Dólar engata queda e termina em R$ 5,34

Dólar engata queda e termina em R$ 5,34

Com exterior, Bolsa fechou em alta de 1,77% e retomou o nível dos 100 mil pontos

AE

Ibovespa fechou aos 100.440,23 pontos saindo da faixa dos 98 mil pontos

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O dólar engatou queda nos negócios da tarde ante o real, após operar em alta a maior parte da manhã, com o Brasil descolado de outros emergentes. A moeda americana ampliou o ritmo de baixa no mercado internacional em meio ao otimismo com balanços corporativos, ajudado pelos bom balanço trimestral do JPMorgan, dados comportados de inflação nos Estados Unidos e números acima do esperado da balança comercial da China, deixando as notícias sobre o avanço do coronavírus em segundo plano. No noticiário local, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), prometeu que a reforma tributária deve começar a ser discutida na casa a partir de amanhã, o que fez a moeda americana acelerar o ritmo de queda. O dólar no mercado à vista fechou em baixa de 0,73%, cotado em R$ 5,3490.

No mercado doméstico, operadores relataram persistência no fluxo de saída de capital externo, em meio à decepção com a retomada da atividade e o cenário político no radar, o que ajudou a pressionar o câmbio mais cedo, fazendo o real destoar de seus pares em mercados emergentes. A corretora Correparti comenta que houve saída ao redor dos US$ 500 milhões apenas hoje mais cedo, levando o dólar às máximas do dia, na casa dos R$ 5,45.

O Índice de Atividade (IBC-Br) calculado pelo Banco Central cresceu menos que o esperado em maio, avançando apenas 1,31%. "A melhora do IBC-Br foi modesta. O caminho para a recuperação da atividade será longo e difícil", avalia o economista para a América Latina da consultoria inglesa Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia. O dado sinaliza que haverá novo corte de juros em agosto, de 0,25 ponto porcentual, comenta ele, o que ajuda a pressionar ainda mais o câmbio.

A declaração de Maia sobre a volta à pauta da reforma tributária é o que investidores querem ouvir. "Reformas estruturais são o único caminho para o Brasil pós-pandemia" avalia a consultoria internacional TS Lombard, destacando que a volta das discussões sobre a tributária no Congresso deve também fazer com que o ministério da Economia priorize o tema. O fato de Jair Bolsonaro ter conseguido construir uma coalização entre deputados, via aliança com partidos do Centrão, deve contribuir para o avanço da agenda, avalia a TS Lombard.

No mercado internacional, a moeda americana chegou a subir ante divisas fortes, mas também virou à tarde e ampliou a queda nos emergentes, recuando 1,22% no México e 0,61% na África do Sul. O analista de mercados do Western Union, banco especializado em transferências internacionais de recursos, Joe Manimbo, ressalta que o fortalecimento do euro, que atingiu as máximas em um mês, em meio ao otimismo com a recuperação da atividade econômica europeia e a criação de um fundo bilionário, ajudou a enfraquecer ainda mais o dólar.

Ibovespa

Em mais um dia correlacionado ao (desta vez) bom humor externo, o Ibovespa retomou sem muito esforço a marca psicológica dos 100 mil, um dia após ter regredido sem escalas à faixa dos 98 mil pontos. Nesta terça-feira, véspera de vencimento de opções e futuros sobre o Ibovespa, o índice de referência da B3 chegou a ensaiar fechamento no pico do dia, mas se acomodou a uma alta de 1,77%, aos 100.440,23 pontos, tendo chegado na máxima, pouco antes, a 100.632,06 pontos (+1,96%), saindo de mínima a 98.288,81 pontos na sessão. Elevado, o giro financeiro totalizou R$ 29,4 bilhões e, na semana, o índice passa a acumular leve ganho de 0,41%, estendendo o avanço do mês a 5,66% - no ano, cede agora 13,15%.

A sessão chegou a parecer com a anterior na B3 - mas com o sinal trocado, em ambos os casos reagindo ao impulso de Nova Iorque, para cima ou para baixo, e fechando no ou perto dos limites extremos do dia. Ontem, fechou na mínima, desmanchando dos 100 mil para os 98 mil após as 16h. Hoje, os ganhos na B3 se acentuaram a partir do meio da tarde, com o índice passando a renovar máximas em linha com a reação em Nova Iorque, que mostrara hesitação mais cedo. Assim, pela quarta sessão consecutiva o Ibovespa conseguiu superar a marca de 100 mil no intradia - o pico de hoje foi inferior apenas ao de ontem, 100.857,68, que havia sido o maior desde 6 de março.

"O mercado está que nem folha seca: bate um vento e sai voando. Há um redimensionamento da demanda por ativos de risco, em razão do fluxo em busca de retorno. Assim, sempre que aparece uma luz, vai todo mundo para a Bolsa. Ninguém está querendo deixar para depois, ou seja, perder oportunidade de compra", diz Pedro Paulo Silveira, economista-chefe de Nova Futura, que projeta o Ibovespa a 110 mil pontos no fechamento do ano.

"O Ibovespa recuperou a marca importante dos 100 mil pontos. Os indicadores técnicos de tendência mostravam que poderíamos passar deste patamar no curto prazo e trazer um novo alvo, entre 105 e 106 mil pontos. O índice deve seguir em alta, mas caso caia para 96 mil, essa tendência perderia força", observa Fernando Góes, analista gráfico da Clear.

Pelo lado dos fundamentos macroeconômicos, o dado doméstico do dia não chegou a ser animador: a leve alta de 1,31% no IBC-Br em maio ante abril, abaixo do piso das estimativas para o mês; no ano, o índice, considerado prévia do PIB, acumula perda na casa de 6%. Em desdobramento positivo na política, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse hoje que o debate sobre a reforma tributária será retomado amanhã na casa. Ele também voltou a defender a prorrogação da desoneração da folha por um ano, que foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro e pode ser restabelecida pelo Congresso.

Nesta terça-feira, destaque para as ações de commodities, em especial Vale ON (+7,03%), melhor desempenho entre as componentes do Ibovespa, à frente de Bradespar (+6,74%) e Ultrapar (+6,44%). O forte avanço nas ações da mineradora decorreu de leitura positiva sobre a balança comercial da China em junho, com surpreendente aumento das exportações e importações ante o mesmo mês do ano passado. Em dia levemente positivo para o petróleo ante expectativa para reunião da Opep+, as ações da Petrobras andaram bem, com a ON em alta de 3,46% e a PN, de 3,34%, no encerramento da sessão. Entre as baixas, destaque para Cemig (-2,23%), Lojas Renner (-2,01%) e Qualicorp (-1,98%) na ponta negativa do Ibovespa.

Juros

Os juros futuros voltaram a encerrar perto dos ajustes anteriores, com uma discreta alta na ponta longa e os demais, de lado. O ganho de inclinação decorre de um movimento leve de realização de lucros, mas que era mais pronunciado pela manhã, estimulado pelo câmbio depreciado. À tarde, com a virada do dólar para queda, o ajuste perdeu força e as taxas longas desaceleraram o avanço. Nos curtos, o IBC-Br, mesmo abaixo do piso das estimativas, não conseguiu alterar o quadro de apostas para a Selic que segue dividido entre corte de 0,25 ponto porcentual e manutenção da taxa em 2,25%.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,01%, de 3,032% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 5,573% para 5,58% (mínima). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,42%, ante 6,393% ontem no ajuste.

"As taxas estão claramente mais influenciadas pelo dólar hoje", disse um gestor, explicando que o alívio no câmbio arrefeceu a realização ensaiada mais cedo. Com os sinais de recuperação da atividade, discurso mais otimista do Banco Central com a economia e aumento do apetite pelo risco no exterior, a curva percorreu julho até agora num movimento de queima de prêmios nos longos - o DI para janeiro de 2027 havia fechado junho em 6,61% -, o que abre espaço para alguma realização neste trecho. Mas as tentativas de ajuste têm sido limitadas pelas incertezas com os efeitos da pandemia no Brasil e no mundo, e que podem manter os juros globais baixos por mais tempo.

Até que ponto a incipiente retomada da atividade, com a reabertura gradual de comércio e serviços no Brasil, será capaz de evitar um novo corte da Selic é uma das dúvidas e, por isso, o cenário das expectativas para o Copom de agosto segue indefinido. O IBC-Br de maio não serviu para desempatar o quadro. A alta de 1,31% ante abril veio abaixo do piso das estimativas (1,9%) dos economistas, após o índice tombar 9,45% em abril ante março.

"O resultado mostrou que o ritmo da recuperação está abaixo do esperado, mas, olhando pelo lado do copo meio cheio, ainda assim confirma que abril deve ter sido o fundo do poço", disse o economista-sênior do Banco MUFG Brasil, Maurício Nakahodo.

Também na pesquisa do Projeções Broadcast o IBC-Br não foi suficiente para mudar a avaliação de que o pior momento passou. O levantamento mostra que os dados de maio deram continuidade ao processo de melhora nas expectativas para o PIB do segundo trimestre, para o qual a mediana das estimativas agora é de -10,3%, menos negativa do que do que a observada na pesquisa anterior, realizada em 18 de junho, de -11,0%, após a divulgação do IBC-Br de abril.


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