Bancos de areia do Guaíba têm futuro incerto

Bancos de areia do Guaíba têm futuro incerto

Remoção das sedimentações que passaram a ser visíveis depois das enchentes de maio depende de estudos e divide opiniões

Correio do Povo

Formações mudaram a paisagem da Capital

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As inundações de maio aceleraram o processo natural de movimentação de sedimentos nas bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul e, como resultado, bancos de areia com elevadas proporções passaram a ser visíveis em diferentes pontos do Guaíba entre o Cais Mauá e a Lagoa dos Patos. Passados mais de sete meses dos fenômenos climáticos, a presença de acúmulos equivalentes à formação de uma nova ilha não apenas muda a paisagem da capital gaúcha, mas permanece dividindo opiniões.

O local com acúmulo mais significativo fica próximo à Ilha das Balseiras atingiu cerca de 25 hectares de área, tamanho similar ao Parque Chico Mendes, na zona Norte de Porto Alegre. Além deste, surgiram outros dois bancos de areia, menores, um com cerca de 7,5 hectares, ainda assim sete vezes maior do que um campo de futebol médio, na altura do porto, e outra sequência de pequenas formações perto do canal do Furado Grande, entre as ilhas Humaitá e do Furado Grande.

A explicação técnica sobre a formação dos bancos de areia vem do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/Ufrgs), que trabalha para formular um estudo dos impactos hidrodinâmicos. Tais estruturas surgem em locais de baixo escoamento da água. É a mesma sequência de eventos responsável pela formação de todas as ilhas existentes no Delta do Jacuí, portanto um processo natural.

O antes e depois dos bancos de areia | Foto: Leandro Maciel

Permanência ou remoção depende de estudos

De acordo com o governo do Estado, está em andamento, dentro do Plano Rio Grande, a contratação de estudos de topografia e batimetria que irão definir o grau de alteração dos cursos hídricos do Estado após as enchentes e se há a necessidade de intervenção. Os estudos, que incluem o Delta do Jacuí e o Guaíba, já foram aprovados pelo Comitê Científico e estão em processo de contratação.

A Fundação Estadual de Proteção Ambiental destaca também a recente liberação de recursos para a Portos RS desassorear canais de navegação na região. Contudo, o presidente da pasta, Cristiano Klinger, lembra que o trecho do Guaíba onde surgiram as novas ilhas de areia não estão inclusos na dragagem em execução. A questão é que os bancos estão fora do canal de navegação sob competência da Portos RS.

Enquanto não ocorre a definição sobre a remoção dos bancos de areia, os argumentos divergem entre a oferta de risco em caso de uma nova enchente ao fato de que não comprometeriam a navegação. A Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), é favor da dragagem. A entidade já se manifestou publicamente pela conclusão do zoneamento ecológico-econômico, de responsabilidade da Fepam, enquanto o presidente do consórcio e prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata, critica a proibição da mineração da areia na área até que seja concluído esse trabalho.

Conforme o representante da Praticagem junto à Marinha do Brasil - Presidente da Lagoa Pilots e membro do Conselho Nacional de Práticos (Conapra), José Simões, os bancos de areia “estão em margem oposta do Guaíba e bem afastadas dos canais utilizados para a navegação”, portanto, não representam problema à atividade. “A dragagem pleiteada contempla os canais usados para navegação”, resumiu.

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