Dólar cai 0,48% no dia, mas fecha semana de Copom com alta de 3,05%

Dólar cai 0,48% no dia, mas fecha semana de Copom com alta de 3,05%

Moeda norte-americana fecha semana cotada a R$ 4,87

AE

Moeda segue em alta moderada no mês

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Após três pregões consecutivos de valorização, em que ameaçou fechar acima de R$ 4,90, o dólar à vista recuou na sessão desta sexta-feira. Segundo operadores, houve um movimento natural de ajuste de posições e realização de lucros em meio ao enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior, em especial na comparação com divisas emergentes pares do real como pesos mexicano e colombiano. No fim do dia, a divisa era cotada a R$ 4,8753, em baixa de 0,48%. Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para setembro teve giro razoável, acima de US$ 12 bilhões. A semana teve o câmbio influenciado pela redução dos juros pelo Copom.

Dados mistos do relatório de empregos (payroll) nos EUA, mas com geração de vagas abaixo do esperado em julho, deram força a apostas de que não haverá nova alta dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em setembro. As taxas dos Treasuries recuaram após a escalada dos últimos dias.

O dólar à vista encerra a semana com valorização de 3,05%. Nos quatro primeiros pregões de agosto, houve ganhos de 3,08%, após queda de 1,25% em julho. Em relação aos pares, o real sofreu mais que os pesos mexicano e chileno na semana, mas teve desempenho superior ao registrado por peso colombiano e rand sul-africano.

Analistas veem um movimento de realização de lucros com divisas emergentes de países latino-americanos, que já embarcaram - caso de Brasil e Chile - ou estão prestes a embarcar em um ciclo de redução de juros, na contramão da tendência para a política monetária nos países desenvolvidos. Por aqui, a decisão do Copom na quarta-feira, de reduzir a Selic em 0,50 pontos-base e contratar mais reduções da mesma magnitude contribui, segundo analistas, para parte da depreciação da moeda brasileira.

O diretor de Tesouraria do banco de câmbio Braza Bank, Bruno Perottoni, observa que pelo menos metade da baixa do real na quinta-feira pode ser atribuída à reação dos investidores ao comunicado do Copom. Mais do que a decisão em si, de corte de 0,50 ponto porcentual, trouxe desconforto a contratação de reduções seguidas de 0,50 ponto. "Esse fato de cravar cortes seguidos de 0,50 jogou gasolina no mercado. Esse ímpeto de reduzir juros pode dar uma estressada no câmbio, uma vez que Estados Unidos e Europa mantêm taxas altas", afirma Perottoni.

O Ibovespa chegou a ensaiar reação nesta quarta sessão de agosto, mas não conseguiu evitar o sinal que prevaleceu nas três anteriores, negativo, pressionado nesta sexta-feira, em especial, pela má recepção aos balanços trimestrais de dois pesos-pesados do índice, Petrobras (ON -4,20%, PN -2,98%) e Bradesco (ON -4,77%, PN -6,65%). Ao final, a referência da B3 mostrava perda de 0,89%, a 119.507,68 pontos, tendo chegado no melhor momento, no começo da tarde, a 121.442,02 pontos, então em alta moderada na sessão.

O dia foi misto e ao final também negativo em Nova York, onde os índices acumularam perdas entre 1,11% (Dow Jones) e 2,85% (Nasdaq) na semana, com cautela reforçada desde o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Fitch. Aqui, o Ibovespa encerrou o intervalo de cinco sessões da semana em baixa de 0,57%, após ter fechado a semana anterior bem perto da estabilidade (-0,02%).

Com perdas ao longo das quatro primeiras sessões de agosto, o índice recua 2,00% nesta abertura de mês, limitando o avanço do ano a 8,91%. Reforçado como na quinta-feira, o giro financeiro foi a R$ 30,3 bilhões nesta sexta-feira, em que o Ibovespa saiu de abertura aos 120.585,58 e tocou, na mínima do dia, 119.215,02 pontos. Pouco acima disso, aos 119,5 mil pontos, teve nesta sexta o menor nível de fechamento desde 20 de julho, então aos 118 mil.

De certa forma, o pós-Copom foi uma decepção relativa, tendo em vista que o BC, mesmo que dividido, entregou redução de juros no limite superior da expectativa do mercado, com o corte da Selic em meio ponto percentual, o que deve se repetir na próxima reunião do Comitê conforme a sinalização dada no comunicado. O apetite por risco, contudo, não veio, e isso ficou evidente desde a quinta, em particular no comportamento das ações de grandes bancos.

Além da cautela externa, que dificulta o apetite por risco em ativos domésticos, algumas nuances não passaram despercebidas desde a noite da última quarta-feira - o que alimenta, em parte, incerteza sobre a trajetória de queda dos juros à frente. No caso dos bancos, há a questão ainda em aberto quanto ao fim da distribuição de JCP (juros sobre capital próprio), sinal que tem sido reiterado pelo governo recentemente. Mas também pesa sobre o setor o efeito das incertezas sobre o ritmo de redução dos juros, quando ainda pendem dúvidas sobre quanto o governo conseguirá arrecadar, de fato, para fazer frente ao compromisso de equilíbrio fiscal.


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