Produtor de lã busca alternativas de mercado

Produtor de lã busca alternativas de mercado

Ovinocultores gaúchos se unem a entidades, universidades e ao governo do Estado para estimular a atividade no campo, agregar valor à produção laneira e desenvolver a cadeia produtiva em um Arranjo Produtivo Local (APL)

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Correio do Povo

Nestor Maria Rivas é um esquilador doble chapa, termo costumeiro da Campanha para denominar as pessoas com dupla nacionalidade. Uruguaio naturalizado brasileiro, ele vive com a família em Quaraí-Artigas. Formado pela escola uruguaia de esquila, tem mais de 30 anos de experiência na atividade. É especialista no método australiano Tally-Hi, que garante o bem-estar animal proporciona melhor aproveitamento da  e é quatro vezes mais rápido que o tradicional, no qual o animal é amarrado e pode acabar ferido.

Há anos, Rivas percorre fazendas do Rio Grande do Sul afora para tosquiar rebanhos. Mas também é requisitado para temporadas de trabalho na Europa. Não por acaso, há 50 dias está na Espanha, trabalhando e treinando. Porém, as malas estão prontas para ir a Edimburgo, na Escócia, onde participará do Golden Shears World Championships 2023. O certame reune mais de 300 esquiladores de 30 países dentro da Royal Highland Show, maior evento agropecuário da Escócia. 

“Como o Uruguai tem muitos esquiladores bons, decidi representar o Brasil e espero que, logo ali na frente, no próximo mundial, o Brasil tenha outro participante que não seja eu”, conta Nestor, que busca doações para custear passagens aéreas, equipamentos e despesas. “Em 2019, fui à França e gastei R$ 7 mil, sem pedir ajuda de ninguém, mas, agora, necessito de ajuda, porque R$ 15 mil para um esquilador não é fácil”, lamenta. 

O profissional é apenas um dos que lutam como podem para permanecer na lida da esquila no Rio Grande do Sul. Apesar de o Estado ser o maior produtor de lã do Brasil, com cerca de 8,6 mil toneladas por ano, os ovinocultores gaúchos vivem uma das piores crises de sua história. E buscam nas parcerias, no estímulo à atividade e na união de esforços alternativas para agregar valor à lã, capacitar produtores e desenvolver a cadeia produtiva.

É nesse intuito que a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) promove o 2º Simpósio Gaúcho de Ovinocultura: o mercado da lã no RS e a 1ª Mostra de Produtos em Lã Ovina. Previstos para ocorrer nos dias 29 e 30 de junho, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o evento promete reunir criadores, esquiladores, cooperativas/barracas que comercializam a lã, indústrias, artesãos e designers, além de instituições de pesquisa e assistência técnica e extensão rural.
Conforme a analistaagropecuária e florestal e membro da secretaria executiva do Fundo de Desenvolvimento da Ovinocultura do RS (Fundovinos), Sabrina Vaz, o objetivo é obter informações para o desenvolvimento do setor, para agregar valor e gerar novos produtos.

Já na Campanha, o setor se organiza para começar um Arranjo Produtivo Local (APL). O tema reuniu 50 ovinocultores no evento Pampa em Evolução - Conhecimento, Negócios e Sustentabilidade, realizado em Dom Pedrito na última semana. Segundo a professora Elisabeth Cristina Drumm, coordenadora do Projeto APL da lã, Urcamp/Fapergs, o objetivo foi sensibilizar o grupo para que, na sequência, com os outros seis municípios do Corede Campanha, seja formado o APL.

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