Precisamos falar sobre o racismo na literatura

Precisamos falar sobre o racismo na literatura

Luiz Gonzaga Lopes

Mesa discutiu o racismo e a cor na literatura brasileira com Taiasmin Ohnmacht, Ronald Augusto e Paulo Scott

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A experiência do primeiro final de semana do 1º Festival Internacional Literário de Gramado fez com que todos presentes pudessem se dar conta de quão necessário é abrir cada vez mais espaços para falar de diversidade aliada ao fazer literário. Uma das principais mesas do sábado, dia 3 de setembro, reuniu a psicanalista e escritora Taiasmin Ohnmacht e o escritor e professor Paulo Scott, com a mediação do poeta e ensaísta Ronald Augusto. O tema foi “A Importância de Falar da Cor e do Racismo na Literatura Brasileira”. 

Uma das principais discussões foi proposta pelo mediador: a de que todos os dias ao acordar o escritor ou o leitor branco poderia pensar na cor e no racismo na literatura brasileira. “O escritor branco poderia escrever sobre o tema a partir do ponto de vista da branquitude, do privilégio, deixando o lugar de fala aos escritores, intelectuais e pensadores negros”, ressaltou Ronald. Paulo Scott foi mais adiante e exaltou a potência e a ética dos povos originários, indígenas. “A inteligência indígena teria uma potência de solução para o Brasil. A ética e as práticas dos indígenas seriam a salvação para o país”, lembrou Scott, que tem ascendência indígena.

Taiasmin foi uma das primeiras a dar voz ao verbo alertar de forma transitiva direta. “Na minha bolha, se fala tanto que há democracia racial, mas para escamotear que a gente tem um conflito racial. Isto é tão sério que destina a parte preta da população à morte. Os brancos passam por isso isentos, como se não tivessem a ver com isso. É fundamental que os brancos se impliquem nisso, porque se parte da população morre e não há nenhuma comoção, é porque há uma autorização para que assim seja”. Nesta reflexão, a psicanalista foi direto ao ponto nevrálgico das questões ligadas ao negro na vida e por conseguinte com a ação da literatura para conscientizar, alertar, denunciar, expor, lutar e todos os outros verbos de resistência e virada de chave.
O 1º FiliGram está sendo realizado até este domingo, dia 11 de setembro, no Lago Joaquina Rita Bier, em Gramado, com mais de 100 autores e mais de 150 atividades presenciais gratuitas. 


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