Estabelecer uma lista de melhores é sempre um processo pessoal e, seguidamente, polêmico. Afinal de contas, o gosto de um pode ser exatamente o oposto de outro. No processo, estabelecer alguns critérios ajuda pelo menos a nortear ou explicar a relação. Assim, e levando em conta a opinião da crítica especializada, é muito pouco provável que qualquer lista dos melhores filmes brasileiros das últimas décadas não inclua “Ainda Estou Aqui” e “Cidade de Deus”. Seguindo a mesma linha, em qualquer apontamento sobre as produções nacionais mais aguardadas de 2025, lá estará “O Agente Secreto”.
O que há de comum entre eles? Todos estarão representados em Porto Alegre na próxima semana, dentro da programação do Frapa, que acontece entre os dias 3 e 7 de novembro. A presença de roteiristas tão importantes da indústria cinematográfica brasileira é talvez o melhor indício do tamanho que alcançou o Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre em sua 13ª edição. Kleber Medonça Filho (‘O Agente Secreto’, ‘Bacurau’ e ‘Aquarius’), Bráulio Mantovani (‘Cidade de Deus’, ‘Tropa de Elite’) e a dupla Heitor Lorega e Murilo Hauser (‘Ainda Estou Aqui’), diga-se de passagem, não são as únicas estrelas da festa. Entre outras atrações estão Paulo Vieira e Caíto Mainier, ambos bem conhecidos do público.
"Pode parecer estranho, mas é mais fácil produzir o Frapa hoje, com o tamanho que está, do que lá no começo, quando era muito menor. Antes, tínhamos que correr atrás dos nomes. Hoje, as próprias produtoras nos procuram para participar”, diz a diretora-executiva Mariana Mêmis Müller, uma das sócias-fundadoras do evento ao lado do diretor-geral Leo Garcia.
Estrela da festa
Dado o timing, é sobre Kleber Mendonça Filho que recaem as maiores expectativas este ano. Ainda mais quando o lançamento nacional de “O Agente Secreto” acontece justamente nesta semana, no dia 6 de novembro. Vencedor dos prêmios de melhor diretor e ator (Wágner Moura) em Cannes, a produção está cotada em algumas das principais categorias do Oscar, o que só aumenta o burburinho. E neste contexto, o filme terá duas sessões gratuitas na Capital logo no primeiro dia do Frapa, uma delas com o próprio diretor debatendo ao final. Difícil imaginar o quão serão disputados os lugares.
Não serão as únicas atividades abertas ao público. No primeiro dia, por exemplo, todas as três oficinas terão entrada franca, por ordem chegada. A primeira, às 9h30 trata de roteiro para iniciantes; a segunda, às 13h15, sobre representavidade nos roteiros; e a terceira, às 16h, sobre a complexidade na criação dos personagens. Além disso, há sessões de longas e curtas-metragens na terça, quarta e quinta-feira, todas gratuitas – os horários e locais podem ser conferidos na programação oficial.
O foco do festival, é claro e como o próprio nome indica, está nos roteiros. O que não significa que isso restrinja o público-alvo. “É um festival de roteiros, não de roteiristas”, observa Garcia. De acordo com ele, tem sido frequente a procura por profissionais de outras áreas do cinema, como atores, atrizes e produtores. “É importante porque tudo começa no roteiro”, aponta.