Com leve alta, dólar termina o dia cotado em R$ 5,33

Com leve alta, dólar termina o dia cotado em R$ 5,33

Com Nova Iorque, Ibovespa fechou em alta de 1,70%, aos 95.983,09 pontos

AE

Mercado de câmbio hoje teve um dia de ajuste, após o dólar subir 3,3% ontem

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O mercado de câmbio hoje teve um dia de ajuste, e de muita oscilação, após o dólar subir 3,3% ontem. A moeda americana mostrou fortalecimento ante divisas principais, mas operou sem tendência clara nos emergentes, em meio a indicadores mistos da atividade econômica dos Estados Unidos, enquanto crescem os casos de coronavírus no país, levando o estado do Texas a parar o processo de reabertura dos negócios.

No noticiário doméstico, além da aprovação do marco regulatório do saneamento, que já havia tido impacto nas cotações em sessões anteriores, as mesas de câmbio gostaram do nome do novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, financista, autor de livros e professor e, segundo traders, "mais técnico e menos ideológico" que o anterior, Abraham Weintraub. Houve ainda o habeas corpus ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), para que ele seja julgado pela segunda instância no caso Queiróz.

O dólar à vista chegou a oscilar 12 centavos entre a máxima (R$ 5,38) e a mínima (R$ 5,26) do dia. No final dos negócios, encerrou em R$ 5,3334, em leve alta de 0,19%. No mercado futuro, era negociado em queda de 0,19%, R$ 5,3395 às 17h. A diferença das cotações ocorre porque ontem no final da tarde o dólar futuro acelerou a alta, com o mercado à vista já fechado.

O analista de moedas do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), Luis Hurtado, acredita que o real vai seguir sob pressão e só vê a moeda americana caindo abaixo de R$ 5,00 no quarto trimestre de 2021. Ele espera mais um corte de juros pelo Banco Central, de 0,25 ponto porcentual em agosto, contribuindo para manter o real fraco, levando a taxa básica para 2%.

No México, hoje o Banxico reduziu os juros para 5,5% e o analista do CIBC destaca que o país ainda é beneficiado pelas operações de carry trade, que é a tomada de recurso em país de juro baixo para aplicar em outro de taxa maior. No Brasil, esse tipo de operação já não vem acontecendo nos últimos meses. Na Turquia, o banco central decidiu manter nesta quinta-feira os juros em 8,25%.

Hurtado observa que os ruídos políticos deram certa amainada em Brasília, mas o câmbio pode seguir volátil, na medida em que prosseguem as investigações que chegaram perto agora da família Bolsonaro após a prisão de Fabrício Queiróz. O cenário político incerto, a economia enfraquecida, a queda de juros e a deterioração fiscal devem fazer o dólar testar valores perto de R$ 5,40 no curto prazo, devendo ficar na casa dos R$ 5,30 pelo terceiro trimestre.

Ibovespa

Em dia bem correlacionado a Nova Iorque, o Ibovespa retornou a terreno positivo e ganhou fôlego a partir das 16h para fechar a sessão em alta de 1,70%, aos 95.983,09 pontos, não muito distante da máxima, de 96.259,70 pontos (+1,99%), saindo de mínima a 94.151,83. Apesar de os fundamentos continuarem a ser postos em questão, com as revisões da perspectiva de crescimento para o ano em meio ao prolongamento da pandemia aqui e nos EUA, a disponibilidade de liquidez continua a ser o fator-chave a inclinar o índice para cima, apontam analistas. O mercado tem olhado para a linha de 97,6 mil como a resistência a ser rompida para que o Ibovespa recupere a marca psicológica dos 100 mil pontos, perdida no início de março. O giro de hoje totalizou R$ 23,3 bilhões e, na semana, o Ibovespa acumula agora perda de 0,61%, ainda avançando 9,82% no mês.

"Se passar pela resistência de 97,6 mil, o Ibovespa deve chegar logo aos 100 mil, mas é bom que fique lateralizado por algumas sessões, para ganhar mais força", diz Rodrigo Barreto, analista da Necton. Entre os dias 8 e 10 de junho, o índice chegou a testar a marca no intradia, e voltou a se aproximar dela durante as sessões de 18, 19 e 23 de junho. Assim, o principal índice da B3 busca se reaproximar do nível de fechamento de 6 de março, então aos 97.996,77 pontos - naquela data, o Ibovespa fechou pela primeira vez no ano abaixo dos 100 mil pontos, tendo saído de 102.233,24 pontos no encerramento do dia anterior, 5 de março.

Em direção ao fim da sessão desta quinta-feira, o Ibovespa acompanhou a melhora observada em Nova Iorque, onde os três índices de referência encerraram o dia com ganhos entre 1,09% (Nasdaq) e 1,18% (Dow Jones), acentuados bem perto do fechamento. Aqui, o fluxo, mais do que os fundamentos, continua a dar direção para o índice, apontam analistas, na falta de catalisadores mais potentes, internos ou externos. "Se chegar aos 100 mil, o Ibovespa deve buscar os 103 e depois os 107 mil pontos. Se houver uma reversão, os 90 mil são o suporte que, se perdido, levaria o índice aos 87 mil, com a linha de 83 mil como um suporte forte", diz Barreto.

O dia foi de recuperação bem distribuída por empresas e setores, com destaque para os de grande peso - commodities e bancos -, em direção única. Petrobras PN fechou em alta de 2,24% e a ON, de 2,10%, enquanto Vale ON avançou 1,10%. Entre os bancos, destaque para alta de 2,13% em Bradesco ON e de 2,40% na PN, com Banco do Brasil apontando ganho de 2,45% no fechamento. Na ponta do Ibovespa, CCR subiu 9,03%, seguida por Weg (+6,88%) e Ecorodovias (+5,75%). No lado oposto, CVC caiu hoje 2,56%, Braskem, 1,68%, e Marfrig, 1,55%. Sabesp, travando lucros após a aprovação ontem do marco para o saneamento, cedeu 1,33%.

Nas últimas cinco sessões, o Ibovespa tem mostrado padrão lateralizado, alternando-se neste intervalo entre ganhos e perdas relativamente moderados, no que mostra hesitação quanto a ganhos adicionais e, ao mesmo tempo, pouca disposição por uma realização de lucros mais forte. Assim, neste período de cinco sessões, o Ibovespa saiu de 96.572,10 pontos no fechamento do dia 19 para 95.983,09 pontos no encerramento de hoje - uma variação de apenas 589,01 pontos, em período no qual foram contabilizadas três altas e duas baixas, na faixa entre -1,66% e +1,70% no intervalo - registradas, respectivamente, ontem e hoje.

Juros

A quinta-feira de agenda local carregada terminou com juros em baixa, especialmente na parte longa e a curva devolveu o ganho de inclinação da véspera. Nas mesas de renda fixa, os profissionais não tinham explicação clara para o movimento, que ocorreu mesmo com o dólar tendo passado boa parte do dia em alta e uma piora da aversão ao risco mostrada pelo mercado de Treasuries. De fatores positivos, citaram alguma melhora no clima político e a aprovação do projeto do marco legal do saneamento ontem no Senado, além de questões técnicas relacionadas à reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) logo mais. Os curtos, a exemplo dos últimos dias, continuaram oscilando ao redor dos ajustes anteriores, sem que a comunicação do Banco Central via Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o IPCA-15 de junho tenham alterado a divisão no quadro de apostas para a Selic em agosto.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021, que melhor reflete a percepção do mercado para as reuniões do Copom em 2020, fechou em 2,050%, de 2,049% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 terminou pela primeira vez abaixo de 3%, aos 2,97% (mínima histórica), de 3,072% ontem. As taxas dos DIs para janeiro de 2025 e janeiro de 2027 fecharam nas mínimas do dia, em 5,75% e 6,75%, de 5,943% e 6,933%, respectivamente ontem no ajuste.

O mercado de juros ignorou a volatilidade do câmbio e as preocupações com nova onda de covid-19 no exterior. Preferiu valorizar a aprovação do marco do saneamento e uma trégua no noticiário ruim da esfera política. "A aprovação era o cenário base, mas o placar foi ótimo", disse a gestora de renda fixa da MAG Investimentos, Patricia Pereira. O projeto que abre caminho para concessões e privatizações na área de água e esgoto foi aprovado por 65 votos a 13 e alguns cálculos apontam estimativa de entrada de até R$ 700 bilhões e geração de 1 milhão de emprego nos próximos anos.

Na política, as novidades do dia foram a nomeação de Carlos Alberto Decotelli da Silva para o cargo de ministro da Educação no lugar de Abraham Weintraub. O novo ministro tem formação em Ciências Econômicas, é financista e professor. No caso de Fabrício Queiroz, a Justiça do Rio aceitou habeas corpus apresentado pela defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) para ele ser julgado pela segunda instância.

Um gestor também lembra que a queda das inflações implícitas, que estavam muito altas, pode ajudar a explicar o comportamento da ponta longa. "Hoje tem a reunião do CMN que define a meta de 2023. As implícitas longas estão caindo cerca de 15 bps. Há risco do BC sinalizar algo sobre a meta mais de longo prazo", disse. A continuar no que tem sido o padrão recente, a meta para 2023 deve ficar em 3,25%, segundo apurou o Projeções Broadcast.


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