O temor de bebidas contaminadas com metanol, com intoxicações em andamento por todo o país, incluindo o Rio Grande do Sul, acendeu o alerta para a necessidade de fiscalização. Existe, até o momento, um caso confirmado em Porto Alegre, mais um em investigação e três descartados, divulgou na manhã desta segunda-feira a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Já a Diretoria Geral de Fiscalização (DGF) da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos (SMDETE), afirma que fiscaliza os locais que vendem materiais recicláveis, ferros-velhos e sucatas, “a fim de verificar se os itens estão em conformidade com a legislação e também a procedência dos mesmos”, mas não confirmou se houve autuações em estabelecimentos.
Funcionando à margem da venda legal, locais que comercializam sucatas e recicláveis chegam a faturar R$ 50,00 por garrafa de bebida importada. O risco é que estas embalagens possam estar sendo usadas para engarrafar produtos causadores das intoxicações. “Pagam o mesmo valor por vidro de perfume importado e tubo de desodorante no formato roll on”, informa uma recicladora da Ilha dos Marinheiros, que preferiu ficar no anonimato, temendo represálias.
Segundo a delegada Milena Simioli, titular da Delegacia de Polícia de Proteção aos Direitos do Consumidor, Saúde Pública e da Propriedade Intelectual, Imaterial e Afins (Decon), vinculada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil gaúcha, as ocorrências com desodorantes são mais comuns do que as demais, no âmbito do conhecimento da delegacia. “Tê-los (tubos dos produtos) nas sucatas não seria um crime, mesmo sabendo que, se for descoberto, haveria um conluio com pessoas que fabricam falsificados”, comentou.