Adeus ao bom senso

Adeus ao bom senso

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Parei para refletir.

Fui chamado de esquerdista, radical e petista.

Ontem, eu era chamado de direitista, em cima de muro e reacionário.

Por que sou esquerdista? Porque apoio políticas sociais como bolsa-família.

É o que qualquer país europeu faz.

Por que sou radical?

Por que li na Constituição que impeachment depende de crime de responsabilidade.

Se a Constituição diz isso, o julgamento não pode ser meramente político.

Precisa ser jurídico. Logo, exige uma prova.

Como pode ser político o julgamento de algo que na Constituição depende da prática de um crime dito de responsabilidade, regulado por lei específica, remetendo ao controle da prova?

Por que sou petista?

Porque considero ilegítimo que réus por corrupção julguem a presidente da República.

Por que eu era direitista?

Porque criticava o stalinismo do leste europeu.

Por que eu era em cima de muro?

Porque não correspondia às expectativas da esquerda e da direita.

Por que eu era reacionário?

Porque criticava e critico o marxismo.

Ah, sou idiota também.

Por quê?

Porque considero incorreto matar, num tiroteio, um homem que já se rendeu.

Sou a favor de bandido?

Tal hipótese não passa em teste de grau mínimo de racionalidade.

Sou contra policiais?

Creio que não há resposta para tal simplificação.

Sou burro também.

Com certeza.

Por quê?

Porque considero inadequado comparar comportamento de bandido com procedimentos de agentes do Estado. Bandido tortura, executa pessoas, age perversa e irracionalmente.

O Estado não pode fazer isso.

Qualquer pessoa, vítima de crueldade de bandidos, pode querer vingança.

O Estado só pode e deve dar justiça.

Minha busca por bom senso é tanta que só consigo ser besta.

Uma besta quadradinha.

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