Dólar à vista encerra em alta, cotado a R$4,87 nesta quinta-feira

Dólar à vista encerra em alta, cotado a R$4,87 nesta quinta-feira

Ibovespa sobe 1,2%, a 124,6 mil pontos, nível não visto desde julho de 2021

AE

Sessão seguiu com cautela ao longo do dia

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Após trocas de sinal ao longo da tarde, o dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 16, em alta de 0,17%, cotado a R$4,8701. Pela manhã, a divisa até ensaiou uma queda mais acentuada e registrou mínima a R$4,8370. A máxima, a R$ 4,8867, veio no início da tarde, em meio ao aprofundamento das perdas do petróleo e ao avanço pontual da moeda americana em relação a pares do real, como o peso mexicano. Apesar da alta hoje, o dólar acumula baixa de 0,90% na semana e ostenta perdas de 3,40% em novembro.

Segundo operadores, a formação da taxa de câmbio esteve sujeita à influência de forças opostas. De um lado, o recuo das commodities, em especial o tombo do petróleo, e a possibilidade de ciclo maior de corte de juros no Brasil jogavam o dólar para cima. De outro, a queda das taxas dos Treasuries e a perda da moeda americana em relação a outras divisas fortes favoreciam o real. Embora o quadro externo tenha guiado os negócios, investidores monitoraram os debates em Brasília em torno de eventual emenda ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para mudar a meta fiscal de 2024.

Após as leituras benignas de inflação nos EUA nos últimos dias, indicadores americanos divulgados pela manhã ratificaram a visão de que o Federal Reserve (Fed) não promoverá alta adicional dos juros. As apostas giram em torno agora de um processo de redução das taxas ainda no primeiro semestre de 2024. A produção industrial dos EUA caiu 0,6% em outubro, acima do esperado (-0,4%). O número de pedidos de auxílio-desemprego subiram 13 mil na semana encerrada dia 11, para 231 mil, superando as expectativas (220 mil).

Referência do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis moedas, em especial o euro, o índice DXY operava em leve baixa no fim do dia, após ter esboçado romper o piso de 105,000 pontos pela manhã, com mínima a 104,007 pontos. As taxas dos Treasuries recuaram em bloco, com o retorno da T-note de 10 anos na faixa de 4,44%. Entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar apresentava desempenho misto.

Os sinais de desaceleração da economia americana e, em especial, as preocupações com o setor imobiliário na China, após dados fracos de vendas de imóveis e queda de investimento no setor nos dez primeiros meses do ano, derrubaram os preços de commodities metálicas e do petróleo. Com aceleração das perdas ao longo da tarde, o contrato do tipo Brent para janeiro fechou em queda de 4,63%, a US$ 77,42 o barril.

O consultor econômico da Remessa Online, André Galhardo, afirma que o quadro externo tem sido predominante na formação da taxa de câmbio. A valorização do real nesta semana deriva, sobretudo, da perda de força global do dólar e da queda das taxas dos Treasuries, diante do processo de desinflação nos EUA. "Tudo sugere que a inflação e o ritmo de atividade estão arrefecendo, e o Fed não vai ter mais que subir os juros. Isso abriu caminho para valorização das divisas de países emergentes", diz.

Galhardo alerta, contudo, que o quadro fiscal nos EUA impede um recuo mais expressivo das taxas longas americanas, limitando a possibilidade de uma rodada mais expressiva de apreciação de divisas como o real. "Tem espaço para a moeda brasileira continuar se valorizando, mas não é muito grande. Os juros de longo prazo poderiam cair muito mais se a situação fiscal nos EUA fosse melhor", afirma o consultor da Remessa Online.

Por aqui, as atenções seguem voltadas para o debate em torno da meta fiscal. No início da tarde, após reunião no Palácio do Planalto da qual participou a equipe econômica, o relator do PLDO, deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), disse que o governo decidiu manter, neste momento, a meta de déficit primário zero em 2024. Trata-se de uma vitória do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contra a ala política do governo, que propunha alteração da meta para déficit entre 0,5% e 0,75% do PIB.

Bolsa de Valores

O Ibovespa subiu 1,20% hoje e encerrou o dia com 124.639,24 pontos, acima da linha de 124 mil pontos pela primeira vez desde o fim de julho de 2021, acompanhando a expectativa de fim do aperto monetário nos Estados Unidos e de manutenção da meta fiscal de déficit primário zero em 2024 pelo governo brasileiro. A queda dos juros futuros também beneficiou ações de consumo de grandes bancos e ajudou a sustentar os ganhos.

Esse otimismo manteve o índice em alta durante praticamente toda a sessão, entre a mínima de 123.165,30 (0,0%) e a máxima de 124.736,97 pontos (+1,28%), apesar da firme queda dos preços do petróleo, que derrubou as ações da Petrobras. O desempenho da Bolsa aqui contrariou, inclusive, o sinal negativo de Nova York, onde as bolsas passaram o dia em queda e fecharam próximas da estabilidade.

O giro financeiro bateu R$ 43,4 bilhões, bem acima dos últimos pregões, com o vencimento de opções sobre o Ibovespa nesta quinta-feira, 16.

A Bolsa brasileira já havia engatado alta pela manhã, quando cruzou a linha dos 124 mil pontos, amparada pela queda dos juros futuros domésticos, que acompanharam os rendimentos dos Treasuries americanos. Os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA subiram a 231 mil na semana até 11 de novembro, mais do que o esperado, sugerindo desaceleração da economia do país.

Depois, no início da tarde, a informação de que o governo não agirá para mudar a meta fiscal de 2024 por meio de uma emenda ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) - citada primeiro pelo relator do texto, deputado Danilo Forte (União-CE), e depois confirmada pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT) - foi lida como uma vitória da equipe econômica e ajudou a ampliar o otimismo.

"Os últimos dados da economia americana mostraram que o aperto feito pelo Federal Reserve (Fed) está começando a surtir efeito, e o posicionamento do governo aqui, tentando mostrar responsabilidade fiscal, deixa os mercados mais leves e permite essa recuperação", disse o head de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno. "Quem estava com posições vendidas começou a fechar, o que acaba impulsionando."

Operadores citam também um ajuste do Ibovespa à alta dos pares de Nova York ontem - quando o mercado doméstico ficou fechado devido ao feriado de Proclamação da República -, também devido à percepção de que o Fed pode evitar um novo aumento dos juros. A ferramenta do CME Group já indica que há menos de 1% de chance de um aumento de 25 pontos-base na taxa dos Fed Funds nas próximas reuniões.

Esses fatores compensaram mesmo a queda dos papéis da Petrobras (ON -1,74%, PN -2,02%), que, juntos, retiraram 0,20 ponto porcentual do Ibovespa hoje. O desempenho da empresa acompanhou os contratos futuros do petróleo, que fecharam em baixa de 4,63% (Brent) a 4,81% (WTI), nos menores níveis desde julho, devido a temores em relação à demanda dos EUA e China pela commodity.

Outras duas petroleiras, Prio ON (-3,53%) e 3R Petroleum (-2,58%), figuraram como as duas maiores quedas do índice hoje.

No fechamento, 70 das 86 ações que compõem o Ibovespa tiveram ganhos. A queda dos juros futuros beneficiou os papéis de varejistas, o que levou o índice setorial de consumo a uma alta de 2,87%. Magazine Luiza ON (+24,43%) liderou as altas da Bolsa - beneficiada por fatores técnicos após ter reportado ajustes contábeis junto com seu balanço - seguida por Casas Bahia ON (+11,54%).

O setor financeiro também teve alta na sessão (+1,59%), puxada por Bradesco (PN +3,46%, ON +2,76%). O segmento de materiais básicos subiu 1,69%, ignorando a queda dos preços do minério de ferro e acompanhando a discussão sobre novos estímulos na China e sobre a melhora na cooperação bilateral após o encontro entre o presidente do país, Xi Jinping, e o presidente americano, Joe Biden. Vale ON ganhou 0,67%, CSN ON subiu 6,91% e Usiminas PNA, 7,21%.

Para Moliterno, da Veedha, a perspectiva de fim do aperto monetário nos Estados Unidos e a confirmação de que a meta fiscal de 2024 não será alterada agora abrem espaço para aguardar que a Bolsa mantenha desempenho positivo até o fim do ano. "Salvo algum cisne negro pelo meio, acredito que este patamar é sustentável, o cenário demonstra isso e a gente deve fechar entre 125 mil e 130 mil pontos", disse o profissional.

Entre as maiores altas do Ibovespa, além de Magazine Luiza, Casas Bahia e Usiminas, também apareceram BRF ON (+8,03%) e Cogna ON (+7,24%). Na ponta oposta, além de Prio ON, 3R Petroleum e Petrobras ON, apareceram Cielo ON (-2,28%) e São Martinho ON (-2,05%).

Juros

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,500%, de 10,555% no ajuste de terça-feira, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,27% para 10,19%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,32% (de 10,40%) e a do DI para janeiro de 2029 ficou em 10,73%, de 10,81%.

O movimento mais firme de baixa ocorreu pela manhã, quando as taxas chegaram a recuar em torno de 10 pontos-base, alinhadas às curvas globais e à descida do dólar até a marca de R$ 4,83. A primeira etapa exigiu um ajuste dos DIs à inesperada deflação dos preços do atacado nos EUA em outubro, ontem, quando o mercado aqui estava fechado, e hoje saíram números acima do esperado de pedidos de auxílio desemprego. Na quinta-feira, a inflação ao consumidor já tinha surpreendido para baixo.

Nesse contexto, cresce a percepção de que os juros nos EUA não devem mais subir e o ciclo de corte pode começar ainda no primeiro semestre de 2024. No fim do dia, o yield da T-Note de dez anos estava em 4,441%.

Ainda no exterior, chamou a atenção o tombo de quase 5% nos preços do petróleo, decorrente da alta dos estoques norte-americanos combinada às preocupações sobre a desaceleração da demanda, em especial na China. O barril do Brent, que serve de parâmetro para os preços internos, fechou em US$ 77,42 no contrato para janeiro. O comportamento da commodity reforça a possibilidade de novo ajuste em baixa nos preços dos combustíveis no curto prazo, o que representaria alívio adicional ao cenário inflacionário.

Na área fiscal, o mercado passou a manhã esperando o desfecho da reunião entre ministros da área econômica e política no Planalto, da qual sairia uma definição sobre a meta de 2024. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, que defende a flexibilização do objetivo de zerar o déficit, não estava presente. Após o encontro, no início da tarde, o relator da LDO, Danilo Forte (União Brasil-CE), comunicou que o governo não apresentaria emendas para a alteração no texto, que deverá ser apresentado até a próxima terça-feira.

Apesar de ser este o tema central das preocupações domésticas, a decisão pela manutenção da meta não gerou reação positiva nas taxas, que até chegaram a desacelerar o ritmo de baixa, num momento em que também o dólar zerava as perdas ante o real. Os agentes classificam como positiva a decisão do governo, mas veem como insuficiente para animar os investidores.

"Por mais que Fernando Haddad tenha ganho a batalha contra Rui Costa, para 2024 ainda tem muita coisa em aberto, como por exemplo os projetos de incremento de arrecadação", afirmou o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da MAG Investimentos.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, afirmou que o mercado já tinha antecipado um cenário benigno da confirmação de que a meta segue zero, mas que o governo pode mudar à frente. "Agora, a questão do mercado deixa de ser se o governo vai se comprometer com a meta zero e passa a ser quando muda, e quão pior vai ser a meta revisada", disse.


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