Bolsa acumula ganho de 0,95% em novembro e dólar sobe 5,8% no mês

Bolsa acumula ganho de 0,95% em novembro e dólar sobe 5,8% no mês

Sexta-feira foi marcada por nova alta e moeda americana fecha a R$ 4,24

AE

Ibovespa fechou a sessão praticamente estável, em baixa de 0,05%

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O índice Ibovespa fechou a sessão praticamente estável, em baixa de 0,05%, a 108.233,28 pontos, acumulando perda de 0,42% na semana e ganho de 0,95% no mês de novembro. A leve recuperação das ações de bancos foi ofuscada pela queda nos papéis da Petrobras, em dia de forte ajuste nas cotações do petróleo, com o Brent em baixa de 4,39% e o WTI, de 5,06%, no encerramento da sessão. O giro financeiro nesta sessão foi de R$ 14,2 bilhões.

Em Black Friday de baixa liquidez nos negócios com a commodity, a queda acentuada nos preços do petróleo reflete temores de que a Opep e aliados, que voltam a se reunir na próxima semana, não alterem as cotas de produção. Com a queda de preço da commodity, Petrobras ON fechou em baixa de 1,23% e a PN, de 1,29%, acumulando, respectivamente, perda de 4,10% e de 3,54% no mês.

As ações do setor de varejo fecharam sem direção única, após ganhos em sessões anteriores, quando haviam sido impulsionadas pela expectativa positiva para as vendas da Black Friday.

Em novembro, o saldo acumulado do investimento estrangeiro em bolsa ficou negativo em R$ 8,197 bilhões, correspondente a R$ 146,489 bilhões em compras e R$ 154,681 bilhões em vendas. No ano, a saída de recurso de estrangeiros totaliza R$ 38,601 bilhões.

O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,60%, a R$ 4,2407, acumulando ganho de 1,14% na semana e de 5,77% no mês de novembro. Na terça-feira, com o dólar renovando máximas, os saques de estrangeiros na Bolsa chegaram a R$ 2 bilhões e, no dia seguinte, a leitura mais recente disponível, as saídas totalizaram R$ 478 milhões.

Ao longo de novembro, o Ibovespa ficou mais barato para o investidor estrangeiro, em dólar, com uma variação de 4,78% para quem tem a moeda americana na mão e quer comprar ações em São Paulo com desconto em dólar.

Com o barateamento da bolsa em dólar ao longo de novembro, pode ser que dezembro fique um pouco mais interessante para o investidor ingressar, tendo em vista que os índices de Nova York estão perto das máximas históricas, renovadas esta semana, tendo acumulado ganhos entre 3,4% (S&P 500) e 4,5% (Nasdaq) no mês de novembro, apontam analistas.

Mas tal movimento, se realmente ocorrer, tende a ser pontual, avalia Renato Chain, estrategista da Arazul. "A questão de fundo permanece a mesma", acrescenta Chain, em referência à falta de solução para a fase 1 do acordo EUA-China, uma disputa comercial prolongada, que afeta diretamente a perspectiva de crescimento mundial.

A próxima data-chave do imbróglio é 15 de dezembro, data prevista para os EUA elevarem a alíquota sobre importações da China ainda não atingidas pelas sobretaxas, caso não haja entendimento, até lá, sobre a chamada fase 1 do acordo sobre a disputa comercial.

Dólar

O dólar fechou novembro acumulando alta de 5,8%, a maior desde agosto. O real teve o segundo pior desempenho ante a moeda americana no mês, perdendo apenas para o peso chileno. Em meio à crescente onda de protestos no país vizinho, a divisa dos Estados Unidos avançou 8,5% lá e só não subiu mais porque o banco central chileno anunciou hoje uma programa de intervenção de US$ 20 bilhões. Aqui, a sexta-feira foi marcada por nova alta, por conta da disputa pelo referencial Ptax e o fortalecimento do dólar ante a maioria dos emergentes. O dólar à vista fechou em R$ 4,2407, com ganho de 0,60%.

A semana foi uma das mais conturbadas para o mercado de câmbio dos últimos meses. No período, o dólar acumulou alta de 1,1%. A segunda-feira começou com dados mostrando aumento acima do esperado do déficit da conta corrente, o que contribuiu para pressionar o câmbio. Em seguida, foram declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, e a realocação da carteira teórica do índice de ações MSCI, que levaram o BC a fazer quatro intervenções, três delas de surpresa.

A analista de moedas do Commerzbank, You-Na Park-Heger, diz que, mais do que a venda de dólares, uma forma de o BC conter a pressão no câmbio seria sinalizar que o ciclo de corte de juros está chegando ao fim. Ou seja, o corte de dezembro seria o último. Caso contrário, cresce o risco de o mercado testar novamente a disposição do BC de intervir no mercado, pressionando ainda mais o real.

Para Roberto Motta, responsável pela mesa institucional de futuros da Genial Investimentos, o real seguirá pressionado durante o mês de dezembro. Isso porque ainda está presente o conjunto de elementos que levam o investidor a apostar na alta da moeda americana - desde a troca por empresas de sua dívida externa por interna até a correção de preços de commodities agrícolas. Esse movimento, diz, pode ainda ser intensificado pela sazonalidade do último mês do ano com as companhias enviando dólares às suas matrizes. "Esse, inclusive, é um movimento que já vem sendo antecipado em novembro, mas é impossível saber quanto tem de antecipação e quanto ainda tem a sair", afirmou.

Nessa conjuntura, Motta diz acreditar que a projeção para o intervalo da cotação, que até meados de novembro, era de R$ 4,00 a R$ 4,20 vai subindo para algo entre R$ 4,15 e R$ 4,35 durante o mês que vem. No entanto, ele nota que, tecnicamente, o dólar justo poderia estar abaixo de R$ 4. "Mas para os investidores a pressão no câmbio só se reduzirá, levando a divisa americana a um nível abaixo de R$ 4,20, quando o ritmo de crescimento da economia brasileira der indícios fortes de que alcançará 2% e as privatizações realmente começarem a ocorrer. Mas isso só no ano que vem".

Juros

Os juros futuros de longo prazo reduziram o ritmo de queda no fechamento dos negócios, na medida em que o dólar voltou a ganhar força no fim do dia, e fecharam entre a estabilidade e viés de baixa. Já os vencimentos de curto e médio prazos oscilaram o dia todo perto dos ajustes. A agenda da sexta-feira não trouxe dados de impacto e o noticiário também foi considerado fraco e, com isso, o câmbio continuou pautando as taxas, que encerraram o mês com forte acúmulo de prêmios, em torno de 50 pontos-base. A exceção foram os juros curtos que "fecharam" em torno de 20 pontos.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de janeiro de 2021 fechou com taxa de 4,700% (regular e estendida), de 4,689% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 fechou estável, em 5,89% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2025 fechou em 6,52% (regular) e 6,51% (estendida), de 6,541% ontem no ajuste, a do DI para janeiro de 2027 terminou em 6,85% (regular e estendida), de 6,871%.

Após oscilar em leve alta, mas na casa de R$ 4,22 durante o dia, no fim da tarde o dólar ampliou os ganhos ante o real até R$ 4,24, o que enfraqueceu o movimento de 'desinclinação' que ditava o rumo da curva desde cedo. Até então, prevalecia a percepção de que apesar da moeda em alta, a elevada volatilidade vista nos últimos dias no câmbio diminuiu, segundo João Mauricio Rosal, economista-chefe da Guide Investimentos. "Com o câmbio mais acomodado, o mercado voltou a olhar os fundamentos", disse.
Embora não explosivo como nos últimos dias, o mercado de juros teve forte volume de contratos negociados, o que chama a atenção num dia de praticamente meio expediente em Wall Street. Nesta Black Friday, as bolsas americanas fecharam mais cedo. O DI para janeiro de 2021, por exemplo, girou cerca de 360 mil contratos.

Para Rosal, o desempenho do câmbio não compromete a perspectiva de corte de 0,50 ponto porcentual da Selic em dezembro, mas ele afirma que o mercado, ao ver uma desvalorização rápida da moeda, "tem como reação imediata questionar sinalização sobre a Selic dada pelo BC". "Mas o corte de dezembro está muito na mesa", disse. A precificação da curva, informada pela Quantitas Asset, aponta 67% de chance de Selic a 4,5% no próximo Copom e 33% de possibilidade de queda de 0,25 ponto. Já para fevereiro, prosseguiu, o jogo está "mais embolado", com os investidores divididos "sobre se tem ou não corte".


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