Conheça as marcas gaúchas que levam o Sul para as passarelas do SPFW

Fauve e Girelli celebram suas trajetórias unindo arte, moda e identidade no maior evento fashion da América Latina

A edição N60 do SPFW chegou ao fim na noite desta segunda-feira, 20
A edição N60 do SPFW chegou ao fim na noite desta segunda-feira, 20 Foto : Ze Takahashi / @agfotosite / Divulgação / CP

Diretamente da Serra Gaúcha para a principal passarela do país, a Fauve apresentou neste domingo, 19, sua nova coleção, a Sala 7. Com direção criativa de Clara Pasqualini, a marca completou cinco anos de trajetória celebrando no SPFW um retorno às origens ao apresentar um reencontro com o movimento artístico que inspirou seu nome e essência.

A Fauve nasceu ainda como projeto de TCC da estilista gaúcha, que durante um intercâmbio na Europa estudou História da Arte e teve seu primeiro contato com o Fauvismo, vanguarda liderada por Matisse no início do século XX. O movimento, conhecido por suas cores vibrantes e pinceladas instintivas, priorizava a emoção em detrimento da razão, conceito que Clara traduz em suas coleções.

No backstage do desfile, ela conta como foi perceber que seu processo criativo era similar ao dos pintores que tinha como inspiração.

“Não foi algo que eu pensei quando eu criei a marca, mas que, ao longo desses anos, eu fui entendendo que também criava de forma muito primitiva e intuitiva”, explica em entrevista à colunista de moda do Bella Mais Marina Käfer.

A união entre arte e moda

A nova coleção é uma homenagem direta à exposição que ficou marcada como o início do Fauvismo, em 1905. Foram mais de 300 croquis até chegar aos 26 looks finais, que traduzem o conceito em tecidos garimpados, modelagens volumosas e bordados feitos à mão.

O processo criativo enfatiza o posicionamento da marca como um ateliê que prioriza peças especiais sob medida. E o trabalho de garimpo têxtil é o que garante a estética das peças, que transitam entre o vintage e o contemporâneo, a partir de uma extensa pesquisa e procura por tecidos de diferentes universos desde a moda à decoração, reforçando seu DNA vintage e maximalista.

Desfile da Fauve na SPFW N60 | Foto: Marcelo Soubhia / @agfotosite / Divulgação / CP

Veludos, paetês, tules, sarjas e crepes se contrastam intencionalmente, bem como a mistura intencional de estampas, para apresentar novas propostas de shapes e volumes, extrapolando as curvas do corpo em contraste com as modelagens estruturadas.

A experimentação, segundo Clara, é um elemento que não pode faltar na coleção. “Eu preciso de tempo de ateliê, experimentação de materiais e de estrutura”, explica.

Para além dos tecidos pintados e bordados, o maxi vintage é reforçado pela ampla cartela de cores, mostrando esse lado experimental da estilista, tendo em vista que essa foi a primeira vez que Clara se aventura a trabalhar com tons terrosos, verde, rosa, pink, azul, amarelo e vermelho.

“Os garimpos têxteis, a brincadeira de sobreposições, cores, tecidos de diferentes texturas, com ou sem bordados, e o estudo de novas modelagens foram criando vida e se transformando em pequenos tesourinhos”, conclui.

Girelli e SAU na passarela

A Fauve não foi a única marca gaúcha a marcar presença na edição N60 da São Paulo Fashion Week. Em comemoração aos 50 anos de história, as joias da Girelli integraram as composições do desfile da SAU, apresentado na sexta-feira, 17.

Reconhecida pelo design autoral e pela alma artesanal, a joalheria de Guaporé brilhou na passarela com a coleção Sagrado Feminino, desenvolvida em parceria inédita com a marca comandada pela estilista Yasmin Nobre, sob direção artística de Claudio Santana.

Backstage do desfile da SAU com joias Girelli na SPFW | Foto: Raquel Cavalli / Divulgação / CP

“Quando entendi o conceito sobre o sagrado feminino, foi como se despertasse algo que já estava dentro de mim. Essa coleção é uma celebração do sentir, do criar e do renascer”, compartilha Cris Girelli, diretora criativa da marca.

Nas passarelas, as joias ganharam movimento e emoção. Delicadas e imponentes, refletiram o mistério, a beleza e a energia da mulher contemporânea, traduzindo com sensibilidade o equilíbrio entre força e delicadeza.

*Sob supervisão de Mauren Xavier