Com cenário político conturbado, dólar fecha em R$ 5,38

Com cenário político conturbado, dólar fecha em R$ 5,38

Ibovespa termina primeira sessão de junho em alta de 1,39%, aos 88.620,10 pontos

AE

Moeda norte-americana teve alta de 0,93% nesta segunda-feira

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O mercado de câmbio começou junho agitado, após alguns dias de relativa calmaria no final de maio. Com o real na contramão de outras moedas emergentes, que hoje ganharam força perante o dólar, o Banco Central fez na parte da tarde desta segunda-feira dois leilões de dólares à vista, tipo de operação que não fazia desde o dia 14 do mês recém-terminado, mesmo dia em que a moeda americana bateu em R$ 5,97. Profissionais de câmbio relatam que o cenário político conturbado segue pesando, provocando saída de capital estrangeiro do Brasil.

O dólar à vista fechou em alta de 0,93%, a R$ 5,3884. No mercado futuro, o dólar para julho fechou em R$ 5,3750 (+0,59%).

Em dois leilões na tarde desta segunda, o BC vendeu US$ 530 milhões, ambos no mercado à vista. Com isso, o dólar fechou abaixo das máximas do dia, a R$ 5,42. A última intervenção do BC oferecendo recursos novos ao mercado foi em 19 de maio, com oferta de swap cambial. Desde então, tem se concentrado em operações de rolagens de swap e de linha. Hoje, durante audiência pública virtual, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, voltou a afirmar que o câmbio é flutuante e que a autarquia realiza intervenções quando há "gap (lacuna) de liquidez". Na mesma audiência, alertou que a atividade pode encolher mais que o previsto este ano.

O economista e operador da Advanced Corretora de Câmbio, Alessandro Faganello, avalia que o dia até começou bem, mas a permanente tensão entre Estados Unidos e China e, no mercado doméstico, os conflitos entre os poderes, principalmente entre Executivo e Judiciário, ajudaram a pressionar o câmbio.

Para os analistas da SulAmérica Investimentos, os atritos recorrentes entre os poderes, em meio ao avanço da pandemia, permanecem como um foco de instabilidade, alimentando a aversão ao risco. No final da tarde, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que "criticar é legítimo", mas outra coisa é pedir pra fechar Supremo e Parlamento. Se Jair Bolsonaro prosseguir com esse tipo de atitude, vai gerar "insegurança e aprofunda própria crise econômica", disse o parlamentar.

Um ponto na disputa entre China e EUA pode até ser positivo para mercado de câmbio brasileiro, relatam operadores. Pequim determinou que grandes estatais do país suspendam importações de produtos agrícolas dos EUA, incluindo as de soja, o que pode ajudar as vendas da commodity pelo Brasil. Mas hoje nem dados positivos da balança comercial de maio ajudaram a animar o câmbio, com superávit de US$ 4,548 bilhões, queda de 19% ante igual mês de 2019, mas um pouco acima do esperado pelo mercado, que previa US$ 4,4 bilhões, de acordo mediana das estimativas captadas pelo Projeções Broadcast.

Ibovespa

Após o forte desempenho colhido em maio (+8,57%), o Ibovespa iniciou bem junho, mês que tem se mostrado positivo na B3. De junho de 2014 para cá, o índice registrou ganhos no mês, à exceção de 2018, quando cedeu 5,20% no intervalo - em 2019, subiu 4,06%. Por outro lado, entre 2010 e 2013, houve apenas perdas em junho, com destaque para queda de 11,31% em 2013, a maior para o mês desde 2010. Nesta segunda-feira fechou em alta de 1,39%, aos 88.620,10 pontos, tendo oscilado entre mínima de 86.836,57 e máxima de 89.019,37 pontos, mantendo-se assim no maior nível intradia desde 11 de março, quando saiu de 92.202,15 pontos na abertura, e seguindo também no maior nível de fechamento desde 10 de março (92.214,47). O giro financeiro totalizou hoje R$ 24,9 bilhões e, agora, o Ibovespa cede 23,37% no ano.

Os ganhos mais uma vez se mostraram bem distribuídos pelos segmentos na sessão, com destaque para o de bancos, em alta favorecida por declarações da última sexta-feira do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, contra elevação da carga tributária na pandemia, em momento no qual se acompanha a possibilidade de o Senado colocar em votação aumento da CSLL incidente sobre o setor - a proposta tem se mantido fora da pauta. Nesta segunda-feira, Bradesco PN fechou em alta de 4,49%, seguida pela Unit do Santander (+4,08%). Na ponta do Ibovespa, destaque para recuperação da Gol, em alta de 8,56%, seguida por Via Varejo (+8,31%). Dentre as componentes do índice, oito ações fecharam o dia em terreno negativo, com destaque para Minerva, em baixa de 2,32% no encerramento.

"O Ibovespa ignorou as manifestações políticas conturbadas do fim de semana e focou na reabertura dos mercados e nos dados positivos da China, os quais impulsionaram também as bolsas estrangeiras hoje", observa Cristiane Fensterseifer, analista de ações da Spiti, chamando atenção hoje para o setor de aviação e turismo, "entre os que mais sofreram na crise do novo coronavírus, bem como shoppings centers, que começam lentamente a reabrir algumas operações, e o varejo online".

As ações da Via Varejo, então em alta superior a 9%, foram a leilão depois das 16h, quando lideravam os ganhos do Ibovespa. O mercado continua animado pela perspectiva de reabertura da economia, ainda que a pandemia não dê sinais inequívocos de moderação no País, diferentemente do que ocorreu no exterior quando as medidas de afrouxamento social foram iniciadas. A melhora do humor externo, contudo, ainda está entre os fatores fundamentais para aumento da demanda por ativos de risco por aqui, induzido essencialmente pelo investidor doméstico, em contexto de queda sustentada da Selic.

Nesta segunda-feira, os ganhos começaram a se acentuar, com o Ibovespa renovando máximas após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ter dito, em audiência pública virtual, que foi fechada no último fim de semana a regulamentação para que o BC possa comprar títulos de dívida no mercado secundário. Esta é uma das medidas lançadas pelo governo para combater os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus, e considerada uma das mais importantes para prover liquidez."A regulamentação para compra de títulos deve sair em breve", afirmou Campos Neto, lembrando que ela deve ser feita por meio do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Após o sprint observado no Ibovespa na segunda quinzena de maio, pode prevalecer no curto prazo um padrão mais lateralizado para o índice, à espera de novos catalisadores. Assim, o mercado financeiro reduziu a expectativa de ganhos para o índice de referência da B3 no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa para esta semana. Pela primeira vez na série histórica do levantamento, iniciada em abril de 2017, a previsão de que o índice terá variação neutra é majoritária entre os participantes.

Entre 18 respostas, 44,44% esperam estabilidade, ante 38,89% que acreditam que a semana até 5 de junho será de valorização para as ações. Para 16,67%, o período será de baixa. Na pesquisa anterior, 43,75% esperavam alta; 31,25%, estabilidade; e 25,00%, queda.

Juros

O mercado de juros começou junho em ritmo lento, tanto em termos de variação das taxas quanto em volume de contratos negociados. As taxas oscilaram perto dos ajustes durante toda a sessão, resistindo ao aumento da pressão no câmbio no meio da tarde desta segunda-feira, 1º, ainda que mais cedo tenham abandonado um viés de baixa com a piora do real. Nas mesas de renda fixa, profissionais citaram a falta de fatores concretos que pudessem fazer preço. Mesmo com vários eventos na seara política no fim de semana - manifestações de apoio e contra o governo em São Paulo, Rio e Brasília -, nada foi considerado forte o suficiente para dar rumo às taxas, assim como a escalada do contágio e mortes por Covid-19 no Brasil tampouco foi capaz de elevar os prêmios de risco.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a 3,14%, de 3,313% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 5,963% para 5,94%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 6,91%, de 6,902% no ajuste anterior.

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, afirma que desde sexta-feira, quando o temor de que os Estados Unidos anunciassem sanções econômicas contra a China não se concretizou, não "houve nada de contundente nos últimos dias". "A curva já tem prêmio de risco político embutido e o mercado agora monitora", afirmou. Sobre a liquidez fraca, ele lembra que ao longo da semana há uma agenda pesada de indicadores e que, por isso, "o mercado evita queimar a largada".

As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foram monitoradas, mas vistas como um reforço à sinalização já emitida nos últimos dias. Em participação em audiência pública virtual da comissão mista do Congresso, Campos Neto voltou a alertar que a volta da atividade econômica pós-pandemia será lenta, repetindo que a política monetária "não está exaurida" e os riscos à credibilidade do sistema em se usar "outros instrumentos" para combater o impacto da Covid-19.

No começo da tarde, as taxas exibiam viés de queda, mas que se apagou com a aceleração da alta do dólar ante o real, destoando da valorização das demais moedas emergentes. Porém, ao longo da tarde o real perdeu ainda mais força, com o dólar superando R$ 5,40, o que chamou os leilões do Banco Central, mas as taxas não se mexeram.


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