Vandalismos levam à união, que pode ser duradoura ou fugaz
Ao contrário do esperado, atentados em Brasília unificaram esforços em prol da democracia e fortaleceram nova gestão federal
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Os desdobramentos nos campos político, jurídico, criminal e administrativo após os atos de vandalismo e criminosos deste domingo em Brasília, que rodaram o mundo, seguem ocorrendo e não têm data para acabar. Nesta terça-feira, o Ministério Público Federal pediu que o Tribunal de Contas da União bloqueie os bens do ex-presidente Jair Bolsonaro, do governador afastado do Distrito Federal Ibaneis Rocha e do ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres. Alexandre de Moraes, por sua vez, determinou a prisão do ex-comandante da Polícia Militar do DF Fábio Augusto Vieira, que já ocorreu, e de Torres.
No campo político, após manifestações públicas, na última segunda-feira, em diversos estados, defendendo a democracia e dizendo não à anistia, representantes dos poderes atacados, que passaram os últimos dois dias em sucessivas reuniões, também articulam mais uma resposta institucional ao episódio. A ideia é a de que o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal realizem, provavelmente nesta quarta-feira, ato em resposta às invasões. Aliás, a votação na Câmara dos Deputados e no Senado, em convocação extraordinária horas após os ataques, do decreto de intervenção na segurança pública do Distrito Federal, assinado pelo presidente Lula ainda no domingo, representou movimento simbólico e um recado claro de que as instituições não serão paralisadas.
Após a primeira semana de governo marcada por declarações desastradas de ministros, que levaram a crises desnecessárias, o presidente Lula acabou reforçado pelos atos de vandalismo do domingo, que se tornaram a pauta principal, deixando todo o resto em segundo plano, inclusive o caso da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e suas relações com milicianos. A unidade em torno da defesa da democracia foi o resultado dos crimes praticados no domingo. Como Lula irá se movimentar a partir de agora, especialmente em relação às promessas de campanha e pautas de interesse para o país, é o que irá estabelecer o prazo de duração desta união, que pode ser duradoura ou fugaz.
