Dólar cai 1,12% e fecha a semana cotado a R$ 5,53

Dólar cai 1,12% e fecha a semana cotado a R$ 5,53

Mesma com queda semanal, moeda acumula valorização de 38% este ano

AE

Dólar caiu em 30 países emergentes

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Depois de quatro semanas consecutivas acumulando altas, o dólar caiu 2,5% nos últimos cinco dias, graças à melhora do cenário externo e uma trégua no noticiário político negativo interno. A perspectiva de um acordo para aprovar medidas fiscais de estímulo nos Estados Unidos aumentou o apetite por risco e ajudou a enfraquecer a moeda americana de forma generalizada no exterior. No mercado doméstico, como a definição das fontes de financiamento do novo programa social do governo ficou para depois das eleições municipais, o risco fiscal arrefeceu por ora, também ajudado por uma reaproximação do governo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Mesmo com a queda semanal, o dólar ainda acumula valorização de 38% este ano, mantendo o real como a moeda com pior desempenho no mercado internacional. Nesta sexta-feira, no mercado à vista, o dólar caiu 1,11%, para R$ 5,5264, a menor cotação desde 24 de setembro, quando encerrou no nível de R$ 5,51. No mercado futuro, o dólar com liquidação em novembro era negociado em queda de 1,40%, a R$ 5,5280 às 17h.

"O comportamento do dólar hoje foi guiado por desdobramentos políticos", afirma o analista sênior de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo, citando as negociações em Washington envolvendo o novo pacote de estímulo fiscal e as eleições presidenciais. A moeda americana caiu ao menor nível em mais de duas semanas ante o euro e o franco suíço e ainda recuou de forma generalizada nos emergentes e países exportadores de commodities.

Na tarde desta sexta-feira, a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, conversaram por cerca de 30 minutos sobre o pacote. Os republicanos aumentaram a oferta de estímulos, de US$ 1,6 trilhão, para US$ 1,8 trilhão, mas os democratas falam em ao menos US$ 2,2 trilhões. Apesar da animação dos mercados, analistas políticos estão céticos de que um pacote seja aprovado até as eleições do dia 3 de novembro. Para o banco Wells Fargo, é pouco provável a aprovação antes do pleito, mas as chances são crescentes de um pacote de estímulo após a confirmação do vencedor.

No mercado doméstico, o estrategista da TAG Investimentos, Dan Kawa, destaca que a semana foi mais amena em termos políticos, com Bolsonaro e Maia mostrando apoio a ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e a uma agenda econômica de reformas. Além disso, indicadores da atividade seguem mostrando força. A luz amarela veio do IPCA de setembro, divulgado hoje e que mostrou aceleração ante agosto. Para Kawa, fatores específicos e pontuais puxaram a alta. O maior risco para o Brasil segue o de "desancoragem fiscal", este sim capaz de tornar a inflação pontual em inflação estrutural.

Juros

O bom humor nos mercados internacionais e a ausência de novidades negativas no front fiscal mantiveram os juros bem comportados até o encerramento da sessão, embora à tarde o ritmo de queda, que fora intenso pela manhã, tenha perdido bastante força. As taxas terminaram perto dos ajustes anteriores, ainda assim num comportamento surpreendente para um dia de IPCA acima do teto das estimativas, que levou várias instituições a revisarem para cima suas previsões para o índice fechado do ano. A surpresa, porém, não afetou a precificação de Selic na curva, na medida em que o mercado viu as pressões localizadas em alimentos e transportes em função de choques de oferta, sobre os quais a política monetária não tem ingerência. No balanço da semana, a curva ganhou inclinação.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 3,23%, de 3,194% ontem no ajuste e a do DI para janeiro de 2023, taxa de 4,67%, de 4,645% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2025 passou de 6,564% para 6,55% e a do DI para janeiro de 2027, de 7,544% para 7,53%.

O IPCA de 0,64% em setembro, três vezes maior que a inflação de agosto (0,24%) e contra um teto das previsões que era de 0,61%, chegou a pressionar as taxas no começo do dia, mas o impacto foi sendo diluído pela manhã, diante da leitura mais detalhada dos preços na abertura do indicador. "Por mais que o IPCA tenha vindo salgado, não altera o padrão que temos visto, com pressões em alimentos e transporte explicada por mudanças de preço relativo, às quais o Banco Central não precisa reagir", afirmou o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.

De todo modo, houve uma onda de revisões para o IPCA de 2020, mas que ainda seguem distantes do centro da meta de 4% ou perto do piso de 2,75%. Entre elas, a do Itaú Unibanco de 2,5% para 3,0% e a do Bank of America (BofA), de 2% para 2,7%. Esta última era uma das poucas casas que ainda esperavam outra queda da Selic este ano, para 1,75%, e agora ajustou sua previsão para manutenção em 2%.

Muito mais do que a inflação, o mercado vê o fiscal como a grande ameaça à estabilidade da taxa básica. "Não tem comparação a importância desse IPCA com a incerteza fiscal de curto prazo. A inflação mais alta reduz a chance de um novo corte da Selic, mas é um efeito limitado. O que poderia suscitar uma alta de juros agora seria o governo romper o compromisso com o teto, não uma reação a essa inflação", afirma João Fernandes, economista da Quantitas Asset.

Ao longo da semana, as várias declarações de integrantes do governo reforçando o compromisso com o teto de gastos e ontem o discurso conjunto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do ministro da Economia, Paulo Guedes, em torno da agenda de reformas e recheado de elogios mútuos, retirou um pouco da pressão sobre a curva, apesar do enorme desafio do Tesouro para financiar a dívida.

 


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