A grande farsa burlesca do STF

A grande farsa burlesca do STF

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Quando eu vejo uma banana, uma laranja, um pêssego e uma bergamota juntos, eu penso: o que os une? Depois de muita reflexão, concluo:

– São frutas.

Eu sou assim. Uso categorias unificadoras para pensar.

Como acompanho o julgamento do mensalão pelo STF,com suas idas e vindas, debates, confrontos, pegadinhas, firulas, jogadas ensaiadas e dribles, afirmo:

– Cada dia fica mais claro o grande teatro do STF no julgamento do mensalão.

Já foi circo.

Agora é teatro do absurdo.

Os pepistas estão livres da cadeia.

Só corruptores verão o sol nascer quadrado.

Aos poucos, os corrompidos, vendedores de votos, vão sendo salvos.

Leio no jornal com assombro e uma pitada de incredulidade: "O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), alterou nesta segunda-feira seu voto para absolver quatro réus, que foram condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão, pelo crime de formação de quadrilha. Com o entendimento, o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP), o ex-assessor do PP João Cláudio Genu, o empresário Enivaldo Quadrado (ex-sócio da corretora Bônus Banval e que lavou dinheiro para o PP) e o advogado Rogério Tolentino (ligado ao publicitário Marcos Valério) deverão ser absolvidos pelo delito de formação de quadrilha, pois o placar nesse casos ficou empatado em 5 votos a 5. O empate favorece o réu".
Busco a explicação (é uma mania da qual não consigo me livrar). Por que não houve quadrilha? Por que o ministro alterou o seu voto? O que houve?

A resposta é digna do teatro do absurdo de Ionesco: "No caso dos três réus ligados ao PP, Marco Aurélio entendeu que não pode considerar como formação de quadrilha – que por lei, deve ter mais de três pessoas. O então deputado federal pelo PP, José Janene, também envolvido no esquema, morreu no curso do processo, em 2010, por problemas do coração".

O que une onze ministros do STF?

O que os separa das frutas?

Bananas, pêssegos, laranjas e bergamotas têm mais coerência.

A coerência dos ministros só aparece por afinidades ideológicas.

Cada fruta tem o seu sabor.

Cada ministro diz ter o seu saber.

Os sabores são mais pronunciados.

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