Dólar começa semana em alta e fecha cotado a R$ 5,60

Dólar começa semana em alta e fecha cotado a R$ 5,60

Moeda norte-americana abriu a semana com avanço de 0,25%

AE

Nova onda da pandemia da Covid-19 está provocando cautela no mercado

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O dólar à vista inicia a semana em alta no mercado doméstico em meio à postura cautelosa dos investidores na véspera da provável votação da PEC dos Precatórios na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e diante de agenda carregada aqui e no exterior. Também pesaram na formação da taxa de câmbio hoje aspectos técnicos, já que amanhã ocorrerá a definição da última Ptax de novembro, com a tradicional disputa entre comprados e vendidos.

O pregão pode ser dividido, grosso modo, em duas etapas. Pela manhã, houve muita volatilidade e trocas de sinais. O dólar iniciou os negócios em queda e desceu até a mínima de R$ 5,5802, esboçando acompanhar a recuperação parcial dos ativos de risco, que haviam tombado na sexta-feira com a notícia da nova variante do coronavírus, identificada na África do Sul. A leitura preliminar é a de que, embora mais transmissível, a Ômicron não resultará em um aumento dos casos graves da doença.

O alívio, contudo, durou pouco e logo a moeda americana ganhou força, trocou de sinal e correu até a máxima de R$ 5,6397. Parte do mau humor foi atribuída ao cancelamento das festas da virada de ano em Salvador (BA), por conta da Ômicron - um prenúncio de que a atividade pode sofrer novamente com medidas restritivas. Também rondavam as mesas de operação rumores de que o governo não descartava lançar mão do estado de calamidade para pôr em pé o Auxílio Brasil caso a PEC dos Precatórios empaque no Congresso.

Depois de muito chacoalhar pela manhã, o dólar à vista se fixou em terreno positivo ao longo da tarde, sempre acima do patamar de R$ 5,60. No fim da sessão, era cotado a R$ 5,6097, em alta de 0,25%. Apesar de dois pregões consecutivos de valorização, a moeda americana ainda recua 0,64% em novembro e pode interromper uma sequência de dois meses de forte alta (3,67% em outubro e 5,30% em setembro).

Se na sexta-feira o real, embora tenha se depreciado, apresentou um desempenho melhor que seus pares emergentes, hoje a moeda brasileira foi destaque negativo, já que o dólar caiu tanto em relação ao peso mexicano quanto ao rand sul-africano. O índice DXY - que mede a variação do dólar frente a seis moedas fortes - se recuperou das perdas de sexta e trabalhou em alta firma, na casa dos 93,369 pontos.

O líder de renda fixa e produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, observa que o real chegou a acompanhar a melhora dos mercados pela manhã, mas que os investidores retomaram posições defensivas, levando o dólar para cima de R$ 5,60 à espera votação da PEC dos Precatórios. "O fato de a moeda brasileira não acompanhar seus principais pares, como o peso e o rand sul-africano, significa que o mercado pode estar se antecipando a qualquer coisa negativa amanhã na votação da PEC", diz Rolha, acrescentando que a agenda é carregada aqui e lá fora, com divulgação do PIB no Brasil no terceiro trimestre na quinta-feira (02) e do relatório de emprego nos Estados Unidos (payroll) na sexta-feira.

Dados os problemas domésticos e a perspectiva de um dólar forte no exterior, em razão dos indicadores positivos da economia americana, Rolha não vê motivos para taxa de câmbio retornar para uma banda entre R$ 5,40 e R$ 5,50 no curto prazo. O mais provável, diz o especialista, é que o dólar siga numa faixa entre R$ 5,55 e R$ 5,60, podendo alcançar os R$ 5,70. "O ambiente local continua muito perturbado e pode haver demanda por dólar lá fora como proteção. Devemos ter uma semana de bastante volatilidade".

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse, hoje à tarde, que a PEC dos Precatórios, caso aprovada amanhã na CCJ, deve ir ao plenário da Casa na quinta-feira. Pacheco acredita que será mantido no texto a mudança do cálculo do teto de gastos e o limite para o pagamento de precatórios, abrindo "muito espaço fiscal" para o Auxílio Brasil.

Mais cedo, o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, disse que o governo acredita na aprovação da PEC e, por isso, não trabalha com plano B. Segundo Valle, a definição do Orçamento de 2022 vai diminuir as dúvidas do mercado sobre a política fiscal no ano que vem. O secretário afirmou ainda que, com a PEC, o governo terá "margem de manobra" para lidar como uma eventual nova onda da covid-19.

Dados divulgados hoje à tarde mostraram que as contas do Governo Central - que reúnem Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central - registraram superávit primário de R$ 28,195 bilhões em outubro, acima da mediana de Projeções Broadcast (R$ 26,150 bilhões) e o melhor resultado para o mês desde 2016.

O gerente de derivativos H.Commcor, Cleber Alessie, vê a PEC dos Precatórios como um ponto de alerta, mas acredita que os investidores estão mais sensíveis, neste momento, aos eventuais desdobramentos da disseminação da Ômicron. Ele nota que, por ora, o nível de R$ 5,60 tem atraído vendedores ao mercado de câmbio doméstico, o que, ao lado dos juros mais altos, ajuda a dar alguma sustentação ao real.

"Mas se a nova cepa do coronavírus se mostrar mais perigosa do que a leitura que o mercado tem hoje, o dólar pode subir ainda mais", diz Alessie, que chama a atenção para os discursos do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ao longo desta semana. "Vamos ver se o Fed vai mudar o discurso sobre o ritmo de redução de estímulos com o surgimento da nova variante", afirma.

Juros

Os juros futuros fecharam em queda, após uma sessão de volatilidade, em que alternaram altas e baixas ao sabor do noticiário e da agenda de indicadores. O efeito da melhora da perspectiva sobre os impactos da variante Ômicron na economia global e do IGP-M abaixo do esperado acabou sendo contrabalançado ao longo da sessão pela piora do câmbio, alta do petróleo e receios com a área fiscal, com o investidor acompanhando as informações sobre a PEC dos Precatórios. No fim da etapa regular, no entanto, firmaram-se em baixa e renovaram mínimas após declarações do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), consideradas positivas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,88% (regular e estendida), de 11,916% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,735% para 11,59% (regular e estendida). A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,57% (regular) e 11,55% (estendida), de 11,713%.

A aversão ao risco vista na sexta foi considerada "exagerada", dado que as informações sobre a nova cepa ainda eram bastante incipientes. Na avaliação dos especialistas, a nova variante tem elevado potencial de transmissão, mas baixa letalidade, o que encorajou os players. Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o risco global da Ômicron é "muito alto", dadas as possibilidades de que escape à proteção das vacinas disponíveis. "Enquanto o mundo todo não estiver vacinado, as variantes vão surgir", diz o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier, para quem, contudo, a evolução da pandemia tira do horizonte a chance de um choque de juros no Brasil.

As taxas abriram em baixa, na esteira do IGP-M de novembro aquém do esperado, da queda do dólar e da melhora do apetite por risco lá fora. A inflação medida pelo índice, de 0,02%, teve forte desaceleração ante outubro (0,64%) e ficou abaixo do piso das estimativas do mercado, de 0,15%. Outro vetor da abertura foi a pesquisa Focus, que, como esperado, mostrou avanço nas estimativas de IPCA no curto prazo - em 2021 subiu a 10,15% e a de 2022, a 5%, no teto da meta para o ano que vem. O recuo das taxas, porém, perdeu força ainda pela manhã, com a virada do dólar para cima e notícias negativas do lado fiscal - o ministro Luís Roberto Barroso, do STF liberou estados e municípios que aderirem ao Regime de Recuperação Fiscal a realizar concurso para preenchimento de cargos vagos na administração pública.

Pouco antes do fechamento da etapa regular, o noticiário fiscal voltou, na avaliação dos players, a melhorar, abrindo espaço para devolução dos prêmios. O movimento foi atribuído à fala de Pacheco, que defendeu os pontos centrais do governo na PEC dos precatórios e disse não ver outra solução para abrir espaço ao Auxílio Brasil no próximo ano que não seja o limite ao pagamento destas dívidas judiciais. Ele previu que o texto deve ser votado pelo plenário da Casa na quinta-feira caso seja aprovado amanhã na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Para Xavier, dado o temor do mercado com a possibilidade de volta do estado de calamidade, qualquer notícia que sinalize para a votação da PEC tende a agradar ao mercado. "Se falam que vão botar para votar, é porque alguma segurança devem ter, então gera uma expectativa positiva", afirmou. O Executivo, porém, ainda está buscando votos para consolidar o placar necessário, de 49 votos favoráveis no plenário.

 

 


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