As debêntures do Inter: perguntas e respostas sobre o projeto agita os bastidores do Inter
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As debêntures do Inter: perguntas e respostas sobre o projeto agita os bastidores do Inter

Clube quer buscar R$ 200 milhões junto à investidores para pagar dívidas mais caras, mas precisa oferecer o Beira-Rio como garantia

Fabrício Falkowski

Se passar pelo Conselho Deliberativo, projeto prevê que Beira-Rio passará por uma alienação fiduciária

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Na próxima segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Inter se reúne para votar se aprova ou não o projeto do clube de lançar um plano de debêntures. A ideia é captar R$ 200 milhões de reais, junto a investidores, para pagar outras dívidas, principalmente bancárias.

O problema é que o tema está gerando intenso debate. E o motivo é apenas um: o clube terá que entregar o Beira-Rio como garantia da operação. O estádio, assim que o negócio for feito, passará para o nome de terceiros e só voltará para o Inter quando os 200 milhões forem quitados, em cinco anos.

Mas o que são debêntures?

As debêntures funcionam como um empréstimo normal, mas ao invés de buscar o dinheiro em bancos, o clube vai atrás de investidores. A ideia é pegar 200 milhões para pagar dívidas com juros maiores. Hoje, o Inter deve quase essa mesma quantia a bancos com juros de aproximadamente 25% ao ano. É muito. A ideia é reduzir esse juro para menos de 20% (que também é muito!). Como pagará menos em juros, em tese, sobrará mais dinheiro para outras coisas, inclusive para investir no futebol.

Como o Beira-Rio entra no negócio?

O Beira-Rio passará por uma alienação fiduciária. Se o projeto for aprovado, o estádio passará para o nome dos investidores até que a dívida seja completamente paga. Ou seja, do ponto de vista jurídico, ele deixa de ser uma propriedade do Inter, mas o clube mantém o seu uso e posse. Porém, antes de chegar ao Beira-Rio, os credores têm outras três camadas de garantia: receitas sociais, bilheteria e um fundo de reserva. Ou seja, o clube corre o risco de perder o Beira-Rio somente se os credores não encontrarem dinheiro nessas outras três fontes.

Como o Inter pagará os R$ 200 milhões?

O pagamento será feito em cinco anos, mas no primeiro ano o clube só pagará os juros. A partir do 13º mês, pagará, além dos juros, o valor principal dividido em 48 parcelas. Os dirigentes estimam que o desembolso mensal será de cerca de R$ 5 milhões.

Por que há tanto debate?

O debate existe porque, em primeiro lugar, o Beira-Rio, apesar das proteções das outras três camadas, servirá como garantia do negócio. E na alienação fiduciária, ao contrário de outros artifícios jurídicos, o bem já fica em nome do investidor. Se o devedor não pagar, o investidor fica com o bem. É evidente que há aqui também um efeito simbólico e psicológico, pois o Beira-Rio é um dos grandes motivos de orgulho da torcida.

Além disso, essa gestão já acessou “dinheiro novo” e, mesmo assim, não conseguiu reduzir a dívida. Em 2023, por exemplo, o clube recebeu R$ 109 milhões da Liga Forte União e, apesar disso, viu sua dívida crescer. Portanto, o plano das debêntures pode ajudar a enfrentar o endividamento, pois troca uma dívida caríssima (com juros mais altos) por outra menos cara (juros menores), mas outras medidas, de redução de despesas e aumento de receitas, são fundamentais para, de fato, conseguir diminuir o nível de endividamento do clube.

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