Samuel Beckett: para quem espera e reflete

Samuel Beckett: para quem espera e reflete

Espetáculo "Esperando Godot" com adaptação e direção de Luciano Alabarse estreia nesta sexta no Teatro Oficina Olga Reverbel do Multipalco do TSP

Luiz Gonzaga Lopes

"Esperando Godot" tem adaptação e direção de Luciano Alabarse

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Há 70 anos um texto estreava em um acanhado teatro de Paris, o Théâtre de Babylone, com encenação de Roger Blin. Era o “Esperando Godot”, do dramaturgo irlandês Samuel Beckett. A data era 5 de janeiro de 1953. Hoje, 31 de março de 2023, o mais famoso e estudado texto de Beckett ganha nova versão com adaptação e direção de Luciano Alabarse, às 19h, no recém-inaugurado Teatro Oficina Olga Reverbel, do Multipalco do Theatro São Pedro (Riachuelo, 1089). Ingressos no site do Theatro São Pedro.

O elenco é totalmente feminino, formado pelas atrizes Sandra Dani, Janaína Pellizon, Arlete Cunha, Lisiane Medeiros e Valquíria Cardoso, com figurinos são de autoria de Zé Adão Barbosa. “A história do espetáculo acompanha um pouco da minha trajetória como diretor. Samuel Beckett é um dos dramaturgos mais relevantes e definitivos na dramaturgia mundial no século XX. De alguma forma, ele explode as noções do teatro clássico, com suas teorias aristotélicas de ação, começo, meio e fim. Ele rompe com isto e começa a tratar da ação interna e não só da externa”, destaca Luciano. 

A peça se passa em uma região desértica, sem definições temporais ou geográficas. Uma árvore seca simboliza o mundo estéril, onde os protagonistas Vladimir e Estragon revelam suas necessidades e agonias. Sem acontecimentos relevantes ou perspectivas de mudança, dedicam-se a passar o tempo esperando Godot, que ninguém sabe exatamente quem é, e que adia sucessivamente o encontro que poderia injetar futuro e esperança no caminho dos personagens. O encontro postergado nunca acontece. O tempo não se altera. A vida segue circular. “Demorei anos para aceitar o pedido insistente da Sandra Dani para montar Godot. Acho que a gente precisa ter o tempo da maturação para cada autor. Neste momento da minha história de teatro, ano que vem completo 50 anos de teatro. Neste momento estou maduro para Beckett”, revela o diretor. 

Sobre a criação dos figurinos para a peça, Zé Adão Barbosa lembra que quando Luciano falou do lixo, ele pensou em restos. “A primeira ideia que me veio é que quando tu não tens mais tecidos, acaba pegando sobras, restos, retalhos, sujos. Não sou figurinista, não tenho esta ambição. As atrizes são cinco amigas. Fiz tudo à mão. Ficava ouvindo música e costurando. Foi mais um convite prazeroso para trabalhar com o Luciano”, comenta Zé Adão, que atua no espetáculo anterior de Luciano, “Gabinete de Curiosidades”. 

O espetáculo será exibido de sextas a domingos, até 30 de abril, às 19h. “O Oficina é um teatro perfeito para as temporadas locais se manterem em cartaz. Fico espantado com as curtas temporadas dos espetáculos. Não dá tempo para o boca a boca. Estas novas gerações não sabem direito o que são as temporadas longas. Quando comecei a fazer teatro no Arena, fazíamos teatro de terça a domingo, editais de dois meses. Temos que mostrar aos gestores públicos que precisamos de ocupação antes da estreia e seguir em temporada longa”, finaliza Luciano. 


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