Dólar encerra segunda-feira cotado a R$ 5,22

Dólar encerra segunda-feira cotado a R$ 5,22

Moeda norte-americana aproveitou a trégua na disputa entre os Poderes

AE

Dólar segue tendência de queda da semana passada

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Com agenda esvaziada e sem novos sinais de tensão vindos de Brasília, o mercado de câmbio doméstico trabalhou em ritmo lento nesta segunda-feira, acompanhando o tom positivo dos demais ativos domésticos. Em queda desde a abertura dos negócios, o dólar à vista oscilou menos de quatro centavos entre a mínima, de R$ 5,2015, no início da tarde (em sintonia com o auge da valorização do Ibovespa), e a máxima, de R$ 5,2411, registrada logo após a abertura. No fim do dia, o dólar era negociado a R$ 5,2236, em queda de 0,83% - o que levou a valorização acumulada no mês para apenas 1%. Na B3, o contrato futuro de dólar para outubro - termômetro do apetite por negócios - tinha giro baixo, na casa de US$ 9 bilhões.

O mercado aproveitou a trégua na disputa entre os Poderes - na esteira da "carta à Nação" de Jair Bolsonaro na semana passada - e a baixa adesão aos protestos contra o presidente no domingo (dada a ausência dos partidos de esquerda), para aparar os prêmios de risco. Avalia-se que a possibilidade de impeachment de Bolsonaro, que pareceu crível após as declarações do presidente nas manifestações de 7 de setembro, diminuíram a quase zero. A expectativa é a de que a calmaria no front político-institucional, embora ainda vista com certo ceticismo, abra espaço para algum avanço da pauta econômica no Congresso, como a reforma administrativa e, sobretudo, a solução para o imbróglio dos precatórios.

Eventual substituto de Bolsonaro, o vice-presidente, Hamilton Mourão, rebateu hoje à tarde informações de que tem uma "agenda paralela" e disse que "não aceita" conversas sobre o impeachment. Instigado a falar sobre a relação entre os Poderes, Mourão afirmou que o presidente, com a divulgação da "carta à Nação", busca uma "reaproximação com o STF" e que o país começa a semana "com pauta positiva e muita coisa a ser tratada no Congresso".

Juros

Os juros futuros de curto prazo fecharam o dia perto da estabilidade e os longos em queda, com perda de inclinação da curva. O desenho reflete uma redução da tensão com o cenário político, mas que é considerada também frágil uma vez que o histórico recente mostra mudanças repentinas nas sinalizações vindas de Brasília. O recuo dos longos era mais firme pela manhã, tendo arrefecido à tarde com o aumento da cautela em Nova York. Os curtos oscilaram ao redor dos ajustes anteriores, limitados pela permanente preocupação com o cenário inflacionário, hoje reforçada pela pesquisa Focus e novas revisões em alta para IPCA e Selic.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 9,15%, de 9,172% no ajuste anterior e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 10,186% para 10,13%. O DI para janeiro de 2027 passou de 10,584% para 10,49%.

Dada a agenda relativamente fraca no Brasil e no exterior e os prêmios elevados na curva, que na semana passada passou por vários momentos de stop loss, houve espaço para devolução de parte da alta recente das taxas. "Por mais que o quadro ainda gere coerente apreensão e posições defensivas dos investidores, há relativa amenização dos temores", afirmaram, em relatório, profissionais do Departamento Econômico da Renascença DTVM, citando a carta do presidente Jair Bolsonaro indicando trégua nos ataques ao Judiciário e o fato de as manifestações ocorridas ontem pelo Brasil terem aglutinado bem menos pessoas que o esperado.

Os protestos contra Bolsonaro neste domingo foram organizados por partidos de direita que agora se rebelam contra o governo, mas, sem participação efetiva da militância da esquerda, acabaram esvaziados. Com a oposição ao governo dividida, a possibilidade de avanço nos processo de impeachment de Bolsonaro na Câmara perde força. "A dúvida é se essa pacificação nas tensões vai dar fôlego para a evolução das pautas econômicas ou servirá só para garantir a sobrevida do governo até as eleições", disse o analista de Investimentos Renan Sujii.

Os contratos curtos ficaram mais travados pela agenda escassa e pelo quadro negativo para inflação e Selic. A pesquisa Focus trouxe hoje o resultado das várias revisões pessimistas que o mercado tem feito nos últimos dias, com a mediana de IPCA para 2021 batendo em 8% e a de 2022 rompendo 4% (4,03%). A mediana de Selic também chegou a 8%, de 7,58% na pesquisa passada, no fim de 2021. Mas as revisões para cima continuaram nesta segunda-feira. O JPMorgan apresentou mudanças agressivas nas projeções, com a da taxa básica passando de 7,5% para 9% no fim do ciclo e a de PIB em 2022 caindo de 1,5% para apenas 0,09%.

 

 


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