Paralisação de rodoviários atingiu 100 mil passageiros, estima Metroplan
Categoria aguarda reajuste salarial de 3,46%, Sindicato afirma que cerca de 4 mil trabalhadores aguardam depósito de valores retroativo a junho

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Um protesto dos trabalhadores rodoviários na manhã desta segunda-feira deixou milhares de passageiros sem transporte coletivo na região Metropolitana. A Metroplan indicou que a paralisação de hoje atingiu 100 mil usuários de ônibus de áreas próximas de Porto Alegre.
De acordo com o secretário do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários Intermunicipais de Turismo e de Fretamento da Região Metropolitana (Sindimetropolitano), Alex Araújo, as cidades que mais aderiram movimento foram Guaíba, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada e Viamão.
Araújo relatou ainda que a mobilização que contou com dezenas de ônibus parados nas garagens se deu em razão do não recebimento de valores do dissídio coletivo, que tem data-base em junho e previsão de reajuste de 3,46% sobre o salário de cada trabalhador. "Já são oito parcelas em atraso e o trabalhador não tem informações de quando serão pagas. Hoje, nosso protesto teve início às 4 horas, sem a saída de carros durante a manhã."
Segundo Araújo, o protesto desta segunda-feira também foi motivado pelos boatos de que os trabalhadores não receberão a segunda parcela do 13º salário. "Estamos aferindo um valor de R$ 1,2 mil, ao todo, para cada trabalhador rodoviário. Ao todo, somos 4 mil rodoviários." O secretário do Sindimetropolitano não descarta a possibilidade do protesto se transformar em uma greve.
O protesto que manteve parte da frota dentro das garagens das empresas deixou centenas de usuários sem deslocamento nas primeiras horas do dia. O sentimento era de apreensão, angústia e desinformação entre os passageiros. Antes das 8 horas, quando o transporte começou a ser normalizado, o clima de espera em pontos de ônibus era uma constante entre os trabalhadores.
Morador de Cachoeirinha, Fabrício Silva de Freiras, que embarca todos os dias às 6h10 com destino a Porto Alegre, disse que nesta manhã o ônibus passou depois das 8h30. "Foi horrível, um caos." Da mesma forma aconteceu com Marilene de Souza, que mora em Gravataí e precisava estar às 7h30 na capita. "Ninguém sabia o que estava acontecendo. Sempre há atrasos, mas não como hoje pela manhã. A parada estava superlotada e quando o ônibus chegou as pessoas brigavam para conseguir um lugar e não se atrasar ainda mais." Segundo ela, duas vizinhas desistiram de aguardar no ponto de ônibus e chamaram um carro de aplicativo.
A diarista Gecilda Figueiró que precisava ir para a capital com a filha em uma consulta médica não conseguiu chegar a tempo, perdeu o horário e teve que remarcar o oftalmologista que elas aguardavam há meses. "Ficamos horas na parada, com uma chuva torrencial. Um verdadeiro descaso com os passageiros. Não havia informação suficiente." Morador de Alvorada, Paulo César Menezes, que começou a trabalhar em uma metalúrgica há duas semanas, disse que quando se deparou com o ponto de ônibus lotado às 5h50, voltou em casa e pegou o carro da esposa com a intenção de não perder o horário na firma. "Não pensei duas vezes. Não posso perder o emprego que custei a conseguir. Muitos colegas chegaram atrasados."
METROPLAN AFIRMA QUE O SUBSÍDIO DO GOVERNO DEVE SER REPASSADO ÀS EMPRESAS ATÉ O FIM DA SEMANA QUE VEM
O superintendente da Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan), Francisco Hörbe, informou que todo o ano, em junho, acontece o reajuste tarifário. "Só que o governo não pagaria em meio a uma calamidade por conta das enchentes. Por isso, se manteve a tarifa por seis meses e com isso o governo do estado daria um subsídio, que reflete diretamente os operadores do transporte público." Ou seja, segundo Hörbe, o acordo trabalhista junto a classe patronal estaria condicionado a assinatura do subsídio do governo. Este aporte financeiro foi aprovado na Assembleia Legislativa em novembro e conta ainda com ritos para a liberação formal do recurso.
"Agora tem os trâmites burocráticos, mas acreditamos até semana que vem o recurso já tenha sido encaminhado às empresas que deverão fazer o repasse para os trabalhadores." O superintendente da Metroplan disse ainda que todos foram pegos de surpresa com a paralisação que não informada pelos dirigentes do Sindicato aos órgãos responsáveis. "Isso prejudica todo o sistema e, principalmente, os usuários que dependem do transporte coletivo para chegar aos seus postos de trabalho."
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul (SETERGS) informou que não foi comunicado a respeito da paralisação de segunda-feira e reforça que está, como sempre esteve, aberto ao diálogo. Informou ainda que uma nova posição será divulgação após encerramento da mediação com o TRT4, que está prevista para iniciar às 17 horas.
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