Dólar emenda 3º pregão seguido de queda e acumula baixa de 2,79% na semana

Dólar emenda 3º pregão seguido de queda e acumula baixa de 2,79% na semana

Moeda norte-americana encerrou sessão cotada a R$ 4,73

AE

Dólar fechou com alta de R$ 0,09 (+1,77%) nesta terça-feira

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O dólar à vista emendou nesta sexta-feira, o terceiro pregão consecutivo de queda, rompeu o piso de R$ 4,75 e encerrou a semana, marcada por retorno mais forte do apetite ao risco no exterior, com desvalorização de 2,79%. Uma vez mais, o mercado doméstico de câmbio acompanhou a onda de enfraquecimento global da moeda norte-americana, sobretudo em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities.

À medida que se cristaliza a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) será comedido no ajuste da política monetária, investidores voltam as Bolsas atrás de pechinchas e reduzem posições em dólar aqui e no exterior. Esse movimento começou com a ata do Fed, na quarta-feira, continuou na quinta-feira a divulgação da segunda leitura do PIB dos EUA no primeiro trimestre e foi reforçado nesta sexta com dados de inflação e gastos ao consumo americano em abril.

O mercado parece operar a redução dos temores de uma forte desaceleração da atividade nos EUA com níveis ainda elevados de inflação, a "estagflação". A busca ao risco é amparada pela percepção de que, a despeito do aperto das condições financeiras, a economia americana vai experimentar um pouso suave. Há apostas de que o Fed poderá promover mais duas altas de 50 pontos-base na taxa básica e, em seguida, adotar uma pausa para acompanhar os indicadores econômicos.

"O PIB dos EUA abaixo da esperado e a inflação um pouco menos pressionada corroboraram essa visão do mercado de que o Fed não vai ter que subir tanto os juros", afirma o sócio e fundador da W1 Capital Caio Tonet, ressaltando que havia um espaço para um movimento de recuperação dos ativos de risco, uma vez que as bolsas em Nova York vinham de sete semanas seguidas de baixa e o dólar havia se fortalecido muito no exterior.

Afora uma alta pontual pela manhã, atribuída por operadores a movimentos de ajustes e realização de lucros, o dólar à vista trabalhou em queda ao longo de toda a sessão. As mínimas vieram no início da tarde, em sintonia com o exterior, quando a moeda tocou o piso de R$ 4,7156. No fim do dia, o dólar recuava 0,49%, cotado a R$ 4,7382. Com isso, a moeda fecha esta semana com baixa de 2,79%, após ter perdido 3,63% na semana passada. Em maio, o dólar acumula desvalorização de 4,14%. No ano, perde 15,02%.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em queda, embora comedida, praticamente ao longo de todo o pregão e fechou em baixa de 0,16%, aos 101,668 pontos. Na semana, o recuo foi de 1,44%.

O índice de preços de gastos com consumo nos EUA (PCE), medida de inflação preferida pelo Fed, subiu 6,3% em abril na comparação anual, após alta de 6,6% em maio. A renda pessoal americana cresceu 0,4% em abril, pouco abaixo do esperado (0,5%). Já os gastos com consumo subiram 0,9% no mesmo intervalo, superando expectativas (+0,7%). Além disso, os gastos com consumo em março foram revisados de alta de 1,1% para 1,4%

"Os ultimos dados apoiam a visão de um Fed mais 'dovish', o que faz com que todas as moedas emergentes se recuperem em relação ao dólar", diz o economista Homero Guizzo, da Terra Investimentos. "O fato de o Brasil ter saído na frente no ciclo de ajuste da política monetária e ter uma taxa de juros mais elevada ajuda ainda mais o real em momentos de maior apetite ao risco."

Para Tonet, da W1 Capital, a queda do dólar nesta semana não pode ser vista como uma tendência. Ele pondera que a inflação americana ainda está em níveis muito elevados e que há dúvidas se o Fed conseguirá domá-la sem levar a uma desaceleração mais forte da atividade.

"Essa história da estagflação ainda vai ser muita falada. As incertezas são grandes. Temos também a guerra na Ucrânia e esse abre e fecha da China. Não dá para saber se esse movimento de queda do dólar vai se estender", afirma Tonet, acrescentando que, do ponto de vista doméstico, em algum momento as eleições presidenciais tendem a exacerbar a volatilidade.

Taxas de juros

Os juros futuros fecharam a sessão perto da estabilidade, em dia de agenda e noticiários esvaziados no Brasil. Chegaram até embalar um movimento de baixa entre o fim da manhã e o meio da tarde, durante os melhores momentos de Wall Street e de mínimas do dólar, mas na última hora de negócios zeraram a queda e voltaram aos ajustes da quinta-feira. Do mesmo modo, os níveis de inclinação pouco se alteraram no balanço da semana, que foi marcada pela ata do Federal Reserve, pelo IPCA-15 de maio acima do consenso e aprovação do projeto que fixa limite de 17% para a cobrança de ICMS de energia, combustíveis, telecomunicações e transportes, na Câmara.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,33%, de 13,35% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2024 passou de 12,80% para 12,795%. O DI para janeiro de 2025 teve uma alta moderada, definida no momento dos ajustes, encerrando com taxa de 12,13%, de 12,079%. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 11,93%, de 11,909%.

O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, lembra que, além da agenda local sem destaques, os dados nos Estados Unidos nesta sexta vieram relativamente dentro do esperado, endossando a mensagem da ata do Federal Reserve. "O Fed não parece estar convencido da necessidade de levar o juro para acima do neutro", comentou.

No Banco Original, os economistas Marco Caruso e Eduardo Vilarim destacam, na avaliação da semana, a redução no juro futuro nos EUA, que abriu espaço para alívio interessante nos prêmios da ponta longa da curva local. "A Treasury de 10 anos, por exemplo, abriu o mês próxima a 3,00% e flerta com o 2,70% hoje", afirmam.

Segundo os profissionais, o recuo vem essencialmente da inflação implícita na curva, que cede em todos os vértices até o vencimento de 30 anos. "O movimento fica mais interessante se considerarmos que a maioria das commodities acumulam alta em maio, com exceção das metálicas", dizem.

Na ponta curta do DI, a dinâmica deve ficar limitada enquanto não houver novidades sobre o fim do ciclo de aperto da Selic. "A curva já tem uma precificação agressiva de que o BC não vai conseguir encerrar em junho, então a parte curta fica engessada", afirma Rostagno.

Segundo ele, a precificação está bem ajustada para alta de 50 pontos no Copom de junho, enquanto para o Copom de agosto a curva projeta 32 pontos-base e 8 pontos em setembro, com Selic terminal de 13,64%.

Bolsa

Embora retardatário em relação a Nova York na sessão e também na semana, o Ibovespa acumulou ganho de 3,18% no intervalo, após avanços de 1,46% e de 1,70% nas duas semanas anteriores. Nesta sexta, após alguma indecisão, conseguiu se firmar em alta e acima dos 112 mil pontos no meio da tarde, mas fechou o dia pouco acima da estabilidade (+0,05%), aos 111.941,68 pontos, entre mínima de 111.558,24 e máxima de 112.440,80 pontos, saindo de abertura aos 111.889,88. Faltando apenas duas sessões para o encerramento do mês, avança agora 3,77% em maio, colocando a alta do ano a 6,79%. Nesta sexta, o giro ficou em R$ 24,1 bilhões.

Em dia de dólar em baixa - a R$ 4,73 no fechamento do spot -, de avanço para o Brent, de apetite por risco e firmes ganhos para os índices acionários no exterior, o comportamento das ações de Petrobras destoou, com a ON em queda de 4,17% e a PN, de 4,76% no fechamento.

A transferência de comando na estatal ainda traz incerteza sobre os preços dos combustíveis, em momento no qual a pressão política sobre a empresa se estende ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que defendeu que o governo, acionista majoritário, venda ações ou privatize a companhia, na medida em que não consegue exercer controle na estatal.

O reforço da pressão política sobre os rumos da Petrobras vem no momento em que nova pesquisa Datafolha, da noite de quinta-feira, sinaliza possibilidade de vitória do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda no primeiro turno. Inflação e dificuldades econômicas são vistas como os principais indutores do crescimento do polo opositor ao governo, e domínio da narrativa sobre os preços é fundamental para que o Planalto, ante rejeição especialmente entre os mais pobres, leve o jogo ao menos para o segundo turno.

"O dólar caiu na semana aproximadamente 3%, com algum alívio sobre o ritmo de alta de juros pelo Fed, que pode ficar em três aumentos até o fim do ano. Aqui, a redução do ICMS na Câmara, embora ruim para a arrecadação de estados e municípios, tende a aliviar a inflação, pelo efeito sobre transportes e fretes, entre outros segmentos. Mas há também preocupação agora quanto a falta, possivelmente pontual e restrita a certas regiões, de diesel no segundo semestre, o que teria, por outro lado, impacto de alta sobre os preços", diz Rodrigo Simões, professor da FAC-SP, especialista em economia e finanças.

Apesar do desempenho negativo de Petrobras na sessão, o avanço de Vale (ON +1,74%), assim como da maioria das siderúrgicas (CSN ON +3,10%, Gerdau PN +1,24%) e dos bancos (Unit do Santander +1,02%, Itaú PN +0,54%. Bradesco PN +1,43%), à exceção de BB (ON -1,09%), manteve o Ibovespa acima da linha d'água em boa parte desta sexta-feira, inclinando-o moderadamente ao positivo no fechamento. Embora bem leve, foi a segunda alta consecutiva, em série sem perdas que retroage a 19 de maio, o correspondente a sete sessões - na quarta, o Ibovespa teve o pior desempenho da sequência, ao fechar sem variação.

"Petrobras está em situação delicada, essas mudanças de presidente trazem incerteza muito grande. O mercado mundial de diesel está muito apertado, com redirecionamento de produção para a Europa, em meio aos problemas guerra por lá. Há um temor considerável de que possa faltar diesel no Brasil no segundo semestre", observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Ante a incerteza, a forte valorização acumulada até aqui pelas ações da Petrobras em maio (ON +11,32%, PN +12,38%), e também no ano (na casa de 30% a 31% para ambas), induz os investidores a "colocar lucro no bolso" no encerramento de semana que antecede o feriado de Memorial Day nos Estados Unidos, aponta Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. "A Petrobras se valorizou bem e hoje há uma diminuição de exposição, com o investidor embolsando os lucros para não passar o final de semana posicionado", acrescenta.

Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para BRF (+4,82%), Minerva (+4,40%) e CSN (+3,10%). No lado oposto, Yduqs (-4,49%), junto das ações PN (-4,76%) e ON (-4,17%) da Petrobras.


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