Após subir pela manhã com dados da China, dólar fecha em em baixa, a R$ 5,32

Após subir pela manhã com dados da China, dólar fecha em em baixa, a R$ 5,32

Com realização de lucros, Ibovespa terminou em baixa de 1,22%, aos 100.553,27 pontos

AE

Real operou nesta quinta novamente descolado das moedas emergentes

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O real operou nesta quinta novamente descolado das moedas emergentes. Se nesta quarta a divisa brasileira perdeu força ante o dólar enquanto outras, como o peso mexicano e a lira turca, ganharam, hoje o real teve dia de valorização, na contramão das demais emergentes. Profissionais das mesas de câmbio mencionam que houve nesta quinta-feira um movimento de correção de exageros recentes, além de ingresso de recursos para ofertas de ações. Mas citam um fator mais técnico, que pode estar contribuindo para a volatilidade alta do câmbio e o descolamento do real, que é o uso da divisa do Brasil como moeda de hedge ou funding, para a proteção de aplicações dos investidores. O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu hoje que está difícil entender atualmente os movimentos do câmbio.

O dólar chegou a subir pela manhã ante o real, em meio a dados mistos sobre a economia da China. Nos negócios da tarde firmou queda e renovou mínimas, caindo para a casa dos R$ 5,30. No encerramento da sessão no câmbio comercial, o dólar à vista fechou em baixa de 1,10%, a R$ 5,3261. No mercado futuro, o dólar para agosto era negociado em baixa de 0,71%, cotado em R$ 5,3355 às 17h30.

Nas mesas de câmbio, os profissionais destacam que o real vem sendo muito usado como moeda de hedge (proteção), por conta do custo competitivo desse tipo de operação no Brasil, em meio aos juros historicamente baixos e da liquidez elevada do mercado local comparado a outros emergentes. Mas segundo um diretor de tesouraria, curiosamente, o real tem tido baixa correlação com moedas internacionais usadas como hedge, das quais a principal é o iene do Japão. Por outro lado, tem tido correlação negativa com as moedas emergentes.

Os estrategistas de moedas do Citigroup ressaltam que, como o Brasil tem uma indústria de fundos muito grande, e os juros caíram muito, gestoras tendem a usar o câmbio como um "hedge eficaz e barato" para a proteção de estratégia em outros ativos brasileiros.

Em evento hoje do Itaú, Campos Neto reconheceu que a volatilidade no mercado de câmbio brasileiro "de fato aumentou" e afirmou que o BC está estudando as razões deste aumento, mas ainda sem resposta.

Ibovespa

Em linha com o exterior, esta quinta foi de realização de lucros na B3 e a ocasião encontrada para colocar algum dinheiro no bolso foi a decepção com a queda nas vendas do varejo na China em junho, apesar dos desempenhos positivos do PIB no segundo trimestre e da produção industrial do país no mesmo mês, também divulgados nesta quinta-feira. Com o Ibovespa iniciando a segunda quinzena do mês com ganhos até ontem de 7% em julho, o índice se inclinou hoje a uma moderada correção, ao fechar em baixa de 1,22%, aos 100.553,27 pontos, oscilando entre mínima de 100.160,18 e máxima de 101.792,33, após ter fechado no dia anterior na casa dos 102 mil pela primeira vez desde 5 de março.

Na semana, o Ibovespa limita os ganhos a 0,52%, ainda avançando 5,78% no mês - em 2020, a perda acumulada é de 13,05%. O giro financeiro, mais contido do que nas sessões anteriores, ficou em R$ 23,9 bilhões nesta quinta-feira.

"Embora o setor de consumo e de serviços não tenha o peso visto em outras economias, como a brasileira, a leitura chinesa deixa uma questão em aberto, que pode vir a ser observada em outros países à medida que retomarem, uma vez que a China foi a primeira a ser atingida pela pandemia, a primeira a fechar e reabrir as atividades", diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

"Como o Fed tem dito, provavelmente os efeitos desta crise continuarão a ser sentidos adiante, de forma que, com todo este rali observado desde abril, chega uma hora em que se precisa realizar", acrescenta. Arbetman menciona também a falta de catalisadores domésticos que pudessem singularizar o mercado brasileiro em um dia de ajuste global nos preços dos ativos, ainda que moderado como o observado nesta sessão. Para o analista, o que tem movido os mercados, em boa medida, "é a expectativa positiva em torno das vacinas".

Assim, pela sexta sessão consecutiva, o Ibovespa conseguiu ficar acima da linha psicológica dos 100 mil pontos na máxima do dia, e pelo segundo dia manteve-se nos seis dígitos ao longo de todo o pregão, algo não visto desde o início de março, quando as perdas e a volatilidade do Ibovespa passaram a se acentuar - em 28 de fevereiro, na mínima daquele dia, o Ibovespa cedeu durante a sessão a linha de 100 mil pontos, aos 99.950.96 pontos, pela primeira vez desde 8 de outubro de 2019 (99.867,59 no intradia).

Após ter liderado no dia anterior o Ibovespa, a Embraer esteve na ponta oposta nesta sessão, em baixa de 6,14% no fechamento, à frente de Gol (-4,19%) e Minerva (-4,01%). No lado positivo, Cogna subiu hoje 5,03%, seguida por Via Varejo (+2,98%), Telefônica Brasil (+2,75%) e TIM (+2,57%). "Os ganhos na Cogna decorreram da expectativa sobre o valor da uma listagem de sua subsidiária Vasta em Nova Iorque, que poderia destravar valor nas ações da "empresa mãe", e os da TIM, com possível aquisição de ativos de telefonia", diz Cristiane Fensterseifer, analista de ações da Spiti.

As ações de commodities mostravam perdas acima de 3%, mas ao final Vale ON mostrava baixa de 2,70%, Petrobras PN, de 2,66%, e a ON, de 2,36%, em terreno negativo assim como as de siderúrgicas, como CSN (-2,01%), e de bancos (Bradesco PN -1,76%).

Taxas de Juros

Os juros futuros fecharam de lado nesta quinta, com viés de baixa até os contratos intermediários. Ao longo da sessão, alternaram oscilações discretas, ora com viés de queda ora de alta, com o mercado ponderando uma série de fatores, mas nenhum forte o bastante para a definição de uma trajetória firme. De um lado, houve a queda do dólar e o cenário político para as reformas mais animador, mas, de outro, dados mistos no exterior e manutenção da escalada da Covid-19 pelo mundo limitando a expectativa com o processo de reabertura das economias. As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento à tarde não chegaram a fazer preço nesta quinta-feira, que teve ainda mais um megaleilão de títulos do Tesouro.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou com taxa de 3,02%, de 3,052% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 passou de 5,613% para 5,60% e a do DI para janeiro de 2027 ficou estável em 6,42%. O dólar à vista fechou em queda de 1,10%, aos R$ 5,3261.

As taxas começaram o dia em baixa, em linha com o câmbio, mas no meio da manhã viraram para alta com a pressão compradora típica dos dias de leilões de prefixados e a oferta de hoje foi a maior do ano. "De manhã teve mais pressão por conta do leilão, que foi grande. O Tesouro não colocou tudo e espirrou um pouco taxa. À tarde, o dólar acabou ajudando mais os mais curtos", disse o sócio-gestor da LAIC-HFM Gestão de Recursos, Vitor Carvalho. As taxas "espirram" quando o papel é vendido com juro acima do consenso de mercado.

O Tesouro ofertou 23 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), ante 15,5 milhões na semana passada, e vendeu quase integralmente (21,5 milhões). As LTN são papéis de prazo intermediário, que parecem ser o risco que o investidor topa assumir neste momento, estando mais reticente quanto ao risco de longo prazo. A oferta de NTN-F, os prefixados mais longos da dívida, foi muito menor, de 1 milhão, e vendida parcialmente (743.300). Por parte do Tesouro, é interessante emitir num momento em que os juros estão em níveis baixíssimos e em meio à necessidade de captar recursos.

No começo da tarde, passada a pressão tomadora do leilão e com o dólar ampliando queda e batendo mínimas, as taxas ensaiaram um movimento de queda, indo também para as mínimas, mas que não se consolidou. Do exterior, os dados da China e Estados Unidos foram em parte positivos e em parte negativos. No Brasil, Roberto Campos Neto, em live organizada pelo Itaú, admitiu que é mais provável crescimento acima da "nossa projeção" e que há grau de conforto com a inflação, para a qual, segundo ele, há muito menos assimetria de riscos do que para o crescimento.

Da política, tem agradado ao investidor a movimentação em Brasília em torno da reforma tributária, especialmente após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ter dito hoje que espera a participação do Senado e do governo federal na discussão do texto, desfazendo mal-estar anterior quando assumiu a frente do debate mesmo sem uma sinalização dos senadores e do governo. "Não queremos aprovar a reforma da Câmara, queremos aprovar a reforma do Congresso Nacional, junto com o governo federal", disse Maia, que afirmou ter conversado com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.


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