Com novo dia de alta, dólar vai a R$ 4,18

Com novo dia de alta, dólar vai a R$ 4,18

Após duas sessões em retomada, Bolsa fecha em baixa de 1,04%, a 116.414,35 pontos

AE

Moeda americana terminou com ganho de 1,30%

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O dólar teve novo dia de alta, com o real descolado do comportamento de outras moedas emergentes. Indicadores mais fracos que o esperado da atividade econômica brasileira, segundo traders de câmbio, são o principal motivo para a valorização do dólar este ano no Brasil, pois aumentaram as preocupações com o crescimento da economia em 2020. As vendas no varejo de novembro, divulgadas hoje, vieram piores que o previsto e, com isso, o dólar passou o dia todo em alta, com impacto praticamente nulo aqui da assinatura do acordo comercial fase 1 entre Estados Unidos e China. A moeda americana terminou com ganho de 1,30%, a R$ 4,1843, a maior cotação desde 5 de dezembro.

O real não só teve nesta quarta-feira o pior desempenho ante a divisa dos Estados Unidos em uma cesta de 34 moedas internacionais, como também é a com pior desempenho este ano no mercado internacional. O dólar já acumula alta de 4,3% em 2020 no Brasil. O peso chileno tem o segundo pior desempenho este ano, e lá a moeda americana avança 3%. Na África do Sul, a terceira da lista, o dólar sobe 2,7%.

O diretor de tesouraria de um banco destaca que em dezembro, em meio ao otimismo com a aceleração do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020, com várias casas nacionais e estrangeiras elevando projeções, investidores fizeram mudanças importantes em suas estratégias, passando a apostar na valorização da moeda brasileira. Com o aumento da tensão no Oriente Médio logo nos primeiros dias de 2020 e, em seguida, com os indicadores mais fracos da atividade, parte dessa estratégia começou a ser desfeita.

O diretor acima ressalta que os dados econômicos de novembro, tanto o da produção industrial como o de serviços e de varejo, não mudam sua visão de que o PIB do Brasil vai se acelerar este ano, crescendo entre 2% e 2,5%, até porque o número do varejo, por exemplo, costuma ser muito volátil. Mas para ele, não há dúvidas de que os números geraram ruído importante no mercado de câmbio, até porque ajudaram a aumentar a aposta de novo corte de juros em fevereiro, reduzindo ainda mais o diferencial do Brasil com o mundo desenvolvido. "Eu não esperava que o dólar fosse estar hoje onde está", diz ele, ressaltando que esperava a moeda mais perto de R$ 4,05.

Para um ex-diretor do Banco Central, apesar da depreciação do real, não há "disfuncionalidade" no mercado de câmbio neste momento que justifique ação do BC. "Se eu estivesse no BC, não faria nada agora, até porque ia parecer que o BC está defendendo um patamar para o dólar", disse ele.

Apesar do desempenho ruim do real este ano, o banco americano Citi manteve a aposta "overweight" no real, com posição comprada na moeda brasileira, ou seja, na expectativa de valorização. Os estrategistas do banco justificam a estratégia por causa da expectativa de aceleração do PIB este ano e ainda a perspectiva de volume importante de aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês), que deve trazer recursos externos para o País.

Ibovespa

O Ibovespa interrompeu sequência positiva que prevaleceu nas duas sessões anteriores, com o vencimento de opções sobre o índice exercendo pressão moderada e passageira nesta tarde. O movimento contribuiu para mantê-lo perto das mínimas do dia, sem contudo cruzar a linha em direção à faixa dos 115 mil pontos. Assim, o principal índice da B3 encerrou a sessão desta quarta-feira em baixa de 1,04%, a 116.414,35 pontos, oscilando entre mínima de 116.188,11 e máxima de 117.632,40 pontos. O giro financeiro mais uma vez ficou acima dos R$ 20 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa, totalizando assim R$ 32,2 bilhões. No ano, o Ibovespa acumula alta de 0,66%, com ganho de 0,79% até aqui na semana.

Nesta quarta-feira, a leitura sobre as vendas do varejo em novembro veio abaixo do esperado, assim como, no dia anterior, a da atividade de serviços, uma combinação que esfriou parte do entusiasmo observado desde a divulgação do PIB do terceiro trimestre, e que havia elevado a expectativa para o desempenho econômico nos últimos três meses de 2019, estendendo-se ao ano ora em curso. Contudo, uma série negativa de novos dados - a começar pelos da Anfavea sobre as vendas de veículos, divulgados na semana passada - fez acender uma luz amarela entre os investidores.

"É muito cedo para ajustar a expectativa para 2020, mas esses últimos dados, mais fracos, colocam alguma água no chope de dezembro", diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, referindo-se à forte progressão acumulada pelo Ibovespa ao longo do mês passado e que se estendeu à primeira sessão de janeiro, no dia 2, quando o índice atingiu nova máxima histórica, a 118.573,10 pontos, no fechamento daquele pregão.

"É preciso esperar um pouco mais, especialmente pelos resultados das empresas, mas esses dados mais recentes realmente não ajudaram", diz Luiz Roberto Monteiro, operador sênior da Renascença, observando um ruído inicial, ainda no fim do ano passado, quando uma associação de lojistas contestou o desempenho das vendas de Natal da associação de lojistas de shopping, a Alshop.

As ações de varejo, com gordura acumulada após terem figurado entre os destaques de 2019, e de bancos, sob pressão prolongada ante perspectiva de maior concorrência derivada da emergência de fintechs e bancos digitais, estiveram entre os pontos negativos do dia. Banco do Brasil ON fechou hoje em baixa de 1,83%, com a ordinária do Bradesco em queda de 2,29% e a preferencial, de 1,75%, enquanto ItaúUnibanco PN cedeu 1,23% e a unit do Santander caiu 2,30%.

Entre as ações de varejo, destaque para Lojas Americanas (-1,33%), com Via Varejo resistindo em terreno positivo (+1,50% no fechamento). A alta do dólar na sessão (+1,30%, a R$ 4,1843) pressionou a ação da CVC, em queda de 2,61% no fechamento, e de empresas com custos afetados pela moeda americana, como Gol (-2,68%).

Juros

A fraqueza na atividade econômica no fim de 2019 ganhou um novo componente hoje com a divulgação das vendas no varejo em novembro. Desta forma, o mercado passou a apostar majoritariamente (60%) na baixa da Selic a 4,25% em fevereiro, o que provocou queda em toda a curva dos juros futuros. Na ponta curta, que é mais sensível à política monetária, o contrato para janeiro de 2021 chegou a se aproximar da mínima histórica, de 4,340% no dia 30 de outubro.

A taxa do contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular em 4,390% e a estendida em 4,400%, de 4,445% ontem. A do janeiro 2023 recuou de 5,660% para 5,560% (regular) e 5,590% (estendida). A do janeiro 2025 caiu de 6,380% para 6,320% (regular) e 6,340% (estendida). E a do janeiro de 2027 passou de 6,750% para 6,710% (regular) e 6,740% (estendida).

A timidez com que o varejo restrito subiu em novembro - alta de 0,60% na margem, ante mediana de 1,20% - colocou mais gás nas apostas sobre a reunião do Copom dos dias 4 e 5 de fevereiro. Isso porque o indicador veio na sequência de quedas na produção industrial e no volume de serviços, e o Banco Central vem dando especial atenção à atividade econômica em suas decisões recentes.

Nos cálculos da Quantitas Asset Management, a curva de juros passou a precificar 60% de chance de corte de 0,25 ponto porcentual da Selic, contra aposta de 51% ontem e 43% na segunda-feira.

O economista-chefe do banco digital modalmais, Alvaro Bandeira, também vê espaço para redução da Selic para 4,25%. "Sem grandes pressões inflacionárias, os três números - varejo, indústria e serviços - dão chance maior para queda nos juros. Houve uma melhora na comparação anual dos indicadores, mas está muito devagar, sem mostrar alta consistente", disse.


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