É preciso estar pelo menos na faixa dos 40 anos para acreditar e não ficar somente no imaginário como era o Brasil na largada dos anos 1990. Para se ter uma ideia da época, os torcedores que foram ao Olímpico assistir à final da primeira Supercopa do Brasil tiveram dificuldades em adquirir ingressos. Não por alta demanda ou coisa do tipo, mas por falta de dinheiro. E não pelo valor caro da entrada, mas por falta da espécie mesmo.
O clube inclusive avisou na ocasião que aceitaria cheques para facilitar a vida dos gremistas. Logo no começo do governo de Fernando Collor, o presidente decretou um feriado bancário, dias antes de confiscar o dinheiro da poupança das pessoas.
Antes de a bola rolar, o estádio ficou às escuras. Queimara um fusível da rede elétrica, o que atrasou em mais de 30 minutos o apito inicial. De quebra, os técnicos da CEEE enfrentaram um forte engarrafamento até chegarem para reparar o estrago.
Em campo, o duelo reunia os dois campeões do ano anterior. O primeiro vencedor da Copa do Brasil, o Grêmio, jogava contra o dono do título do Brasileirão, o Vasco. Os cariocas tinham quase a metade do time na Seleção Brasileira e ainda contavam com Roberto Dinamite, até hoje o maior goleador do Campeonato Brasileiro. Do outro lado, o Tricolor teve o técnico Poletto na partida de ida, mas demitido após duas derrotas para Olimpia e Cerro na Libertadores. Em seu lugar, assumiu Evaristo de Macedo.
O título tricolor foi conquistado depois de dois jogos que valeram também pela Libertadores da América, uma vez que a CBF não encontrou outras datas para a disputa. Em Porto Alegre, 2 a 0 para os gaúchos, gols de Nilson e Darci. No Rio de Janeiro, empate sem gols e título para o Grêmio.
No gramado de São Januário, no entanto, nada de taça. Nem ninguém da CBF, nada estranho para tempos em que administração não era o forte dos políticos brasileiros. Por isso, agora 35 anos depois a entidade fará uma solenidade de entrega do troféu ao Grêmio.
"É o reconhecimento que talvez só o Grêmio tenha dado na época para a Copa do Brasil. Para nós é muito gratificante. O Vasco era uma seleção", diz o zagueiro Luís Eduardo, que garante presença nesta quarta-feira na Arena, em evento promovido pelo clube: "Essa eu não posso faltar!"