A pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre Trabalho por meio de plataformas digitais indicou nesta sexta-feira que a maioria dos trabalhadores plataformizados eram homens (83,9%) no 3º trimestre de 2024, em uma proporção muito maior que a média geral dos trabalhadores ocupados no setor privado (58,8%).
Conforme o IBGE, as trabalhadoras plataformizadas chegavam ao índice de 16,1%, menor que a média geral das mulheres ocupadas no setor privado 41,2%.
“Isso tem a ver sobretudo com o perfil ocupacional dos trabalhadores por aplicativo, a maior parte deles exerce a ocupação de condutores no transporte de passageiros ou nos serviços de entrega, ocupações ainda fortemente exercidas por homens”, explica Gustavo Geaquinto, analista da pesquisa.
O grupo de 25 a 39 anos correspondia a quase metade (47,3%) das pessoas que trabalhavam por meio de plataformas digitais.
Quanto à escolaridade, os plataformizados concentravam-se nos níveis médio completo ou superior incompleto (59,3%). É a mesma faixa que lidera no total de ocupados no setor privado (44,7%), e entre não plataformizados (44,4%), ainda que com participações menores.
Já a população sem instrução e com fundamental incompleto era a menor entre os plataformizados (9,3%), mas correspondia a 21,7% entre os não plataformizados.
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Seis em cada 10 entregadores têm nível médio completo
Dos 485 mil trabalhadores plataformizados que utilizaram aplicativos de entrega, 274 mil eram entregadores e 211 mil tinham outras ocupações, ou seja, exploravam o seu próprio negócio em atividades de comércio e de serviços de alimentação e utilizavam tais aplicativos para exercer o trabalho (captar clientes, realizar vendas etc.).
“O perfil dos diferentes trabalhadores – entregadores e outras ocupações – tende a ser distinto, assim como a sua relação com as plataformas de entrega, inclusive no que se refere ao grau de controle ou influência que tais plataformas exerciam sobre o trabalho dessas pessoas”, ressalta Leonardo Quesada, também analista da pesquisa.
Tanto para os entregadores quanto para as demais ocupações, as pessoas com o ensino médio completo e superior incompleto representavam a maior parcela: 59,9% e 53,7%, respectivamente. Para os entregadores, a segunda maior parcela estava entre os com fundamental completo e médio incompleto (28,2%), contra 11,3% entre as outras ocupações. Por outro lado, entre os entregadores, apenas 3,5% tinham o nível superior completo, enquanto entre as demais ocupações, eram 27,7%.
Os dois grupos tiveram uma média muito próxima de horas trabalhadas em 2024: 46,4 horas para os entregadores e 46,5 horas para as outras ocupações. Por outro lado, o rendimento foi bastante distinto entre esses plataformizados que utilizavam aplicativo de entrega: para os entregadores foi de R$ 2.340 e para outras ocupações, R$ 4.615, ou seja, as pessoas que exerciam demais ocupações registraram um rendimento médio quase o dobro do registrado para os entregadores.