Dólar avança e fecha cotado a R$ 5,63 após declarações de Powell

Dólar avança e fecha cotado a R$ 5,63 após declarações de Powell

Chefe do Banco Central dos EUA indicou aceleração do aperto monetário

AE

Moeda avançou forte nesta terça-feira

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Depois deu uma manhã predominantemente em queda, em meio à disputa pela formação da última taxa Ptax de novembro, o dólar ganhou força ao longo da tarde desta terça-feira, chegando, nos piores momentos, a tocar na casa de R$ 5,67. A troca de sinal se deu durante uma arrancada momentânea do índice DXY - que mede o desempenho moeda americana frente a seus pares fortes -, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, dar a entender que o surgimento da variante Ômicron não muda o plano de voo do BC americano. Ou seja, pode haver aceleração no ritmo de redução de estímulos monetários (tapering) e antecipação da alta de juros para o primeiro semestre de 2022.

Com o retorno do índice DXY para terreno negativo, o dólar desacelerou o ritmo de alta, mas seguiu com sinal positivo, orbitando os R$ 5,65. Lá fora, a moeda cedia contra os principais pares do real, como o peso mexicano e o rand sul-africano. A aprovação da PEC dos Precatórios na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e a perspectiva de votação da proposta no plenário da Casa ainda hoje tiraram um pouco da pressão sobre a taxa de câmbio, mas não o suficiente para sustentar um movimento de apreciação do real.

Segundo operadores, o azedume da Bolsa, que perdeu pontualmente o patamar dos 101 mil pontos, acompanhando os índices em Nova York, e fatores técnicos, como a rolagem das posições futuras típicas de fim de mês, prejudicaram a moeda brasileira. Com isso, o dólar à vista terminou o dia em queda alta de 0,46%, a R$ 5,6355, acumulando valorização de 0,71% na semana. Mesmo assim, a moeda americana encerra novembro em queda de 0,19%, interrompendo uma sequência de dois meses de valorização expressiva (3,67% em outubro e 5,30% em setembro).

Vale ressaltar que o real se destacou em relação a seus pares, já que o dólar subiu mais de 4% em relação ao peso mexicano e ao rand sul-africano no mês. Novembro também foi marcado por uma alta de mais de 2% do índice DXY.

O diretor de estratégia da Inversa Publicações, Rodrigo Natali, afirma que a formação da taxa de câmbio hoje foi contaminada por movimentos técnicos típicos de fim de mês, o que impede uma avaliação mais assertiva dos impactos do noticiário externo e interno sobre a dinâmica do dólar. "Muitos fundos tiveram um mês horrível e estão tentando fazer ajustes. Em dois ou três dias, esse movimento técnico vai ser normalizar", diz.

Natali destaca que o mercado foi pego no contrapé na sexta-feira passada, tendo que absorver a informação da descoberta da ômicron em dia de liquidez reduzida. Após a recuperação parcial dos ativos ontem, hoje o humor voltou a piorar no exterior. "Grosso modo, os ativos domésticos vêm se comportando bem. A bolsa está caindo em linha com Nova York e o dólar subindo um pouco. Há um mês, um movimento de estresse lá fora desse tamanho teria levado o dólar a subir mais de 2%", diz Natali, ressaltando que o real teve um bom desempenho em novembro, tendo se apreciado em relação a outras moedas, como o euro, em mês marcado por forte apreciação do dólar no exterior.

Pela manhã, ecoou negativamente a fala do CEO da Moderna, Stéphane Bancel, de que as vacinas atualmente existentes devem ter eficácia reduzida na prevenção da variante ômicron. Já o conselheiro da Casa Branca para infectologia, Anthony Fauci, afirmou hoje que, ainda que a nova variante possa ter uma capacidade maior de escapar das vacinas contra a Covid-19, os imunizantes devem seguir reduzindo quadros graves da doença.

Powell disse que o impacto da ômicron sobre a economia não deve ser "remotamente próximo" do observado em 2020, quando houve lockdowns. O presidente do BC disse que a nova variante é um risco, mas que não integra as projeções do Fed. E afirmou que "talvez seja adequado" encerrar o tapering, como é conhecimento o processo de redução de compra mensal de títulos, alguns meses antes, tendo em vista os níveis elevados de inflação. "Usaremos nossas ferramentas para que a inflação não fique enraizada", afirmou.

O economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, observa que o mercado esperava que Powell, diante do surgimento da nova variante do coronavírus, trouxesse um discurso dovish, descartando a possibilidade tanto de uma aceleração do tapering quanto de uma antecipação da alta de juros nos EUA. "Era isso que o mercado tinha posto no preço com a ômicron. Mas o discurso de Powell foi bem duro e a reação foi imediata, com um movimento de risk-off", afirma Miraglia. "Temos que acompanhar o impacto dessa variante na economia. Pode criar choque de oferta, que é responsável pela inflação. Mas os preços das commodities caem, o que pode ajudar".

Juros

A inclinação negativa da curva de juros continuou se ampliando nesta última sessão de novembro, com as taxas curtas fechando com viés de baixa e as longas em queda firme. O mercado voltou a olhar os possíveis impactos da variante Ômicron sobre a atividade pelo lado desinflacionário e, além disso, a aprovação do relatório do senador Fernando Bezerra (MDB-PE) sobre a PEC dos precatórios na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado trouxe alívio nos prêmios - amplamente acentuado na sessão estendida após sinalizações de que o plenário pode votar o texto hoje.

Por outro lado, declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, foram lidas como conservadoras e seguraram um desempenho mais favorável da ponta curta. As taxas chegaram a piorar em bloco com o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre inflação e tapering, no começo da tarde, mas a reação se dissipou ao longo da segunda etapa.

A taxa dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,87% (regular) e 11,78% (estendida), de 11,896% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,595% para 11,49% (regular) e 11,40% (estendida). O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 11,38% (regular) e 11,31% (estendida), de 11,573%. Considerando os preços da etapa regular, o spread entre os contratos para janeiro de 2027 e janeiro de 2023, que no fim de outubro era de 13 pontos-base, encerrou novembro em -49 pontos, inversão que reflete sobretudo o aumento das apostas ao longo do mês num ciclo mais agressivo da Selic.

O desenho da curva se alterou várias vezes ao longo da terça-feira, com o mercado operando com um olho no exterior e outro nos eventos domésticos. Lá fora, a percepção de que a nova cepa do coronavírus tem potencial para resgatar lockdowns e medidas de isolamento pelo mundo voltou a prevalecer ao fato de que, aparentemente, é menos letal.

A CEO da Moderna, Stephane Bancel, cogitou que as vacinas existentes podem ser menos efetivas contra a Ômicron e que pode levar meses até que um imunizante específico seja desenvolvido e distribuído. O temor sobre o impacto na demanda derrubou em quase 6% os preços do petróleo, variável essa que tem sido um dos tormentos para a inflação no Brasil.

Do ponto de vista técnico, o Tesouro contribuiu para tirar pressão da curva ao ofertar um lote bem menor de NTN-B no leilão de hoje, de 850 mil títulos, contra 1,450 milhão na semana passada e 1,8 milhão na operação há duas semanas. Mas não vendeu tudo (694.200). Segundo a Renascença DTVM, o risco da operação (DV01) foi de US$ 290,5 mil, contra US$ 540,6 mil no leilão da semana passada.

 

 


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