Taline Oppitz

Eleições 2026: Leite reúne aliados com discurso readequado; veja bastidores

Encontrou contou dirigentes e líderes de bancadas; governador foi claro ao pedir a unidade de sua base aliadas nas disputas do ano que vem

Leite admitiu a possibilidade de concorrer ao Senado
Leite admitiu a possibilidade de concorrer ao Senado Foto : Mauricio Tonetto / Secom / CP

Diante da sucessão de articulações de partidos da base, inclusive com a oposição, visando as eleições de 2026, o governador Eduardo Leite (PSD) decidiu entrar em campo pessoalmente e de forma institucional. Na noite de quarta-feira, Leite reuniu, no Piratini, dirigentes e líderes das bancadas dos partidos aliados para uma conversa franca. Foi a primeira de uma série de reuniões que se tornarão periódicas.

No encontro, que durou mais de duas horas, Leite colocou em prática um discurso remodelado que já surtiu efeito entre aliados: o de que o nome para encabeçar a chapa que representará o projeto que está em curso no Estado, desde a gestão Sartori, passando por seus dois governos, deve ser definido mais adiante e considerando, entre outros elementos, resultados de pesquisas. Quantitativas e qualitativas.

Não tem cartas marcadas”, disse o governador aos presentes. Leite vinha afirmando que o vice Gabriel Souza (MDB) era seu sucessor natural e que o apoiaria na eleição. O movimento não significa que ele mudou de opinião, apenas que se impôs a necessidade de readequação da manifestação. Gabriel estava cumprindo agenda em São Paulo e não participou da reunião, o que foi estrategicamente benéfico.

Leite foi claro ao pedir que a parceria de anos seja priorizada e que as articulações ocorram preferencialmente entre partidos que integram o grupo. Ou seja, a base. Neste ponto, o movimento visa complicar aproximações com partidos como o PL, que lançou a pré-candidatura de Luciano Zucco, e que assedia o PP. Há também tentativas de aproximação do PT com o PDT, que confirmou Juliana Brizola. Neste caso, no entanto, as chances de aliança são mais remotas, diante da dificuldade histórica do PT de abrir mão da cabeça de chapa.

O governador abordou ainda seus planos, ou o sonho, de se viabilizar como candidato ao Planalto. Ponderou, porém, que se não for possível, está disposto a disputar uma das duas vagas ao Senado. A não ser que os aliados entendam que é melhor ele exercer seu mandato no Piratini até o último dia do mandato.

Próximo encontro será com grupo reduzido

A próxima reunião de Leite terá um foco mais seleto. Serão chamados dirigentes e líderes do MDB, PP e PDT. Os três partidos contam com pré-candidaturas confirmadas.

Apartes

  • Presidente estadual do PP, Covatti Filho afirmou que dirigentes e líderes aliados parabenizaram o governador pela reunião para tratar das eleições. “Como um dos presentes disse após o encontro, agora é bola no centro. A pré-candidatura do Gabriel é legítima, mas o foco que vinha sendo dado começou a afastar aliados, que passaram a buscar outras alternativas”, disse, em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba.
  • Para o presidente estadual do MDB, Vilmar Zanchin, é natural que Gabriel Souza seja considerado o “herdeiro” de Leite, por ser um vice leal, eficiente e pelo apoio do MDB ao projeto e ao governador. Ele defendeu, porém, que um nome não pode estar acima do projeto. “Ingressamos em uma fase de união dos partidos que integram a base”, afirmou.
  • No comando do PDT gaúcho, Romildo Bolzan disse que a reunião foi boa, que o cenário está aberto e que ocorrerá “uma avaliação geral (sobre o melhor nome) mais adiante”.