Vaquinha para família embaixo de ponte com mais de 50 animais em Porto Alegre está abaixo da metade da meta

Vaquinha para família embaixo de ponte com mais de 50 animais em Porto Alegre está abaixo da metade da meta

Casal e filha de dez anos vivem sob construção na BR 290, na Ilha Grande dos Marinheiros

Felipe Faleiro

Gabriela vive com dezenas de animais sob ponte na Ilha Grande dos Marinheiros

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A vaquinha online criada para a família da dona de casa Gabriela Santos, seu esposo, o autônomo Milton Nascimento, popular Maneco, e a filha do casal, Natália, de apenas 10 anos, já obteve mais de 370 apoiadores até o momento, e foram arrecadados R$ 21,3 mil da meta de R$ 50 mil pretendida. Eles vivem abaixo do viaduto da BR 290, na Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre, em uma pequena fazenda sem grades ou cercas.

Cerca de 50 animais, entre porcos, cavalos, cachorros, bodes e um galo, muitos resgatados das enchentes, são criados pela família, que antes das cheias vivia na Rua João Inácio da Silveira, às margens do Guaíba, até a chegada da inundação. Em 2 de maio, no entanto, todos precisaram sair de casa somente com a roupa do corpo. A história da família comoveu outros moradores e empresários, que, por meio da vaquinha virtual, buscam recursos para ajudar na construção da casa.

Levados à rodovia, ali eles permaneceram até o final de julho, quando a estrada foi liberada, encontrando abrigo mais tarde abaixo da construção. “Os primeiros dias foram horríveis. Era chuva o tempo todo, e a gente no barraco de lona. Tínhamos que sair no temporal para arrumá-lo”, conta ela. As lonas haviam sido doadas por voluntários. Alguns dos animais eram da família, enquanto outros simplesmente apareceram, segundo ela, como dois porcos, hoje em cocheiras, e o galo.

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A maioria dos adultos está amarrada em madeiras, com cordas relativamente extensas, o que confere alguma liberdade de circulação a eles. Já os filhotes, de maneira geral, circulam soltos por restos de pasto misturados às pedras, a metros de distância da BR 290, mas dificilmente desgrudam das atentas mães. Todos têm nomes, como o pônei Valentim, de apenas um mês de idade, um tanto arisco e afeito a mordiscadas em visitantes desconhecidos.

Gabriela contou também que obteve o Auxílio Reconstrução, de R$ 5,1 mil, porém resolveu guardar o dinheiro. “Tem um pessoal que se propôs a montar uma nova casa para nós. Quando a gente voltar, não vai ter nada, então vou utilizar para comprar alguma coisa. Mas uma geladeira é, hoje, R$ 2 mil, R$ 3 mil”, comentou ela. Enquanto isso, a única divisória da casa para o mundo exterior é um fino cobertor, e dentro, há apenas um cômodo, com luz elétrica adaptada.

Há uma caixa para recolher água da chuva, usada para lavar alguns itens. Na manhã desta segunda-feira, Gabriela cuidava do filho de uma vizinha. Água potável e alimentos são frutos de doações. Metros acima de suas cabeças, separados apenas pelo concreto, carros e caminhões passam a altas velocidades. “No começo, tinha medo de ficar aqui embaixo, mas agora, já estou acostumada. Simplesmente não tenho o que fazer neste momento”, salientou ela.


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