Exatamente um ano após o temporal histórico registrado em 16 de janeiro do ano passado, Porto Alegre foi novamente afetada por transtornos causados por chuvas nesta quinta-feira. Em cerca de 40 minutos de precipitação, com dois episódios de granizo, áreas do Centro Histórico e diversos bairros da cidade sofreram com alagamentos, quedas de árvores e falta de energia elétrica.
A tempestade começou por volta das 16h, deixando a rua Caldas Júnior, no Centro Histórico, com aproximadamente 20 centímetros de água acumulada sobre as calçadas. Motos estacionadas foram derrubadas pela presença da água e carros tiveram água na altura de metade dos pneus. Na rua Sete de Setembro, pequenos galhos caídos da Praça da Alfândega se espalharam pela via, enquanto na avenida Salgado Filho, a queda de uma árvore bloqueou parcialmente o trânsito, sendo necessária a intervenção imediata das equipes da Prefeitura para remoção.
VÍDEO | Árvore caída na avenida Salgado Filho. Equipes trabalham para liberar a pista.
— Correio do Povo (@correio_dopovo) January 16, 2025
📹 Guilherme Sperafico pic.twitter.com/ni7Lh0DpZM
Bairros como Menino Deus também enfrentaram dificuldades. Na rua José de Alencar, a força da água levantou a tampa de um bueiro, deixando um buraco aberto até que populares recolocassem a tampa após o volume de água baixar. Moradores demonstraram indignação com os alagamentos.
O servidor Público Italo Roque Madruga Sabadin, de 60 anos, precisou esperar a chuva e alagamento passar para poder voltar para casa. “Eu estava saindo de um atendimento e tive de esperar por 40 minutos. Felizmente, após a chuva, começou a baixar rápido”, relata.
A diarista Cátia Elisabete Marcondes da Silva, 51 anos, que precisou atravessar uma área alagada da rua Barão do Gravataí para voltar para casa, reclamou. “Molhei meus pés, estou indignada. Saí agora do trabalho e já tinha parado de chover. Não imaginei que estaria tudo alagado assim”, disse.
No trânsito, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) registrou oito ocorrências até as 17h, incluindo três bloqueios por alagamentos e um semáforo inoperante. Já o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) informou que as Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps) 9 (Sarandi) e 17 (Centro Histórico) ficaram fora de operação devido à falta de energia elétrica, impactando o escoamento da água em áreas críticas.
A chuva também causou falta de energia em alguns pontos da cidade. Na rua dos Andradas, no Centro Histórico, estabelecimentos comerciais precisaram encerrar atividades mais cedo. Em uma barbearia, o barbeiro Leonardo Morais Souza, 23 anos, lamentou os prejuízos. “Perdemos alguns agendamentos, mas esperamos para ver se será possível atender os demais.”
Próximo dali, um minimercado conseguiu se manter aberto graças a geradores, porém os freezers acabaram desligados. “É só assim para a gente continuar abertos, com luzes de emergência”, afirma um colaborador que prefere não se identificar.
Segundo a Prefeitura, os novos totens de monitoramento climático instalados na cidade registraram volumes de chuva variáveis: enquanto o bairro Arquipélago acumulou 22,9 milímetros até as 16h30min, a Lomba do Sabão, na divisa com Viamão, registrou apenas 0,6 milímetro no mesmo período.
Defesa Civil alertou após o início da chuva
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul enviou alerta de fortes chuvas em Porto Alegre quase ao mesmo tempo em que começava a chover na cidade. Segundo o órgão, o alerta para a região de Porto Alegre foi recomendado pela Sala de Situação às 15h53. Depois disso, os operadores do Centro de Operações (CODEC), da Defesa Civil, enviaram as mensagens para os celulares dos gaúchos.
Às 16h, o CODEC recebeu a “confirmação da Interface de Divulgação de Alertas Públicos do envio do alerta”. Ou seja, o sistema retornava aos operadores a confirmação de que os alertas estavam sendo enviados de forma correta. Acontece que a chuva na Capital começou um pouco antes das 16h.
Contudo, a Defesa Civil Nacional, vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR), enviou alerta às 15h23min.
Questionados sobre o motivo de o alerta ser enviado em cima da hora da chuva, o Coordenador da Defesa Civil, Coronel Luciano Chaves Boeira, afirmou que esta tempestade, como outras que ocorrem no verão, formou-se de forma muito rápida, dificultando o envio com antecedência.