Bolsa limita alta mas sustenta 116 mil pontos no fechamento

Bolsa limita alta mas sustenta 116 mil pontos no fechamento

Dólar passou a tarde oscilando e fechou em queda de 0,45%, a R$ 4,23

AE

Queda da moeda ocorreu após o Banco Central intervir no mercado e leiloar US$ 2 bilhões

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O Ibovespa conseguiu se sustentar acima dos 116 mil pontos no fechamento desta quarta-feira, em nova etapa da recuperação gradual ante a volatilidade derivada do coronavírus, atingindo hoje o maior nível de fechamento desde o dia 28, quando havia encerrado aos 116.478,98. Em terreno positivo pela terceira sessão seguida - sequência que não ocorria desde 20 de janeiro -, o principal índice da B3 fechou hoje em alta de 0,41%, a 116.028,27 pontos, oscilando entre mínima de 115.562,34 e máxima de 117.700,53 pontos, com giro financeiro a R$ 27,8 bilhões. Na semana, acumula até aqui ganho de 1,99%, após perda de 3,90% na semana anterior.

As ações da Petrobras viraram e passaram a cair, retirando fôlego do Ibovespa depois das 16h30, no dia da precificação da venda de ações da estatal pelo BNDES, que sairia depois do fechamento do mercado. Petrobras ON fechou em baixa de 0,88% e a PN, de 0,84%. Na ponta positiva, Usiminas subiu 4,90%, com Banco do Brasil em alta de 4,46% no fechamento.

Mesmo com os contratos futuros do petróleo em alta na sessão (+2,45% no Brent para abril), a oferta de ações ON que o BNDES detém na petrolífera acabou pesando sobre o papel. O banco de fomento fará oferta secundária de, inicialmente, 611.835.583 ações ordinárias no Brasil e no exterior - aumento na disponibilidade de ações em mercado pode enfraquecer os preços, apontam analistas, especialmente quando se teme sobreoferta. A precificação acontece hoje e o início das negociações na B3 será na sexta-feira (7).

"Tivemos mais um dia bem positivo lá fora, o que ajudou aqui, mas havia também a expectativa pelo Copom, o que segurou um pouco o índice antes da decisão", diz Luis Sales, analista da Guide Investimentos, observando que os danos financeiros do coronavírus, antes espalhados, começam a ficar restritos a setores exportadores, como os de carne e papel e celulose.

Nesta quarta-feira, o balanço do Bradesco, positivo, ajudou o segmento de bancos, com peso de 24% no Ibovespa e um dos mais descontados desde o ano passado em razão de uma variedade de fatores, como a redução sustentada dos juros e a concorrência das fintechs. Hoje, Bradesco ON fechou em alta de 1,83% e a PN, de 1,93%, enquanto Itaú Unibanco avançou 0,60%

"O mercado estava esticado e o coronavírus, algo novo e desconhecido, foi boa oportunidade para uma realização mais forte, o que já resulta em novo ponto de entrada nas ações que oferecem desconto", diz Márcio Gomes, analista da Necton, destacando papéis como Usiminas e Marfrig, este com ganho de 2,92% no fechamento de hoje. "De forma geral, houve exagero na correção (do Ibovespa) desde o coronavírus, mas a volatilidade deve persistir ainda por algum tempo, o que resulta em oportunidades tanto para quem vende como para quem compra (ações)", acrescenta Gomes.

Apesar da expectativa de demanda fraca no curto prazo, o setor de aços planos deve ter crescimento de 4% neste ano, puxado pela alta entre 7% e 8% na produção de automóveis e entre 5% e 6% nos bens de capital, segundo avaliação do Credit Suisse. Para o banco, a Usiminas deve conseguir implementar mais um aumento de preços do insumo no mercado doméstico e, em relatório, o Credit reitera recomendação "outperform" (desempenho acima da média do mercado) para os papéis da empresa, com preço-alvo a R$ 11,50.

Dólar

O dólar passou a tarde oscilando entre o positivo e o negativo para, apenas mais perto do fechamento da sessão, mostrar enfraquecimento ante ao real. No segmento à vista fechou em queda de 0,45%, cotado a R$ 4,2390.

Durante boa parte do pregão, a perspectiva de novo afrouxamento da política monetária pelo Comitê de Política Monetária (Copom) pressionou na desvalorização do real em razão de um maior estreitamento da diferença entre o juro interno e externo. No entanto, no fim do dia, a moeda local reagiu em linha com o movimento de seus pares emergentes, que ganharam força, e a perspectiva de entrada de recursos em razão da venda de ações da Petrobras.

Segundo Eduardo do Prado, sócio da RJ Investimentos, é forte a demanda de investidores institucionais pela oferta, que pode somar R$ 23 bilhões em ações da Petrobras que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) faz esta semana. "E isso dá uma apaziguada na pressão contra o real", afirma Prado.

Em relatório, os economistas do Citi estimam uma participação de 50% de estrangeiros na ponta de compra. "Esse fluxo de estrangeiros pode ser um apoio para o real", avaliam.
Mesmo que o BNDES venda ações também no exterior, em algum momento, esse dinheiro tem de entrar para o banco no Brasil. Um outro especialista em câmbio que preferiu anonimato ressalta que o evento embute mais uma expectativa dos investidores sobre a atração dos recursos estrangeiros para as ofertas que vão seguir este ano na Bolsa brasileira.

A perspectiva de ingresso de dinheiro de fora foi hoje - e pode ser até o final desta semana - um contraponto ao impacto do diferencial de juros sobre o câmbio. Para Prado, ainda que reduza mais o carry trade, a queda de 0,25 ponto porcentual da Selic, como foi anunciada hoje pelo Copom, tem efeito mais contido sobre a variação cambial.

Juros

Nesta quarta-feira de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic, os juros futuros fecharam a sessão regular em queda, que foi discreta na ponta curta e mais firme nos vencimentos de longo prazo. Nas renda variável, o destaque da última hora foram os papéis da Petrobras, que perderam força antes da precificação do papel na oferta do BNDES, depois do fechamento.

Nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) negociados na B3, as taxas renovaram mínimas na reta final da sessão regular, sobretudo nos vértices a partir de 2022. O vencimento mais líquido (497.120 contratos) foi o de abril de 2020, justamente o que capta as apostas para o Copom de fevereiro e de março, e fechou com taxa perto da estabilidade, em 4,170%, de 4,174% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2021 renovou sua mínima histórica, com taxa de 4,290%, de 4,295% ontem. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 5,42%, de 5,451%, e a taxa do DI para janeiro de fechou na mínima de 6,39%, de 6,471%.

Os contratos curtos tiveram queda discreta, com o mercado já posicionado para um corte de 0,25 ponto porcentual hoje da Selic e na expectativa sobre o teor do comunicado, em especial se o colegiado deixará a porta aberta para novas reduções da taxa básica. O Itaú Asset Management reduziu a projeção para o PIB de 2020 de 2,70% para 2,30%, considerando um adiamento da retomada da indústria por causa dos efeitos do coronavírus na cadeia manufatureira global, afirmou, com exclusividade ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o economista-chefe Felipe Tâmega.

Os longos foram influenciados pelo exterior - sobretudo o otimismo trazido pela perspectiva de descoberta de uma vacina para o coronavírus. Há pouco, a presidente da distrital de são Francisco do Federal Reserve, Mary Daly, afirmou não ver, neste momento, um impacto "material" da epidemia de coronavírus para a economia americana. Ela ponderou, contudo, que a doença se soma a um conjunto de incertezas às perspectivas, como as impostas pela geopolítica.


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