Ano letivo no Rio Grande do Sul será marcado pela reconstrução
Após a tragédia climática de 2024 ter atingido mais de 600 escolas estaduais, a maioria voltou a funcionar
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O cheiro da tinta fresca é perceptível já no portão de entrada. Brancas e azuis, as paredes recém-recuperadas darão as boas-vindas aos mais de 700 estudantes da Escola Estadual Cristóvão Colombo, no bairro Sarandi, em Porto Alegre.
O ambiente escolar, neste início de ano letivo, está mais acolhedor. Corredores, salas de aula, saguão principal e uma simpática pracinha estão coloridos, limpos e funcionais. Nem parece que há nove meses foi tudo destruído pela água.
“Deu 1,90 metro de água. Quando baixou para 1,78 metro, voltamos para ver o que dava para salvar. Foi quando a nossa mobilização pela escola e pela comunidade começou”, contou o diretor Jeferson Pereira. Portas, piso, cadeiras e mobiliários foram danificados pela enchente de maio passado, porém, dois meses depois, as aulas foram retomadas. De início, com um número menor de salas disponíveis.
“Em nenhum momento, a nossa escola deixou de ser referência para a comunidade. Tínhamos que ser ágeis em reabrir, até mesmo porque tínhamos que acolher nossos alunos e famílias que sofreram com a inundação”, recorda o diretor.
A reconstrução começou assim que a água baixou. Primeiro, a limpeza; depois, a reorganização. A cada espaço devolvido aos estudantes, a força para continuar era intensificada. “
Temos muito a fazer, estamos sempre buscando parcerias e usamos os recursos encaminhados pelo governo do Estado para tornar nosso ambiente escolar cada vez mais acolhedor e adaptado às demandas dos professores e dos alunos. E comemoramos cada passo, pois tivemos 100% da nossa estrutura inundada, mas estamos a pleno, com todas as 17 salas de aula e todas as áreas administrativas funcionais”, celebra Pereira.
Resiliência é fio condutor
A resiliência mostrada pela Cristóvão Colombo também está presente nas mais de 600 escolas estaduais danificadas nos fenômenos climáticos. Embora o número expressivo, apenas 10 ainda necessitam de obras estruturais que impedem sua utilização.
“Reformas de diferentes portes seguem ocorrendo, mas somente 10 estão operando fora dos locais de origem. E estes estudantes não deixaram de ser atendidos, as aulas ocorrem próximas das comunidades e 100% presencial”, garante a secretária da Educação do RS, Raquel Teixeira.
Ela diz que a questão estrutural destas unidades será resolvida até o fim deste ano. “São vários os desafios de infraestrutura, mas, apesar deste contingente grande, diante do que vivemos no ano passado, resta um número pequeno. Estas 10 escolas estão aos cuidados da Secretaria de Obras Públicas, já com projetos encaminhados de acordo com as demandas”, detalha.
A Seduc informa que foram investidos R$ 180 milhões oriundos do Agiliza Educação para reformas pontuais em escolas nesta volta às aulas. Além das questões estruturais, Raquel destaca que o início deste ano letivo conta com cerca de 39 mil professores em sala de aula e outros 45 mil em atividades técnicas e pedagógicas.
“Temos uma rede com 2.342 escolas em 497 municípios, 720 mil alunos e mais de 80 mil educadores. São números maiores do que qualquer empresa privada.”
A secretária pontua investimentos em salas de recursos e equipamentos para apoio educacional. Cita a criação de 237 laboratórios de ciências, instalação de televisores smart conectados à internet, 3,6 mil desktops e a aquisição de mais 60 mil Chromebooks, laptops pequenos e ágeis empregados nas atividades em sala de aula.
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