lembrado como o ano da música oriental em território brasileiro. Além de MCND e P1Harmony em Porto Alegre, a capital dos paulistas recebeu shows dos populares boygroups NCT 127, Super Junior, ONEUS, NCT Dream e, mais recentemente, ATEEZ.

“Confesso que jamais sonhei tão alto em achar que poderia ser possível dois dos meus grupos favoritos virem ao Brasil em um intervalo de tempo tão curto”, expressa Bruna Bierhals, de 19 anos, estudante do curso de Química na UFPEL. Natural de Pelotas, a jovem viajou duas vezes para assistir Super Junior e ATEEZ de perto. “Foi uma verdadeira loucura na hora de comprar os ingressos, porque, além de serem concorridos, também houve a minha decisão de ter que abrir mãos de outros gastos para dar conta dessa aventura”, pontua. 

Com a cada vez maior popularização da cultura sul-coreana no Brasil, assim como produtoras de shows investindo mais na América Latina e na intensa movimentação de fãs, novos horizontes para o gênero podem ser vislumbrados. E a prova cabal disso é a confirmação da vinda do girlgroup TWICE, considerado o mais importante da terceira geração, marcada para fevereiro de 2024 no Allianz Parque em São Paulo. 

“Acredito que estamos vivendo um momento muito especial! E é realmente uma abertura de portas para todos os grupos, tanto os já estabelecidos na indústria quanto os novatos, que agora mais do que nunca sabem que existe uma legião de fãs no país”, argumenta. “No meu caso, espero que os meus boygroups favoritos retornem o mais rápido possível! A experiência de ver de pertinho pessoas que, mesmo estando do outro lado do mundo, fazem a diferença.


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