Dólar cai 0,55% e fecha abaixo dos R$ 5

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Avanço da moeda dos EUA na véspera incentiva exportadores a trazerem dinheiro para o Brasil

AE

Moeda norte-americana fechou com queda de R$ 0,057 (-1,07%) nesta quinta-feira

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O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira em baixa de 0,48%, cotado a R$ 4,9875, devolvendo parte da alta de 1,37% no pregão de ontem, na esteira da confirmação do nome do secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, para a diretoria de Política Monetária do Banco Central. Pela manhã, a divisa chegou até a esboçar um avanço pontual, atingindo máxima a R$ 5,0375, mas não se sustentou muito tempo em terreno positivo e, com renovação sucessiva de mínimas no início da tarde, desceu até R$ 4,9735.

Operadores atribuíram a recuperação do real a ajustes de posições e movimento de realização de lucros no mercado futuro de câmbio. O tom duro da ata do Copom, que afasta a perspectiva de redução de juros já na virada do semestre, fluxo financeiro para a bolsa e internalização de recursos por exportadores teriam contribuído para segurar o dólar no mercado doméstico.

No exterior, a moeda americana subiu em relação ao euro e à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, em dia de baixo apetite ao risco diante de preocupações com o setor bancário americano e resultado abaixo do esperado da balança comercial chinesa. Pares do real, como o peso mexicano e, em especial, o peso chileno, contudo, foram na contramão e ganharam força em relação ao dólar.

"O real se desvalorizou muito ontem com a indicação de Galípolo aumentando o temor de pressão sobre o Banco Central e hoje está devolvendo um pouco com a ata do Copom sinalizando que não vai ter redução de juros tão cedo", afirma o sócio da Nexgen Capital Felipe Izac, para quem Galípolo é um nome "técnico" e com boa passagem no mercado financeiro, mas está identificado com as ideias do governo sobre a política monetária. "Além do ajuste de ontem, vi um movimento forte de entrada de capital, com diversas empresas exportadoras colocando ordens depois que o dólar bateu máxima".

À tarde, Galípolo fez seu primeiro pronunciamento após ser indicado ao BC e concedeu entrevista. Ele se esquivou de comentar a ata do Copom, algo que julgou inadequado antes de ser sabatinado pelo Senado. O secretário-executivo da Fazenda disse que mantém uma boa relação com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e que recebeu de Haddad a missão de evitar que as políticas monetárias e fiscal sigam caminhos distintos

A ata do Copom manteve o tom do comunicado da semana passada, quando o colegiado do BC decidiu manter a taxa Selic em 13,75%. O cenário de retomada do ciclo de alta de juros passou a ser "menos provável", mas as expectativas de inflação seguem desancoradas. A reoneração dos combustíveis e apresentação da proposta de arcabouço fiscal "reduziram parte da incerteza advinda da política fiscal", embora ainda seja preciso esperar o desenho final "a ser aprovado pelo Congresso".

O relator do projeto do novo arcabouço, deputado Cláudio Cajado (PP-BA) disse hoje que deve entregar o relatório até quinta-feira, 11. Parlamentares ouvidos pelo <b>Broadcast Político</b> disseram, contudo, que a entrega do texto vai ser adiada para a semana que vem.

"Parece que o texto do arcabouço vai ser finalmente entregue e deve ser aprovado. Temos bolsa barata em dólar e taxa de juros muito atraente que atraem capital, o que favorece a queda do dólar. Além disso, o fluxo comercial segue forte", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, que vê a taxa de câmbio oscilando em uma banda entre R$ 4,90 e R$ 5,10 no curto prazo.

Juros

As taxas dos contratos de juros futuros avançaram levemente na sessão desta terça-feira, 9, puxadas inicialmente pelo tom hawkish da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio. Durante a tarde, declarações do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central, acentuaram a tendência de alta, embora tenham sido lidas pelo mercado como melhores do que o previsto. A curva, contudo, apresentou leve desinclinação.

Na comparação com o ajuste de segunda-feira, 8, o contrato de DI para janeiro de 2024 avançou de 13,207% para 13,240%, mesmo movimento visto nos vencimentos para janeiro de 2025 (11,665% para 11,795%), 2027 (11,550% para 11,655%) e 2029 (11,951% para 12,050%). O spread entre os contratos para janeiro de 2025 e janeiro de 2029 ficou em 25,5 pontos-base, pouco abaixo do observado na comparação entre os ajustes anteriores (28,6 pontos).

Os primeiros pronunciamentos públicos de Galípolo após a confirmação da sua indicação para o BC foram o destaque da etapa vespertina. Em entrevista coletiva a jornalistas por volta de 15h, o secretário-executivo da Fazenda reforçou seu alinhamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Fernando Haddad, mas garantiu ter boa relação com o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, e prometeu que terá uma conversa "educada e cordial" dentro da autarquia.

Pouco depois, em entrevista à CNN Brasil, Galípolo repetiu ter bom trato com Campos Neto e os demais membros do Copom e se comprometeu a tentar facilitar a relação entre a Fazenda e a autoridade monetária, que tem sido alvo de críticas do governo por manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. "A minha missão no Banco Central é de ser facilitador de convergência entre o BC e a Fazenda", afirmou.

"Até achei que a curva podia inclinar um pouco mais, porque a nomeação de Galípolo e as declarações poderiam ter tido um tom mais bélico, de forçar o corte de juros, e o fato de ele ter vindo com um discurso mais ameno foi positivo. Por isso, a curva reagiu aumentando o nível, e não inclinando", avalia o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Xavier Andrade. "As últimas falas colocam um tom para o curto prazo de que ele não necessariamente vai interferir tanto na política monetária."

A ata do Copom de maio também ajudou a sustentar o aumento dos contratos de DI, após o BC reiterar a mensagem de "paciência e serenidade" na condução da política monetária e repetir que vai perseverar na sua estratégia até que as expectativas do mercado convirjam às metas e o processo de desinflação se consolide. Para analistas, o tom do documento mostrou que a autoridade monetária não vislumbra espaço para cortes dos juros nos próximos meses.


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