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Tampões de ouvido e analgésicos: como é o barulho ensurdecedor dos estádios turcos

Fenerbahçe afirma ter chegado a 154.9 dB na comemoração de um gol em agosto, um nível superior ao de um avião em decolagem

Ambiente hostil dos torcedores do Galatasaray é uma tradição
Ambiente hostil dos torcedores do Galatasaray é uma tradição Foto : OZAN KOSE / AFP

O técnico do Bodo/Glimt, Kjetil Knutsen, admitiu ter sentido "uma enorme dor de cabeça" durante a derrota de sua equipe por 3 a 1 para o Galatasaray na última quarta-feira (22), pela Liga dos Campeões. O treinador norueguês tentou se proteger do barulho ensurdecedor das arquibancadas turcas usando tampões de ouvido, mas teve que desistir.

"O barulho era forte demais, então acabei tirando [os tampões]", explicou Knutsen ao final de um jogo disputado na atmosfera conhecida como "o inferno de Istambul", famosa por intimidar os adversários.

Nível de ruído insuportável

O ambiente hostil dos torcedores do Galatasaray é uma tradição. Um jornalista norueguês presente na tribuna de imprensa mediu o ruído em seu telefone: o ponteiro atingiu 108.5 decibéis (dB), um nível quase tão doloroso quanto um grito no ouvido (110 dB), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Já estive em muitos estádios, mas este é claramente o mais barulhento", disse Joerund Wessel Carlsen, jornalista da emissora NRK. Um colega de transmissão, Carl-Erik Trop, inclusive precisou tomar analgésicos devido à dor de cabeça após 90 minutos de vaias "insuportáveis". O próprio Galatasaray ironizou a situação em suas redes sociais, pedindo aos futuros visitantes que tragam protetores auriculares.

O jornalista esportivo Alp Ulagay explica que "na Turquia, sempre querem irritar o adversário e o árbitro", sendo que a tradição das vaias fortes se popularizou com a construção dos novos e mais cobertos estádios no início do século, que potencializam o impacto acústico.

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Vítimas do barulho

O "inferno de Istambul" já afetou outras grandes equipes. O Liverpool foi derrotado no final de setembro pelo Galatasaray por 1 a 0, e o jornalista britânico Lewis Steele comentou que era "o ambiente mais hostil que eu me lembro".

Um caso notório ocorreu em setembro de 2017, quando o atacante alemão Timo Werner, do RB Leipzig, pediu para ser substituído aos 32 minutos de um jogo contra o Besiktas, alegando estar atordoado devido ao barulho ensurdecedor.

Os torcedores dos três grandes clubes de Istambul frequentemente alegam ter atingido recordes de decibéis. O Fenerbahçe, por exemplo, afirma ter chegado a 154.9 dB na comemoração de um gol em agosto, um nível superior ao de um avião em decolagem.