Com dia de valorização no mercado internacional, dólar fecha em R$ 5,31

Com dia de valorização no mercado internacional, dólar fecha em R$ 5,31

Bolsa se descolou do exterior e terminou a segunda-feira em baixa de 0,08%, aos 102.829,96 pontos

AE

O real foi a divisa com pior desempenho nesta segunda-feira

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Nesta segunda, o dólar teve dia de valorização no mercado internacional, ante moedas fortes e emergentes, contrastando com o otimismo visto nas Bolsas. A falta de acordo em Washington para um novo pacote fiscal de estímulo econômico e o aumento dos casos de coronavírus em várias partes do mundo ajudaram a valorizar a moeda americana, mesmo com bons indicadores da atividade na Europa, China, Estados Unidos e Brasil. O real foi a divisa com pior desempenho hoje, ajudado pela perspectiva de novo corte de juros pelo Banco Central esta semana, enquanto algumas casas não descartam mais uma redução pela frente.

Após cair 4% no mês de julho, o dólar fechou o primeiro dia útil de agosto com valorização de 1,86%, cotado em R$ 5,3140 - o maior valor desde 20 de julho. O dólar futuro para setembro subia 1,75% às 17h40, para R$ 5,3210.

Para o operador e economista da Advanced Corretora, Alessandro Faganello, a perspectiva de mais um corte da taxa básica de juros pelo Banco Central ajudou a pressionar ainda mais o câmbio, em dia já marcado por maior cautela no mercado de moedas internacional, por conta da dificuldade entre democratas e republicanos para chegar a um acordo sobre um novo pacote fiscal, o que ajuda a alimentar dúvidas sobre a velocidade de retomada da economia americana.

O partido de Donald Trump quer limitar os benefícios aos desempregados em US$ 200 por semana, enquanto os democratas querem manter o nível de US$ 600 que vigorava até julho. Na tarde de hoje, Trump disse que está "totalmente envolvido" nas negociações. Nesse ambiente, enquanto a melhora de indicadores da indústria animaram as bolsas, o DXY, que caiu em julho para o menor nível em dois anos, teve dia de recuperação nesta segunda-feira. O dólar também subiu perante a maioria das moedas emergentes.

Sobre a reunião esta semana do BC, os economistas do JPMorgan preveem corte de 0,25 ponto porcentual na taxa básica e depois uma pausa. Com isso, a Selic deve ficar em 2% ao menos até o final de 2021, mas o banco americano não descarta a possibilidade de mais um corte até o final de 2020. "Os riscos pendem levemente para um corte adicional até o final do ano", ressaltam.

Ibovespa

Após um início de sessão cauteloso, refletindo preocupações quanto à insistência do governo em adotar imposto semelhante à CPMF em troca de desonerações tributárias - ideia mal assimilada pelo mercado e pelo Congresso -, o Ibovespa ensaiou se firmar em alta na tarde desta segunda, em linha com o dia positivo no exterior, onde dados de atividade favoráveis na China, Europa e nos EUA sustentaram o apetite por risco desde cedo.

Ao final, alternando leves ganhos e perdas em direção ao encerramento, o principal índice da B3 ficou mesmo em terreno negativo pela terceira sessão, no menor nível desde o último dia 24, em baixa nesta segunda-feira de 0,08%, aos 102.829,96 pontos. Hoje, oscilou entre mínima de 102.304,26 e máxima de 103.863,33 pontos, com giro financeiro forte, a R$ 30,5 bilhões nesta primeira sessão de agosto, mês que se mostrou negativo nos dois últimos anos - após avanço de 7,46% no mês em 2017, houve perda de 3,21% em 2018 e de 0,67% no ano seguinte. Em 2020, o índice da B3 acumula agora perda de 11,08%.

Após quatro meses de ganhos - perto de 41% no intervalo -, o índice tende a perder parte do dinamismo observado desde abril, em meio a incertezas externas e domésticas, apontam analistas, com o Ibovespa não tão distante das marcas projetadas para o fim do ano. Nesta sessão, contudo, poderia ter prevalecido uma conjunção de dados positivos nas principais economias, a começar pela leitura da Caixin para o PMI da China em julho, a 52,8, acima da observada no mês anterior, destaca a Upside Investor Research. Também houve melhora, acima do esperado, na atividade industrial da zona do euro e dos EUA.

Por aqui, a expectativa de novo corte da taxa Selic nesta quarta-feira mantém vivo o fluxo de recursos da renda fixa para a variável, na falta de alternativas de retorno para o investidor doméstico, em momento no qual o estrangeiro continua a sair da B3. Em julho, até o dia 30 (quinta passada), os investidores estrangeiros sacaram, em termos líquidos, R$ 6,566 bilhões da B3, elevando o saldo negativo no ano a R$ 83,071 bilhões, conforme dados divulgados hoje pela Bolsa. O mercado aguarda corte de 0,25 ponto na taxa de juros neste meio de semana, que a traria para nova mínima, de 2,00% ao ano - expectativa também para o comunicado do Copom, especialmente se deixará aberta ou não a possibilidade de corte posterior.

O mercado aguarda também a divulgação do balanço de ItaúUnibanco, hoje, depois do fechamento, e, na quinta-feira, antes da abertura, dos números trimestrais do Banco do Brasil. Nesta segunda-feira, o segmento, de maior peso na composição do índice, contribuía para que o Ibovespa ensaiasse alta à tarde, com destaque para avanço então de 3,39% em BB ON e de 2,24% em Itaú PN - ao final, ambas limitaram os ganhos do dia, respectivamente, a 2,29% e 1,49%, enquanto as de outros grandes bancos passavam a terreno negativo, com Bradesco PN em baixa de 1,07%, a ON, de 0,39%, e a unit do Santander, de 0,84%, no encerramento da sessão.

Com sinais favoráveis sobre a economia global, o dia positivo para os preços do petróleo e do minério de ferro não foi o suficiente para as ações de commodities, que tiveram desempenho ruim na sessão: Petrobras PN e ON em baixa respectivamente de 1,80% e 1,59%, e Vale ON devolvendo os ganhos observados mais cedo, para fechar em baixa de 0,74%. Por outro lado, os dados chineses, e a variação positiva de quase 5% nesta segunda-feira no preço do minério de ferro em Qingdao, a US$ 116,03 por tonelada, deram impulso ao setor de siderurgia, em especial CSN (+6,29%, na ponta do Ibovespa) e Usiminas (+3,32%), em dia marcado também por forte avanço do dólar, em alta superior a 2% ao longo do dia (ao final, +1,86%, a R$ 5,3140). Logo abaixo de CSN, B2W (+5,60%) e JBS (+4,46%) fecharam o pódio do Ibovespa na sessão. No lado oposto, Cogna cedeu 5,19%, RaiaDrogasil, 4,54%, e CVC, 3,85%.

"Hoje, Petrobras, Vale e Ambev (-1,37%), ações de grande peso, seguraram o Ibovespa. A realização da última sexta em fim de mês tirou um pouco da força do índice, que parecia se encaminhar para os 110 mil, após chegar na semana passada aos 105 mil. Na virada do mês, houve um pouco de pé atrás", diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor.

Taxas de Juros

O mercado de juros começou agosto em ritmo lento, com liquidez baixa e pouca oscilação nas taxas, que estiveram desde a manhã até o fechamento rondando os níveis de ajuste anterior, mas com viés de alta imposto pelo câmbio. Na última hora de negócios, quando atingiram as mínimas, as taxas chegaram a zerar o discretíssimo avanço, mas sem forças para se firmar em queda. Dada a agenda de indicadores restrita e sem notícias de impacto em Brasília nesta segunda-feira, também não houve mudança no quadro de apostas para a Selic, com a curva mantendo cerca de 80% de probabilidade corte de 0,25 ponto porcentual esta semana.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021, que melhor capta as apostas para a Selic nas reuniões do Copom em 2020, hoje o mais líquido, começou a semana do Copom girando 148,5 mil contratos, muito abaixo da média diária de 240 mil registrada nos últimos 30 dias. A taxa rompeu mais um nível, o de 1,90%, encerrando a 1,895% (mínima), de 1,903% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2023 fechou com taxa estável em 3,65%. E a taxa do DI para janeiro de 2027 encerrou a 6,06% (mínima), de 6,07% no ajuste de sexta-feira.

André Alírio, operador de renda fixa da corretora Nova Futura, afirma que em "condições normais", períodos de começo de mês costumam ser marcados por um certo apetite do investidor, o que não parece ser o caso desta vez. "Em início de mês, o direcional está mais para cima, há uma certa animação, mas este mês parece que o pessoal quer dar uma segurada diante das indefinições do cenário", afirma. Segundo ele, como o mercado já está bem posicionado para o corte da Selic, agora espera alguma sinalização do comunicado sobre os passos seguintes para montar posições, o que ajuda também a explicar o volume mais contido.

Entre as indefinições do cenário está a dúvida sobre o que terá mais peso na avaliação do comitê. Há sinais de retomada da economia sem pressões inflacionárias de um lado, mas também aumento dos riscos fiscais e a discussão sobre o limite inferior da Selic de outro, e tudo deve ser calibrado na linguagem do comunicado. "É realmente um jogo de xadrez, mas já com poucas peças para se movimentar", disse Alírio.

Na curva, a precificação apontava 83% de chances de queda da Selic para 2% na quarta-feira, ante 17% de probabilidade de manutenção. Para setembro, havia 32% de chance de queda de 0,25 ponto. Os cálculos são do Haitong Banco de Investimento.


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