Por que a torcida do Grêmio vaiou o goleiro negro Aranha?

Por que a torcida do Grêmio vaiou o goleiro negro Aranha?

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Quando praticamente um estádio inteiro, majoritariamente branco, vaia um jogador negro, como devemos chamar isso?

Quando parte de uma torcida, impedida de praticar injúria racial, insulta um negro chamando-o de "veado", como rotular isso?

O goleiro Aranha, dos Santos, foi chamado de macaco há pouco de 20 dias na Arena do Grêmio.

Revoltou-se. Registrou queixa contra a atitude racista dos que o ofenderam.

O Grêmio acabou excluído da competição, a Copa do Brasil.

Essa exclusão será julgada em recurso nos próximos dias.

Grêmio e Santos enfrentaram-se novamente ontem.

O goleiro foi estrondosamente vaiado. Por quê?

Por ter denunciado uma prática abjeta rotineira?

Não deveria ter sido aplaudido?

Vaiá-lo não significa fazê-lo passar de vítima a vilão? Não significa dizer que ele errou?

Não significa relativizar o que aconteceu com um bordão do tipo "fala sério, Aranha"?

A vaia da grande maioria da torcida presente na Arenas é agravante. Uma forma astuciosa de desculpar os agressores.

Aranha percebeu e, em entrevista, botou os pingos nos is.

Estamos muito longe ainda de aprender a lição.

Aranha é o nosso Martin Luther King.

Ou nossa Rosa Parks,  a americana que se recusou a ceder o lugar no ônibus de Montgomery para uma branca e desencandeou a revolta, lidera por Martin Luther Ling, que acabou com essa discriminação e fomentou a luta contra o racismo nos EUA.

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