Falas de Leite sobre Corsan ampliam tensão e geram reação

A decisão monocrática e inédita do presidente do Tribunal de Contas do Estado, Alexandre Postal, que viabilizou a assinatura do contrato de venda da Corsan pelo governo, como esperado, foi referendada pela maioria dos integrantes do pleno da Corte. No início da sessão, Postal defendeu sua posição, mas como ele não tem direito a voto, o placar ficou em quatro a dois a favor de sua manifestação.

A sessão de julgamento foi marcada por diversos momentos de tensão, especialmente após o governador Eduardo Leite (PSDB) comentar o episódio durante a inspeção de obras no Instituto de Educação. Sem citar nominalmente os participantes do julgamento, mas deixando mais do que claros os destinos de sua fala, o governador afirmou: “nem a conselheira (Ana Cristina Moraes), nem o conselheiro (Estilac Xavier), que disse já acompanhar o voto, e o próprio procurador-geral do Ministério Público de Contas (Geraldo da Camino) vivem em regiões como a população da periferia, submetida a indignidade de ver esgoto correndo sem tratamento na frente de suas casas”. E foi além. “Talvez por isso estejam procurando pelo em ovo”.

A fala do tucano repercutiu durante a sessão do pleno, que estava transcorrendo, e levou à exaltação dos ânimos. Em certo momento, durante as falas dos conselheiros Estilac Xavier e Iradir Pietroski, um desavisado poderia pensar que ambos haviam voltado à tribuna da Assembleia Legislativa, onde cumpriram mandatos antes do ingresso no Tribunal de Contas.

Nos bastidores, a avaliação foi a de que o governador passou dos limites em seus comentários, inclusive por ter dito acreditar que o resultado contemplaria o Executivo, colocando em xeque a posição dos conselheiros, que ainda não haviam proferido seus votos integralmente.

Sem comentários

Em meio a manifestações exaltadas, deflagradas pelas afirmações do governador, o procurador-geral do MPC, Geraldo da Camino, pediu a fala para elogiar o caráter técnico do voto de Ana Moraes, relatora do caso Corsan. Da Camino afirmou ainda que não iria comentar as falas de Leite pois respeita a liturgia do cargo e, por isso, mede bem suas palavras. Quem conhece a atuação de Da Camino sabe que ele é, de fato, discreto e fala nos autos, mas seu desconforto ficou evidente.