Novo método deve aumentar prenhez de ovelhas

Novo método deve aumentar prenhez de ovelhas

Pesquisado pela Universidade Federal de Pelotas em conjunto com o Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Ovinocultura procedimento mais fácil e econômico promete elevar o índice de gestações em pelo menos 10%

Por
Lucas Keske*

Um dos problemas enfrentados pelo ovinocultor para melhorar a rentabilidade de sua criação é o índice de natalidade das ovelhas, os quais podem ser melhorados com o incremento de gestações gemelares. O assunto é tão sério que é tema de pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), por meio do estudo intitulado “Efeito da dupla inseminação artificial em tempo fixo em ovelhas”. Em parceria com o Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Ovinocultura (Ceovinos), da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), o estudo integra um conjunto de pesquisas que visam melhorar os resultados das aplicações de biotécnicas reprodutivas, coordenado pelo professor Bernardo Gasparin, da UFPel. A expectativa dos pesquisadores ao implantar o método é que consigam aumentar em 10% os índices de prenhez, na técnica de IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo), que hoje está na casa dos 45%. 

O mestrando em Medicina Veterinária que conduz a pesquisa na universidade pelotense, Gabriel Maggi, explica que com maior prenhez o produtor aumenta sua produção de cordeiros e pode responder a um mercado com demanda alta. Maggi ressalta que com a técnica que está sendo estudada é possível planejar os nascimentos do rebanho, tendo a quantidade de cordeiros que a propriedade necessita para a comercialização na época em que lhe for mais conveniente. “O produtor pode programar a produção de pastagens e outras formas de alimentação para as ovelhas e os cordeiros”, exemplifica, pontuando que a concentração de nascimentos permite também melhor atendimento dos animais e melhora genética. 

Mesmo que a inseminação tenha grandes vantagens, as técnicas ainda são pouco usadas pelos ovinocultores gaúchos, principalmente pelo alto custo e necessidade de mão de obra, pontos que a pesquisa busca atenuar. De acordo com o veterinário do Ceovinos Gabriel Fiori, trata-se de um procedimento em etapas. A primeira ocorre no início da estação reprodutiva das ovelhas, quando a equipe utiliza dispositivos intravaginais impregnados com progesterona, seguido de tratamentos hormonais. Depois, são feitas duas inseminações "pré-cervicais" (posicionamento do sêmen antes do cérvix do animal), com intervalos de horário determinados. Variar o momento das inseminações  busca garantir o encontro do óvulo com os espermatozóides, mesmo se houver oscilação no momento de ovulação das fêmeas. 

De mais fácil aplicação e maior eficiência do que os métodos de inseminação hoje adotados, procedimento estudado no Rio Grande do Sul pode ter maior adesão dos ovinocultores | Foto: Elder Joel Coelho Lopes / Ceovinos / Divulgação / CP.

Segundo Fiori, o procedimento é mais simples que outros utilizados atualmente, como a "inseminação intrauterina” por laparoscopia, que implica na realização de uma microcirurgia com sedação do animal. Em propriedades com profissionais já treinados para a inseminação pré-cervical, o método em estudo é de fácil manejo.

Até o momento, cerca de 300 ovelhas participaram da pesquisa em diferentes propriedades parceiras no Rio Grande do Sul. As fêmeas são manejadas dentro do experimento por cinco vezes, num período que se estende durante 40 dias. De acordo com os pesquisadores, as vantagens econômicas da nova técnica e de ganho genético, devem impulsionar o produtor gaúcho a buscar esse tipo de inseminação para produzir mais carne e lã, com grande demanda no mercado.

*Sob supervisão de
Nereida Vergara

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895