Dólar cai para menor valor em 11 dias e fecha a R$ 3,71

Dólar cai para menor valor em 11 dias e fecha a R$ 3,71

Queda da moeda americana foi influenciada pela alta do petróleo e recuo na confiança do consumidor

AE

Dólar cai para menor valor em 11 dias e fecha a R$ 3,71

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O real foi a moeda que mais se valorizou nesta terça-feira ante o dólar entre as principais divisas mundiais, tanto de países desenvolvidos como emergentes. O apetite por risco melhorou no mercado financeiro internacional e ajudou a enfraquecer a moeda americana, que caiu influenciada pela alta do petróleo e o recuo acima do previsto na confiança do consumidor norte-americano.

Os investidores aguardam o final da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), nesta quarta-feira e, no mercado local, a volta ao trabalho do Congresso, na sexta-feira. O dólar à vista fechou em queda de 1,28%, a R$ 3,7194, o menor valor em 11 sessões.

Profissionais das mesas de câmbio observaram ingresso de recursos externos, com estrangeiros buscando ações baratas na B3, sobretudo o papel da Vale, que caiu 24% na segunda-feira. Notícias de empresas que planejam captações externas e de que o governo quer mesmo privatizar muitas estatais repercutiram positivamente nas mesas de operação, segundo operadores.

O secretário-geral de Privatizações do Ministério da Economia, Salim Mattar, disse que a venda de todas as estatais e suas subsidiárias pode render até US$ 30 bilhões, ou seja, mais do que o sinalizado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Nas captações, a Suzano anunciou uma reabertura de um bônus, a Eldorado Celulose planeja emitir US$ 500 milhões e comenta-se também de uma emissão externa da Latam.

No ambiente político, as atenções estão voltadas agora para o fim do recesso parlamentar, com os deputados e senadores voltando ao trabalho no dia 1º, sexta-feira. O presidente do Credit Suisse, José Olympio Pereira, disse nesta terça que, apesar da tragédia da Vale em Minas Gerais, o "clima de otimismo com o Brasil" prossegue e a aposta é de que o novo governo fará "profundas mudanças" e vai equilibrar as contas públicas.

Ao mesmo tempo, ele reforçou que a sinalização de Jair Bolsonaro de uma forma diferente de fazer política, sem mais o presidencialismo de coalização, traz incertezas sobre o apoio do Congresso às propostas do governo. Mas o tom visto em evento do Credit nesta terça com mais de 600 investidores e empresários era de otimismo com as reformas.

Os estrategistas da Nomura em Nova York fizeram aposta que preveem valorização do real, com o dólar podendo cair para a casa dos R$ 3,52 a R$ 3,67 nos próximos três meses. Eles acreditam que, após a resistência vista nos últimos dias de a moeda americana cair abaixo de R$ 3,70, a divisa pode buscar nas próximas semanas um novo ponto de equilíbrio, na casa dos R$ 3,50, por conta do possível avanço da Previdência, da possibilidade de acordo comercial entre China e EUA e de um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais 'dovish', ou seja, defendendo juros mais baixos.

Bovespa

O Ibovespa retomou a trajetória de alta, mas ainda sem fôlego para se sustentar no nível dos 96 mil pontos, após um tombo na véspera causado pela forte queda das ações da Vale em decorrência da tragédia com o rompimento da barragem em Brumadinho (MG). A valorização na sessão de negócios desta terça-feira entretanto, foi limitada pelo comportamento misto verificado no mercado acionário externo, que ainda teme as incertezas quanto ao ritmo de desaceleração da economia global.

O principal índice da bolsa encerrou o pregão com ganho de 0,20%, aos 95.639,33 pontos. A volatilidade foi bem menor do que na segunda, de 1,2 mil pontos, entre a máxima e a mínima do dia. O giro financeiro mostrou retorno à normalidade ficando em R$ 17 bilhões. "Há um otimismo permeando os negócios que está relacionado ao destravamento da economia, que mostra que pode deixar o baixo crescimento para trás", observa um operador. Ariovaldo dos Santos, gerente da mesa de renda variável da H.Commcor, ressalta que dados da nota de crédito divulgados pelo Banco Central também deram impulso extra ao setor de varejo.

O BC informou que as concessões de crédito livre subiram 12,8% e o estoque total, 5,5%, no ano passado. Ao mesmo tempo, os dados de inadimplência se mantiveram controlados, na média, de 3,8%. "Isso fez com que ações do setor de varejo dessem uma boa andada hoje (terça)", disse. A agenda liberal com discurso de autoridades em prol das privatizações, tanto do governo federal quanto de alguns estados, também empolgou investidores a disparar ordens de compra.

Pela manhã, tanto o secretário-geral de privatizações do Ministério da Economia, Salim Mattar, quanto o governador de São Paulo, João Doria, falaram sobre a venda de estatais. Isso ajudou na valorização de ações como Sabesp e Eletrobras, que, inclusive, liderou as altas durante boa parte do pregão. Respectivamente, os papéis ordinários da companhia de saneamento do Estado de São Paulo encerraram o dia em alta de 1,39% e os da holding de energia federal subiram 7,08%. Banco do Brasil ON e Petrobras ON pegaram carona nesse contexto e subiram 3,33% e 2,18%, respectivamente.

Taxas de juros

As taxas futuras de juros negociadas na B3 fecharam em queda em toda a curva nesta terça-feira, 29, refletindo o ambiente de queda do dólar e de retomada da confiança do investidor no avanço da reforma da Previdência. Passados os primeiros movimentos de mercado após o desastre da Vale em Brumadinho (MG), os investidores voltaram a acompanhar o cenário político e retomaram o tom otimista, com expectativa de que a proposta seja apresentada na primeira quinzena de fevereiro. Ao final dos negócios na etapa estendida, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2020 teve taxa de 6,46%, ante 6,48% do ajuste de segunda.

O DI para janeiro de 2021 projetou 7,14%, de 7,20% do ajuste anterior. O vencimento para janeiro de 2023 fechou a 8,30%, ante 8,36%. Na ponta mais longa da curva a termo, o DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 8,83%, de 8,92%. "Com menor impacto da Vale no cenário, o mercado retomou a percepção de que o cenário permanece positivo. Não há fatos novos concretos, mas também não há novos ruídos.

A percepção é de que o governo caminha para entendimentos no Congresso. As negociações na Câmara e no Senado mostram que o governo evolui para a composição de consensos", disse Rogério Braga, diretor de gestão de renda fixa e multimercados da Quantitas Asset. Braga citou ainda as negociações torno da permanência do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara, que sinalizam consenso entre governo e parlamentares, contribuindo para a tramitação mais célere das reformas. Mais cedo, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse ver Maia como um "bom nome".

Na segunda, Maia fechou acordo com o MDB, o PP e o PTB, ampliando assim seu escopo de apoio para a recondução do cargo. Aliados do parlamentar acreditam que ele tem chances reais de vencer no primeiro turno. Já o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse à tarde acreditar que o processo de elaboração da reforma da Previdência está sendo bem conduzido, porque se trata da mesma equipe do governo anterior, acrescida de novos nomes. "Todo mundo do governo passado e do novo tem enfatizado a necessidade da reforma da Previdência. O secretário especial de Previdência, Rogério Marinho, é um político extremamente habilidoso.

Segundo Mansueto, Marinho já está se encontrando com deputados, senadores e governadores e estaria mapeando os pontos mais ou menos polêmicos da proposta. Para esta quarta-feira, o destaque interno ficará por conta do IGP-M de janeiro. No exterior, as atenções se concentram na reunião de política monetária do Federal Reserve, que decidirá sobre as taxas básicas de juros americanas e poderá sinalizar os próximos passos da autoridade monetária acerca das taxas no futuro próximo.

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