Pacientes de Pelotas recebem visitas especiais que auxiliam na recuperação

Pacientes de Pelotas recebem visitas especiais que auxiliam na recuperação

Todas as quintas-feiras um visitante de quatro patas alegra as tardes das crianças internadas no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel)

Angélica Silveira

A cachorrinha Bwana, de três anos, alegrou a tarde do menino Marcos Eduardo Carvalho, de 11 anos

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Quando uma pessoa é internada em um hospital, tudo o que é possível é feito para que ela possa ser liberada o mais rápido possível e possa ter sua saúde restabelecida. Em alguns casos, a ajuda vem além dos médicos e também em forma de amor, transmitidos por simpáticos cachorrinhos, que realizam visitas esporádicas às casas de saúde.

Um dos locais onde ocorre a chamada Pet Terapia é o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que todas as tardes de quinta-feira recebe a visita de um cachorrinho, previamente treinados, que levam um pouco leveza ao local, transformando o ambiente e contagiando funcionários, pacientes e familiares.

O projeto reiniciou suas atividades neste mês e visa ampliar os benefícios terapêuticos não só no HE, mas também no Centro de Autismo e no Núcleo de Neurodesenvolvimento da universidade e outros locais, onde os sorrisos se multiplicam e a recuperação ganha um toque especial de carinho. A iniciativa, desenvolvida pela Faculdade de Veterinária da UFPel, realiza Intervenções Assistidas por Animais (IAA) em instituições de saúde e educação na região.

Por enquanto, a visita é destinada às crianças internadas no local. A cada semana um dos cachorros que fazem parte do projeto (Bob, Bwana, Banzé e Moa) é levado ao HE, A Coordenadora do programa de residência em saúde animal integrada, Marlete Brum Cleff, confirma que um gato está sendo treinado também para participar das visitas. Ela lembra que antes os pet terapeutas eram animais que ficam sempre no canil, junto ao hospital veterinário da universidade,como todos foram aposentados e adotados, o grupo teve o desafio de retomar a iniciativa sem animais e sem residentes. "Eu pensei que era necessário que os bichinhos tivessem uma família. Como hoje muitas pessoas acabam pagando creche para ele, achamos que era uma oportunidade. Eles são treinados pela manhã e realizam as visitas à tarde", relata. Ela confirma que a ideia é no futuro a universidade ter um banco de animais para escolher o que irá realizar a visita de acordo com o perfil do paciente.

Quando Bwana chegou no HE já mudou o ambiente. "Só por serem empáticos já tem o poder de mudar uma pessoa. Uma criança que tinha dificuldade pegou em um lápis só para pintar um desenho da Bwana. O conforto emocional faz com que as pessoas se esforcem por eles", observa. O encontro com o paciente Marcos Eduardo Krolow Carvalho, de 11 anos, ocorreu na brinquedoteca, que é previamente preparada para as visitas. O menino, internado no HE com problemas de asma já chegou ao local sorrido ao encontrar a nova "amiga". Segundo a mãe do menino, Tainan Correa Krolow a presença do animal tornou a internação mais leve para o filho. "Temos a Maia e a Lulu em casa, a visita da Bwana alegra o dia e ajuda a lembrar das que ficaram em casa", disse o garoto, que deu comida para a cachorrinha.

A pedagoga hospitalar e coordenadora do Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) do HE-UFPel, Adriana Coutinho, ressaltou a relevância da iniciativa: "A terapia com animais contribui para reduzir o estresse, a tristeza e a ansiedade decorrentes da hospitalização. Além disso, estimula a socialização e a integração dos pacientes com a equipe multidisciplinar, seus familiares e outros pacientes". Ela também enfatizou os benefícios da Pet Terapia: "Promove o bem-estar físico, mental, emocional e social dos pacientes", enfatiza.

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A presença dos cães como mediadores terapêuticos contribui para a melhora da qualidade de vida, a redução do estresse e o fortalecimento da inclusão social. Cada atividade é planejada para atender às necessidades específicas de cada criança, garantindo momentos de interação segura e proveitosa.

As residentes do Programa de Residência Multiprofissional da UFPel, Fernanda Hirooka da Silva e a Alessandra Aguiar de Andrade também participam da atividade. ""Começamos a apresentar o projeto e a treinar os animais. Este ano, os bichinhos são de tutores, possuem suas próprias casas e famílias. Esse trabalho é muito positivo para a socialização dos cães, evitando que fiquem restritos ao ambiente doméstico e à mesma rotina. É uma oportunidade para eles interagirem, treinarem, conhecerem pessoas e se sentirem úteis", detalhou Fernanda.

O processo de preparação dos animais abrange o ensino de comandos básicos, a socialização em diferentes ambientes e a dessensibilização a estímulos diversos. A principal característica para a participação dos animais é a sua afinidade e prazer em interagir com pessoas.

Os animais participantes do projeto são selecionados entre aqueles que possuem tutores dispostos a atuar como voluntários. É fundamental que esses animais estejam vacinados, desvermifugados e em boas condições de saúde. O acompanhamento do médico veterinário é importante para monitorar a saúde e o bem-estar dos animais durante as atividades, garantindo que possam interagir com segurança com os participantes do Sistema Único de Saúde (SUS).



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