Diário SPFW: confira os destaques do final de semana

Diário SPFW: confira os destaques do final de semana

Ludicidade, brasilidades e inovação: Marina Käfer comenta o final de semana do maior evento de moda da América Latina

Correio do Povo

Dendezeiro, Apartamento 03 e Ateliê Mão de Mãe foram alguns dos destaques do final de semana do São Paulo Fashion Week

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Se encaminhando para o encerramento, o último final de semana foi marcado por inspirações e elementos inéditos nas passarelas do São Paulo Fashion Week. O evento, que termina amanhã (22), teve a sexta, o sábado e o domingo recheados de criatividade e DNA brasileiro nos desfiles.

A consultora de moda Marina Käfer comentou os destaques dos últimos dias, que contaram com desfiles externos, diversidade e muita sofisticação. Confira:

Sexta-feira: diversidade em alta

O destaque da sexta-feira, segundo Marina, é a diversidade de corpos nos desfiles. ‘Az Marias’, coletivo negro e periférico, desfilou no Teatro Oficina e trouxe a pluralidade para o centro da apresentação. Para a especialista, foi um dos pontos altos do dia. “São Paulo Fashion Week inteiro está sem gordo na passarela. Ou o casting é todo preto ou todo branco ou todo magro. Az Marias e a Sau trouxeram diversidades, mulheres mais velhas”, opina.

Além disso, o desfile teve um tom lúdico, já que os convidados receberam fones de ouvido para decidir a trilha sonora da apresentação. Cachaça de jambu e especiarias brasileiras foram oferecidos à plateia, itens que potencializaram o tom de brasilidade da marca. Ao todo, Az Marias apresentou vinte looks da coleção “Florescer” inspirada em elementos da natureza.

A Sau Swin, marca de moda praia, também trouxe a proposta de corpos diversos, com mulheres mais velhas em destaque. Além disso, a inovação se fez presente nesse desfile. “A Sau trouxe inovação quando a gente fala de moda praia. Trouxeram drapeado, conseguiram fazer textura, nervuras, tudo com laicra. Colocaram aplicações, era algo sofisticado”, pontua.

O desfile contou com a introdução na voz de Marcela Ceribelli, publicitária, CEO da Obvious e autora do livro “Aurora: O despertar da mulher exausta”. Além disso, os convidados foram presenteados com itens da Eudora.

O desfile da marca cearense contou com vinte e seis looks da coleção que homenageia a deusa grega Aurora, deusa do amanhecer.

A brasilidade também veio forte no desfile da Ateliê Mão de Mãe. A marca, conhecida pelas influências do crochê, retornou às passarelas com esse tipo de linha presente nas peças. A Ateliê trabalha o handmade (feito com as mãos, do inglês), e nesta coleção o vermelho foi o foco da marca a fim de representar figuras matriarcas das religiões de matriz africana.

"A moda brasileira trazendo realmente a essência brasileira. Chega mais do mesmo das modas internacionais e já vimos essas coisas. As marcas que têm esse DNA, estão trazendo essa brasilidade à toda no desfile.”

A marca mineira Apartamento 03 foi além e materializou o conceito de brasilidade em uma coleção nomeada ‘Grão’, que contou a história do café. “Ele [o estilista Luiz Claudio] fez bordados, utilizou estamparia vindo direto de um café passado, ele colocou cores nisso”, comenta. Marina também destaca a cobra coral presente na apresentação e animal comumente visto nos cafezais do Brasil.

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Com uma proposta imersiva, Apartamento 03 ofereceu aos convidados chocolate e outras especiarias feita de matérias primas 100% brasileiras. Ao todo, foram trinta e cinco looks com elementos de linho branco, estampas abstratas e, claro, cores que lembram o grão do café: verde, vermelho e marrom.

Sábado: inovação e ancestralidade

O sábado (19) foi marcado pela chuva forte em São Paulo, mas isso não impediu grandes estreias nas passarelas, como a de Lucas Leão. O estilista carioca trouxe para o desfile sua marca registrada: a alfaiataria. Segundo Marina, foi uma “alfaiataria de maneira jamais vista”.

“Ele entregou uma alfaiataria de uma maneira impecável, foi algo bizarro. Entregou inovação e acabamento. Todas as peças era impecáveis”. Com a coleção ‘Coração Suburbano’, Lucas trouxe novos elementos ao tecido como paletós recortados e de ombros pontudos.

Ao todo, foram apresentados vinte e oito looks.

De noite, foi a vez de Rafael Caetano. O estilista homenageou o cartunista Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica. A apresentação contou com a passarela coberta por páginas de quadrinhos, além da narração de Maurício no começo do desfile.

Ao todo, foram vinte e quatro looks marcados pela presença da sarja e dos tons que lembram os clássicos personagens da história.

A chuva também não impediu que a The Paradise divertisse menos o público do São Paulo Fashion Week. A marca carioca investiu no mágico e no colorido, sua marca registrada, para o final de semana do evento. Com quarenta looks, que foram desde camisas até jeans, eles trouxeram o tema Disney e animaram o público até o minuto final, com a entrada dos personagens Pato Donald e Margarida na passarela.

As estampas misturavam personagens, paetês e vestidos ultracoloridos. A marca também mostrou a parceria com a Havaianas, através de sandálias coladas em saltos plataforma.

A marca de slow fashion Santa Resistência desacelerou tudo com o tema “Manifesto Ancestral”, falando de raízes e afrofuturismo. A marca da estilista Mônica Sampaio apostou nas cores vermelho e roxo como protagonistas da coleção, feita com opções sustentáveis de linho, crepe e seda de algodão. Com quarenta e um looks, ‘Manifesto Ancestral’ é marcada por vestidos, conjuntos, batas com babados longos e franjas. Em algumas peças, foram recriadas mantos tradicionais das tribos Maasai do Quênia e da Tanzânia.

Comemorando dez anos de marca, a baiana Isa Silva encerrou o sábado em grande estilo. A coleção que leva o nome ‘Celebração’ apresentou roupas sem gênero e em formatos para todos os corpos, sua marca registrada. Além disso, o desfile trouxe referências da prática Ball Room, movimento político e de entretenimento da comunidade LGBTQIAP+, com modelos trans sendo destaque na passarela, inclusive na abertura com a performer Tasha Kaiala.

Cores vibrantes, crochê, estamparia, macacões e jaquetas foram os destaques dos trinta e seis looks.

Domingo: influências nordestinas e reinvenção

Como uma das mais aguardadas pelo público, a Dendezeiro foi destaque no São Paulo Fashion Week com um desfile que apostou no sertão nordestino. A coleção ‘Brasiliano: filhos do sol’, buscou reinventar o olhar para as produções do nordeste, mas também foi ousada: trouxe influências internacionais para a passarela, com um toque da cantora Beyoncé para o desfile através de nuances country, gênero explorado pela vocalista no álbum Cowboy Carter, lançado em março deste ano.

A Dendezeiro também se baseou nas raízes baianas para a coleção com trinta e quatro looks marcados pela presença de acessórios de miçangas, palha e couro, além de estamparias marrons e peças trançadas.

O glamour foi peça central do desfile da pernambucana Walério Araujo. Nos trinta e três looks, os destaques ficaram para os bordados manuais, balonê, mangas bufantes e adereços extravagantes para a cabeça.

Diferente de outras marcas, Walério apostou no maximalismo para a coleção ‘Cabeça Feita’, que inclusive trouxe o luxo e o underground durante a apresentação. Além disso, a etiqueta usou acessórios da marca Gireli, gaúcha de Guaropé.

Depois de dois anos sem desfiles físicos, À La Garçonne fez seu retorno na passarela do São Paulo Fashion Week com um olhar nostálgico para a própria marca. O preto e branco dominou a coleção juntamente com peças em alfaiataria, jaquetas e coletes. A etiqueta, agora somente sob a direção de Fábio, sem Alexandre Herchcovitch, também trouxe vestidos em poá e laços nos looks.

A cearense David Lee, conhecida pelo crochê manual e alfaiataria utilitária trouxe para o SPFW uma experiência sensorial para mostrar as tradições regionais da moda nordestina.

Com uma estética praiana e ao mesmo tempo urbana, a coleção “Leste, Oeste” apresentou vinte e dois looks que mesclavam couro sintético, crochê e alfaiataria com acessórios da marca gaúcha Dois Maridos. Além disso, a coleção também olha para visuais futuristas com o uso de cordas e bolsas com longas franjas.


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