Banco Central vai elevar intervenção no mercado de câmbio
Ação inicia na próxima segunda-feira, com oferta de US$ 750 milhões no mercado futuro
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Com a estratégia anunciada nesta sexta-feira, há a expectativa de que a tendência de desvalorização do real seja amenizada, ou pelo menos haja menos volatilidade nos negócios. A escalada do dólar não é exclusividade do Brasil e é resultado da perspectiva de aumento do juro nos Estados Unidos, o que atrai para o mercado americano capitais de todo o mundo e desvaloriza as demais moedas, especialmente de países emergentes.
Em reação a esse movimento, a intervenção do BC ocorrerá com a oferta de novos contratos de swap cambial – operação no mercado futuro que equivale à venda de dólares. No leilão programado para a manhã de segunda-feira, serão oferecidos 15 mil novos contratos. O volume é três vezes maior que o visto nas ofertas diárias que vinham sendo realizadas pelo BC para renovar contratos que vencerão em junho. Com isso, o valor ofertado pelo BC passará de US$ 250 milhões diários para US$ 750 milhões.
"O BC ressalta que os montantes das ofertas adicionais de swap poderão ser revistos e se reserva o direito de realizar atuações discricionárias, caso seja necessário", afirmou a instituição. Em nota, a instituição ressalta que a atuação no câmbio é separada da política monetária, ou seja, da calibragem da Selic (taxa básica de juros) para controlar a inflação. O texto cita que eventuais impactos de choques externos sobre a inflação tendem a ser minimizados no Brasil pelo ainda elevado grau de ociosidade na economia e também pelas expectativas de inflação ancoradas. Ou seja, o dólar alto não deve gerar inflação no País, diz o BC.
Economistas falam em dólar a R$ 4 durante a campanha
O anúncio da nova ação no mercado ocorreu após uma sessão volátil e tensa ontem. Durante a manhã, o real foi a moeda que mais perdeu valor ante o dólar entre as 47 divisas com cotações no terminal Broadcast. Além do cenário externo pautado pelos EUA, também pesaram discussões e incertezas sobre o cenário eleitoral no Brasil. Pressionados pelas cotações que se aproximavam de R$ 3,78, muitos operadores e analistas cobraram intervenção mais assertiva do BC.
Economistas dizem que a desvalorização do real segue a tendência mundial vista em outras moedas internacionais. Mas que o cenário doméstico tende a ganhar mais relevância. "Nos próximos meses, teremos o ingrediente das eleições, que pode influenciar o risco Brasil e o câmbio", diz Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra. "A depender de quem estiver na frente quando a campanha começar, não é impossível pensar em dólar a R$ 4."