Bolsa renova máximas históricas e dólar tem queda de 0,08%

Bolsa renova máximas históricas e dólar tem queda de 0,08%

Moeda americana chegou a ensaiar queda mais forte, mesmo assim fechou a R$ 4,20

AE

Ibovespa terminou o dia em alta de 1,23%, a 110.300,93 pontos

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O Ibovespa renovou, nesta quarta-feira, máximas históricas intradia e de fechamento, agora na casa de 110 mil pontos, com impulso proporcionado pelo exterior e avaliação positiva sobre os mais recentes indicadores brasileiros, especialmente o PIB, que reforçam a perspectiva para o ritmo de atividade e os resultados das empresas em 2020. O principal índice da B3 fechou o dia em alta de 1,23%, a 110.300,93 pontos, superando a marca de 7 de novembro, de 109.580,57 pontos.

O Ibovespa fechou hoje exatamente na máxima da sessão, e, na semana, o ganho acumulado até aqui é de 1,91%. O giro financeiro desta sessão foi de R$ 18,1 bilhões.

Apesar do otimismo que prevalece neste início de mês, há alguma divergência quanto à extensão de um eventual rali de fim de ano, com parte das casas mantendo projeções para a faixa de 115 mil a 120 mil pontos no fechamento de 2019.

"O próprio entusiasmo com o PIB é algo exagerado, estamos crescendo apenas 1%, é muito pouco. A leitura veio um pouco acima da mediana das estimativas e houve entusiasmo - o mesmo não aconteceu agora com a produção industrial, que ficou um pouco abaixo da mediana, mas ninguém deu muita atenção", diz Luiz Roberto Monteiro, operador financeiro sênior na Renascença, que avalia que, daqui ao fim do ano, não há muita margem para grande avanço, e o Ibovespa deve ficar mesmo em torno de 110 mil pontos.

No exterior, mais uma vez o presidente americano, Donald Trump, foi o catalisador decisivo, com a observação de que EUA e China estariam mais perto de entendimento - idas e vindas retóricas, em base quase diária, que continuam a ser levadas ao pé da letra.

Assim, na sequência de dois dias de perdas na semana, pós-Black Friday, os índices de referência de Nova York voltaram a fechar em alta nesta quarta-feira, tendo renovado máximas históricas na semana passada. "Como a agenda doméstica está esvaziada daqui ao fim do ano, o que está movendo é o exterior, e o que se vê é EUA-China ora jogando para cima, ora jogando para baixo", diz Monteiro, da Renascença.

Com cenário mais benigno, as ações de bancos, como Bradesco (+2,58% para a preferencial no fechamento), Itaú Unibanco (+3,60%) e Santander Unit (+1,74%), seguiram em recuperação nesta quarta-feira, enquanto as de proteína animal, como JBS (-2,82%) e Marfrig (-2,57%) tiveram desempenho negativo, após recente progressão.

Em destaque desde a véspera da Black Friday, as ações de varejo e consumo não tiveram direção única nesta sessão, com Via Varejo em baixa de 0,53% e Magazine Luiza, de 1,17%, ainda acumulando ganho de 96,02% no ano. Entre as de desempenho positivo na sessão, destaque para as ações de siderurgia, com CSN em alta de 2,74%, Gerdau, de 1,23%, e Usiminas, de 2,44%. A ação da Vale fechou em alta, de 0,99%, enquanto a da Petrobras PN avançou 2,35%.

Dólar

O dólar chegou a ensaiar queda mais forte nesta quarta, mas perto do fechamento o movimento perdeu fôlego, assim como ontem. Mesmo assim, a moeda americana fechou a R$ 4,2023 (-0,08%), a terceira queda seguida. A perspectiva de aceleração da atividade, hoje alimentada pela divulgação da produção industrial de outubro, com alta de 0,8%, ajudou a estimular as vendas de dólares. O cenário externo hoje mais favorável, por conta de notícias de que Estados Unidos e China estão mais próximos de um acordo comercial, também contribuiu para enfraquecer o dólar ante divisas de países emergentes.

O dólar chegou a cair para R$ 4,18 na mínima do dia, mas o movimento perdeu fôlego, assim como ontem, perto do fechamento e a moeda voltou para o nível de R$ 4,20.

Segundo um gestor, como a avaliação é que a moeda americana deve permanecer neste patamar por agora, quando recua abaixo de R$ 4,20, atrai compradores.

Na avaliação de José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos (WIA), o enfraquecimento da moeda americana levou o real ao que é considerado o primeiro suporte, de R$ 4,18. "Aí chama comprador, afinal, da máxima de quase R$ 4,28 na semana passada, para esses R$ 4,18 são pouco mais de 2% de desvalorização em poucos dias", ressalta.

De acordo com o profissional, a configuração do dólar para o curto prazo é de baixa - até porque há uma espera pelo dia 15 de dezembro, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, define os rumos da guerra comercial. Nesse sentido, diz Junior, se a moeda se mantiver abaixo dos R$ 4,22 por alguns dias, há mais chance de ir para perto dos R$ 4,15, tendo como grande suporte os R$ 4,10. Para o profissional da WIA, o pregão de hoje sofreu influência de uma sequência de dados positivos da economia chinesa, em especial, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês).

"O dólar caiu após uma melhora no otimismo de que EUA e China cheguem a um acordo comercial. Essa disputa limitou o crescimento da economia brasileira e trouxe efeitos colaterais, como as tarifas de aço e alumínio nos EUA", afirma o analista de mercado financeiro da Oanda, Alfonso Esparza. Hoje, os dados da produção industrial reforçaram a visão de que o PIB brasileiro está em aceleração. JPMorgan e Morgan Stanley estão entre os bancos estrangeiros que melhoraram a previsão de crescimento para o Brasil.

Hoje o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a tocar no tema do câmbio. Em entrevista ao site O Antagonista, ele falou que o Brasil seguirá com o real mais desvalorizado. De acordo com o diretor da WIA, quando diz isso, o ministro deve entender que acima de R$ 4,00 já é um nível mais alto. "Neste ano o dólar no exterior não parou de subir - estando agora apenas a 2% da máxima anual -, mas se e quando as condições lá fora mudarem, também haverá reflexo por aqui."

Juros

Os juros futuros deram sequência ao movimento de ontem, com taxas em baixa ao longo de toda a curva a termo, especialmente a partir do chamado miolo. A trajetória continuou sendo ditada pela melhora na perspectiva com a economia, com o dado da produção industrial estendendo o efeito positivo do PIB ontem sobre os negócios. Além disso, o dólar em queda contribuiu para o alívio nos prêmios, num dia também de apetite por ativos de risco no exterior. A despeito do maior otimismo sobre o crescimento, as apostas de corte na Selic voltaram a aumentar nestes dois últimos dias na precificação da curva a termo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou com taxa de 4,68% (sessão regular e estendida), ante 4,709% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 5,901% para 5,82% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,42% (regular e estendida), de 6,491% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 encerrou a 6,73% (regular) e 6,75% (estendida), de 6,811%.

Na esteira dos aumentos de 0,6% e 1,2% do PIB no terceiro trimestre anunciados ontem, hoje o crescimento da produção industrial em outubro ante setembro (+0,8%), ainda que levemente abaixo da mediana das estimativas (+0,9%), sugere que o nível da atividade doméstica seguiu ganhando força no começo do quatro trimestre. Apesar disso, o maior impulso da atividade não traz preocupações sobre o quadro inflacionário que segue, por ora, sujeito a apenas alguns choques, como o de carnes.

André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, afirma que, em tese, a agenda do dia, que ainda teve o IPC-Fipe acima do esperado, sugeria uma postura mais defensiva do investidor. O IPC-Fipe de novembro avançou 0,68%, superando o teto das projeções (+0,62%). "Mas hoje é um dia de entusiasmo para todos os ativos. O sentimento nas mesas é de que as coisas estão indo bem", disse.

A ponta curta, que melhor capta as apostas para a Selic nos próximos meses, continua chamando a atenção mais pelo volume de contratos negociados, hoje acima da média padrão, do que pelo fechamento das taxas, que caíram de forma comedida tanto ontem quanto hoje. De todo modo, a expectativa de queda de 0,50 ponto da Selic na próxima semana, que chegou a perder força nas últimas semanas com a pressão do câmbio, voltou a ganhar espaço.

Segundo o Haitong Banco de Investimento, no fim da tarde, a curva apontava em torno de 80% de chance de redução de 0,50 ponto porcentual e 20% de queda de 0,25 ponto. "Na segunda-feira, estava mais para 65% a 35%", disse o economista-chefe do banco, Flávio Serrano. Para fevereiro, no entanto, o quadro não se alterou substancialmente e segue dividido, com 45% de chance de queda de 0,25 ponto e 55% de possibilidade de manutenção.


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