Tyrell Spencer: ""Cidades Fantamas" se propõe a manter viva a memória das pessoas"

Tyrell Spencer: ""Cidades Fantamas" se propõe a manter viva a memória das pessoas"

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Cineasta Tyrell Spencer foi premiado pelo seu documentário Cineasta Tyrell Spencer foi premiado pelo documentário "Cidades Fantasmas". Foto: Marcos Finotti / Divulgação / CP


Em seu primeiro longa-metragem, "Cidades Fantasmas", o diretor gaúcho Tyrell Spencer venceu o prêmio na categoria de Melhor Longa Brasileiro do "É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários 2017". Este festival está com uma mostra itinerante em Porto Alegre, que ocorre na Cinemateca Capitólio Petrobras (Rua Demétrio Ribeiro, 1085) até o dia 7 de maio. Dentro do programa, "Cidades Fantasmas" ganha exibição nesta sexta-feira e neste sábado (dias 5 e 6 de maio), às 20h. O filme visita lugares que foram prósperos em determinada época, mas depois de problemas, que vão desde tragédias naturais a mudanças econômicas, se tornaram vazios. Aqui uma conversa com o jovem cineasta sobre o seu premiado filme, que teve produção da Casa de Cinema de Porto Alegre.

Correio do Povo: Por que o tema das cidades fantasmas foi o escolhido para o seu filme?
Tyrell Spencer: A ideia de "Cidades Fantasmas" surgiu em uma reunião de criação em minha produtora Galo de Briga Filmes. A ideia de visitar lugares abandonados e reconstruir suas histórias a partir de relatos de seus antigos habitantes nos causou grande impacto e decidimos investir na ideia.

CP: O filme passa por uma cidade brasileira, Fordlândia, e por outras da América do Sul, como Epecuén (Argentina), Humberstone (Chile) e Armero (Colômbia). Como foi a logística para a rodagem?
Tyrell Spencer: 
Fizemos uma pesquisa de campo antes das gravações para pensar em logística e encontrar personagens. Assim conseguimos organizar nosso cronograma de gravação em vários aspectos, com relação a deslocamentos, entrevistas e melhores horários de luz do sol. A ordem de rodagem foi Fordlândia, Humberstone, Armero e Epecuén. Foi cerca de um mês de gravações. A lógica das gravações variaram de acordo das necessidades estéticas, como Fordlândia que foi a primeira para termos o rio Tapajós ainda em tempo de cheia e Epecuén na Argentina mais perto do inverno para termos um clima mais cinza e baixa temperatura.

CP: As cidades abandonadas emanam melancolia e nostalgia. Teu filme tem o objetivo de manter a memória desses locais "esquecidos"?
Tyrell Spencer: O filme se propõe a dar voz a ex-moradores desses lugares que lutam contra o seu próprio esquecimento e por sua dignidade. O filme se propõe a manter viva a memória das pessoas.

CP: A certa altura do filme, na cidade de Fordlândia, entra em cena a questão de casas abandonadas que foram ocupadas por moradores locais. Isso coloca em evidência o paradoxo do abandono versus a falta de moradia e das leis versus a manutenção da memória, visto que os ocupantes argumentam estar conservando as casas. Poderias comentar esta realidade?
Tyrell Spencer: 
Além do longa temos uma série em coprodução do Canal Brasil com oito episódios. Visitamos mais quatro cidades no Brasil além das do filme: Minas do Camaquã (Rio Grande do Sul), Vila do Ventura (Bahia), Ararapira (Paraná) e Cococi (Ceará). Com exceção de Minas do Camaquã, as outras cidades brasileiras têm casas ocupadas.

CP: O que mais te chamou atenção ao longo das entrevistas realizadas com as vítimas desse processos de êxodos?
Tyrell Spencer: 
Essa foi a questão que guiou o filme, que foi a luta pela dignidade dos personagens, que têm o maior interesse em manter viva a memória dos seus lugares, sua identidade.

CP: Teu filme venceu o Festival "É Tudo Verdade" 2017 na categoria de longas e médias brasileiros. Como foi pra ti ganhar este troféu? E quando poderemos ver o filme nos cinemas?
Tyrell Spencer: 
Ganhar o "É tudo Verdade" foi uma experiência incrível, já que é meu primeiro longa-metragem. Mas o que mais marcou foi a aceitação do filme pelo público e pela crítica além de ver filmes muito bons e estar competindo com mestres como Jorge Furtado, Ana Luiza Azevedo e Sandra Werneck. O filme está na itinerância do "É tudo Verdade" na Cinemateca Capitólio com exibição sexta e sábado, às 20h. Depois vai para o circuito comercial em junho.

CP: Qual teu próximo trabalho?
Tyrell Spencer: 
Tenho em andamento um projeto de ficção "A Vida Bruta dos Animais do Céu", com roteiro do Guilherme Soares Zanella. É uma história de um menino que busca conhecer o pai pela primeira vez depois de 11 anos ausência.

Por Adriana Androvandi

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