Cidades

Cessar-fogo no Oriente Médio e repercussões para o Ocidente são debatidos em Porto Alegre

A StandWithUs Brasil, a Federação Israelita do Rio Grande do Sul e o Instituto Cultural Judaico Marc Chagall realizaram o encontro, com apoio da Casa da Memória Unimed Federação/RS

Encontro foi realizado no Auditório da Federação Israelita do Rio Grande do Sul
Encontro foi realizado no Auditório da Federação Israelita do Rio Grande do Sul Foto : Fabiano do Amaral

O auditório da Federação Israelita do Rio Grande do Sul recebeu, na noite desta segunda-feira, 3, o professor e pesquisador Matheus Alexandre para um bate-papo sobre o tema “Cessar-fogo no Oriente Médio e suas Repercussões para o Ocidente”. O evento foi promovido pela StandWithUs Brasil, Federação Israelita do Rio Grande do Sul e Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, com o apoio da Casa da Memória Unimed Federação/RS.

Doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e formado em Antissemitismo Contemporâneo pela Universidade de Oxford, Matheus Alexandre apresentou uma análise ampla sobre os desdobramentos dos dois anos de guerra entre Israel e o Hamas, a fragilidade do cessar-fogo e as transformações políticas no Oriente Médio.

“O Oriente Médio que existia até 6 de outubro de 2023 não existe mais. Agora nós temos um outro regime sírio, que era um território fundamental para o eixo iraniano, e hoje fala abertamente de paz com Israel”, destacou o pesquisador.

Entre os pontos centrais da conversa, Matheus abordou o reposicionamento dos Estados Unidos como fiador e mediador de acordos entre Israel e países árabes, além dos desafios para a estabilização de Gaza após o conflito. Segundo ele, o atual cessar-fogo é frágil e ainda levanta dúvidas sobre o futuro da região.

“O Hamas vai se desarmar? Qual será a autoridade estabelecida em Gaza como alternativa ao Hamas? Ainda não temos respostas, mas há uma perspectiva de paz que não existia seis meses atrás. Mesmo com fragilidade, é um avanço — pessoas pararam de morrer, e os soldados saíram do front principal”, afirmou.

O professor também refletiu sobre o impacto humano e emocional do conflito.

“Israelenses e palestinos estão em trauma. A destruição e as tantas mortes de civis produziram um enorme trauma. Agora precisamos pensar em como esses dois povos vão conviver, porque ninguém vai sair dali. A esperança é pensar no dia seguinte, na reconciliação e na cura.”

Durante a conversa, Matheus destacou ainda o crescimento do antissemitismo no mundo após os ataques de 7 de outubro de 2023.

“Cruzamos uma linha de ascensão da hostilidade contra os judeus que talvez não tenha mais retorno”, alertou.

O encontro encerrou-se com uma mensagem de esperança: mesmo diante das incertezas políticas e sociais, o debate reforçou a importância de buscar compreensão, diálogo e coexistência pacífica entre os povos do Oriente Médio.

Bate-papo com Matheus Alexandre, sobre a temática "Cessar fogo no Oriente Médio e suas Repercussões para o Ocidente" no Auditório da Federação Israelita do Rio Grande do Sul. | Foto: Fabiano do Amaral

Antes da palestra, o vice-diretor jurídico da Federação Israelita do RS, Alexandre Chwartzmann, destacou que o encontro marca o início de uma série de debates promovidos pela entidade ao longo das próximas semanas.

“Este foi o primeiro de diversos eventos que a Federação promoverá sobre temas internacionais e de interesse da comunidade”, afirmou.

Representando a Casa da Memória Unimed Federação/RS, o jornalista e advogado Salus Loch ressaltou a importância da discussão:

“É um prazer promover essa reflexão, que entendemos bastante oportuna. Em nome da Unimed e dos demais parceiros, agradecemos a presença de todos e estamos de portas abertas para avançarmos.”

O analista de relações institucionais da StandWithUs Brasil, Augusto Lerner Krieger, reforçou a relevância do diálogo em tempos de intolerância.

“Vivemos dias complicados, em que o antissemitismo está em alta. Este evento é um exemplo perfeito de união de forças e de resistência a esse cenário.”

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