Manejo pode viabilizar o leite

Manejo pode viabilizar o leite

Emater desenvolve técnicas de uso das pastagens para reduzir custos e dar margem financeira às propriedades

Por
Carolina Pastl*

No meio rural gaúcho é cada vez mais comum conhecer famílias que trocaram a atividade leiteira por outra fonte de renda. De acordo com o agrônomo e extensionista da Emater/RS-Ascar, Leandro Ebert, há diversos motivos para este cenário. A relação insustentável entre o valor recebido pelo leite e o custo pago pelos insumos é talvez a principal delas porque dificulta que pequenas propriedades adquiram tecnologias capazes de aumentar a produtividade de seus rebanhos.

Em Serafina Corrêa, a necessidade de enfrentar esta situação gerou o projeto Elite a Pasto, criado pela Emater/RS-Ascar com a intenção de desenvolver manejos viáveis para pequenas e médias propriedades por meio de uma assistência técnica contínua voltada à adequação do uso da pastagem. Para tanto, as propriedades rurais deverão adotar diferentes técnicas, como o ajuste de horário de pastejo, que deve ocorrer ao nascer ou ao pôr-do-sol, quando a temperatura é mais amena; a manutenção de uma certa altura das pastagens, de acordo com cada espécie; o planejamento forrageiro; e o balanceamento da alimentação, aliando o pasto, que é rico em proteína, à silagem, que é fonte de carboidratos, e à ração, que varia seu teor de nutrientes.

“Queremos mudar essa ideia de que o uso de pasto na alimentação está ultrapassado, porque não está. Ele, inclusive, possui nutrientes de alta qualidade, além de ser um alimento muito mais barato, ainda mais no Rio Grande do Sul, que é um Estado propício para produção de gramíneas nos 12 meses do ano”, argumenta Ebert.

Quando o projeto estiver consolidado, a estimativa é de que os custos diminuam e a produção aumente. O produtor de leite Rosimar Dal Mas, que está participando do Elite a Pasto, já tem resultados positivos de uma experiência semelhante para contar. Ele vinha sendo assistido pela Emater/RS-Ascar por meio do GT Leite, outra iniciativa que visa orientar a atividade leiteira a partir de um aplicativo. “Nós dobramos a produção só com a melhor utilização da nossa pastagem e, assim, reduzimos muito os custos de insumos”, avalia Dal Mas, que, junto com sua esposa e duas filhas, mantém 12 vacas em lactação, que, no total, produzem 270 litros por dia. “Se não fosse pelos extensionistas, já teríamos largado a atividade”, reconhece.

Resfriador de leite da família Dal Mas cheio devido ao crescimento de produtividade. | Foto: Arquivo Pessoal de Rosimar Dal Mas

Em ação

O projeto Elite a Pasto foi divulgado no início deste ano em todo o município de Serafina Correa e as primeiras 12 famílias inscritas foram selecionadas. Depois, os extensionistas entrevistaram os interessados, respeitando os protocolos sanitários em razão da Covid-19, para entender a realidade de cada um deles. “A ideia é criar um trabalho que esteja de acordo com a realidade de cada propriedade, considerando que cada uma pode ter dificuldades diferentes”, explica a extensionista social Sandra Elisa Manteze.

Nas próximas semanas, os técnicos devem se reunir com as famílias para pensar em conjunto uma metodologia, a ser colocada em prática por 12 meses, que podem ser renovados. O acompanhamento individual de cada família em relação ao planejamento e manejo de pastagens, no entanto, já começou.

* Sob supervisão de Elder Ogliari

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895