Cidades

85% das cidades ainda não têm plano de adaptação a mudanças climáticas

Para COP30, 144 países já apresentaram os planos de adaptação

Porto Alegre, que sofreu enchente histórica em 2024, não figura nem entre as capitais mais nem menos adaptadas
Porto Alegre, que sofreu enchente histórica em 2024, não figura nem entre as capitais mais nem menos adaptadas Foto : Ricardo Giusti / CP Memória

A COP30, que esse ano acontece em Belém do Pará, está se aproximando e as discussões sobre o clima aumentam. Para a conferência, 144 países já apresentaram para a ONU os planos de adaptação às mudanças climáticas, mas esse trabalho também precisa ser discutido localmente, nas diferentes regiões e municípios.

No Brasil, mais de 85% das cidades não têm plano de adaptação para as mudanças do clima, ou seja, não tem boa capacidade institucional e leis para tentarem se adaptar aos impactos das mudanças climáticas. Em geral, são as cidades mais ricas, acima de meio milhão de habitantes, que formularam as políticas públicas sobre o tema. A partir de dados do IBGE de 2021, foi calculado o índice geral de adaptação urbana. Os pesquisadores avaliaram 25 indicadores sobre habitação, mobilidade, produção de alimentos, gestão ambiental e de riscos climáticos.

De acordo com o climatologista Roger Torres, da Universidade Federal de Itajubá, de Minas Gerais, não foi encontrada uma diferença clara entre as cinco regiões do país. Entre as capitais, a capacidade de adaptação variou bastante. Curitiba, Brasília e São Paulo são as mais capacitadas. Já entre as menos capacitadas estão Recife, Boa Vista e Aracaju.

Ter uma nota alta nesse índice não significa que o município esteja bem adaptado, apenas que ele dispõe de dados, equipamentos e leis para gestão de riscos ambientais e climáticos. Segundo os pesquisadores, ainda precisa haver uma forma confiável de medir se os recursos são aplicados com eficácia, checando, por exemplo, o uso das verbas para combater os efeitos das mudanças climáticas e desastres.

A situação é menos animadora quando se leva em conta os indicadores sobre políticas específicas para a gestão dos riscos climáticos: a existência de defesa civil própria, lei de uso e ocupação do solo para prevenção de enchentes e deslizamentos, ou plano para identificar riscos geológicos e físicos. O estudo foi divulgado na Revista de Pesquisa FAPESP deste mês.

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