Dólar fecha em queda e termina o dia em R$ 5,15

Dólar fecha em queda e termina o dia em R$ 5,15

Bolsa fechou em alta de 2,05%, a 104.477,08 pontos, à espera de pacote dos EUA

AE

Volume de negócios, porém, foi fraco nesta segunda

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O dólar teve novo dia de enfraquecimento no mercado internacional, testando as mínimas em dois anos ante as moedas fortes, e o movimento ajudou o real a se fortalecer. A perspectiva de aprovação esta semana de um novo pacote fiscal nos Estados Unidos, de ao menos US$ 1 trilhão, ajudou a estimular a busca por ativos de risco, levando o Ibovespa a voltar a superar os 104 mil pontos e provocando a valorização de divisas de países emergentes, com destaque para o peso mexicano, o rand da África do Sul e o real. Em Chicago, especuladores vêm elevando apostas contra o dólar há seis semana consecutivas.

No mercado à vista, o dólar fechou em queda de 0,92%, cotado em R$ 5,1580. No mercado futuro, o dólar para agosto, que vence na sexta-feira, 31, era negociado em baixa de 1,39%, a R$ 5,1615 às 17h. O volume de negócios, porém, foi fraco nesta segunda, somando US$ 10 bilhões, enquanto investidores aguardam a agenda carregada da semana, que inclui reunião de política monetária do Federal Reserve e dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre dos EUA e da zona do euro, além da definição do referencial Ptax na quinta-feira.

O índice DXY, que mede o dólar ante moedas fortes, caiu hoje para o nível de 93 pontos, o menor desde junho de 2018. Analistas do Rabobank observam que investidores continuam apostando contra a moeda americana na Bolsa de Futuros de Chicago (CME, na sigla em inglês). Há seis semanas consecutivas que as apostas estão vendidas, ou seja, acreditando na desvalorização da divisa americana, e atingindo níveis não vistos desde 2017, ressalta a estrategista sênior de moedas do banco, Jane Foley. A perspectiva de recuperação mais lenta da atividade econômica dos EUA, em meio ao crescimento de casos de coronavírus, além da liquidez alta na economia mundial estão por trás do enfraquecimento do dólar. Ao mesmo tempo, os investidores em Chicago vêm elevando as apostas em divisas fortes, como o euro, iene e o franco suíço, ressalta a estrategista do Rabobank.

Neste contexto, a analista de moedas e mercados emergentes do banco alemão Commerzbank, Alexandra Bechtel, acredita que o real tende a se beneficiar apenas temporariamente da fraqueza do dólar no mercado internacional. O avanço das conversas sobre a reforma tributária desde a semana passada é positivo, mas ela observa que os fundamentos da economia não mudaram e os riscos persistem, sobretudo pelo lado do coronavírus, com o número de casos em crescimento, e das contas fiscais, com a dívida bruta caminhando para atingir 100% em relação ao PIB. Para a analista do Commerzbank, o real tende a continuar "fraco" e com volatilidade alta.

Ibovespa

Beneficiado por fornada de dados econômicos positivos do exterior, o Ibovespa recuperou dois degraus nesta segunda-feira, 27, retomando o nível de 104 mil pontos, cedido na última quinta-feira. Hoje, o índice da B3 saiu de 102.380,85 pontos na abertura, que praticamente correspondeu à mínima do dia (102.380,55), para alcançar 104.477,08 pontos no fechamento, em alta de 2,05% após perda de 0,49% ao longo da semana passada. Na máxima, chegou hoje a 104.584,52 pontos nos minutos finais, acompanhando Nova Iorque, que também fechou hoje perto dos picos do dia. O giro financeiro totalizou R$ 28,5 bilhões e, agora, o índice avança 9,91% no mês, reaproximando-se do ganho de abril (+10,25%), o melhor do ciclo de recuperação, limitando as perdas no ano a 9,66%.

Nesta segunda-feira, destaque para o segmento de bancos, de maior peso na composição do índice e ainda muito atrasado no ano, com perdas entre 22,68% (Itaú Unibanco) e 37,36% (Santander) acumuladas no período. Com o Ibovespa de volta aos 104 mil pontos, e tendo chegado a tocar no intradia a faixa dos 105 mil na semana passada, analistas e operadores apontam que setores retardatários, como o bancário, tendem a ganhar mais atenção como oportunidade de compra. Nesta segunda-feira, destaque para Itaú Unibanco PN, em alta de 5,02%, e para Bradesco PN, com ganho de 4,59% na sessão.

O desempenho positivo se disseminou por diferentes setores nesta segunda-feira, como o de commodities (Vale ON +4,73% e Petrobras PN +2,07%), siderurgia (Usiminas +7,15%, na ponta do Ibovespa, e CSN +5,43%) e utilities (Copel +3,28%). Na ponta negativa do índice, Via Varejo cedeu hoje 3,22%, seguida por Lojas Renner (-2,91%) e IRB (-2,04%).

"O dia se mostrou bom desde a abertura, com mais um pacote a caminho nos EUA, elevando a disponibilidade de recursos para a recuperação da economia, em momento no qual eles vivem uma segunda onda de Covid por lá e, aqui, os casos ainda não começaram a diminuir", diz Pedro Galdi, analista da Mirae, casa que projeta o Ibovespa a 116 mil no fechamento de 2020, em nível semelhante ao do encerramento de 2019, então a 115.645,34 pontos, ano em que o índice teve progressão de 31,58%. "A semana promete movimento, com dados como Caged, PIB dos EUA e da zona do euro, e balanços de empresas como Vale, Petrobras e Bradesco", acrescenta.

A performance favorável nesta segunda-feira se iniciou ainda na sessão asiática, com os mercados da região respondendo bem aos dados sobre os lucros industriais da China, que subiram em junho, aponta em nota Shin Lai, estrategista-chefe da Upside Investor Research, chamando atenção também para o índice de atividade manufatureira da Alemanha, que subiu a 50 em julho, ante 45,2 em junho - a leitura ficou acima da expectativa para o mês, de 48. Na zona do euro, o PMI de serviços também avançou, a 55 em julho, acima do consenso, de 51 para o mês, em outro sinal de reação econômica do velho continente que, assim como a China, parece estar superando com menos sequelas o pior momento da pandemia.

Nos EUA, destaque para os pedidos de bens duráveis, acima do esperado, em alta de 7,3% em junho ante o mês precedente, frente a consenso de que haveria alta de 5,4% no mês, após avanço de 15% em maio. "O Brasil segue a onda mais otimista, subindo com Ásia e EUA", aponta Shin Lai. "Ainda em cenário de elevadas incertezas, a melhor estratégia é operar com horizontes curtos, aproveitando as quedas para se iniciar posições, e vendendo nos rebotes de um ou dois dias, no máximo", acrescenta o estrategista, referindo-se a investidores "arrojados", com mais disposição para assumir risco.

Taxas de Juros

O mercado de juros começou a semana que antecede a reunião do Copom renovando mínimas históricas nos principais vencimentos da curva a termo, dando sequência ao forte movimento de queda visto na sexta-feira, 24. O alívio nos prêmios ainda reflete o IPCA-15 de julho e hoje com ajuda do dólar e do exterior, onde é grande a expectativa por mais um pacote trilionário de estímulos nos Estados Unidos. A aposta de corte de 0,25 ponto porcentual na Selic em agosto avançou mais pouco, mas o miolo da curva manteve-se como o destaque de baixa nesta segunda-feira, 27, com ajustes de posição a partir da ideia de que os juros básicos permanecerão baixos por muito tempo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 encerrou em 1,930%, de 1,948% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2022 caiu de 2,822% para 2,74%. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 3,78%, de 3,853% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,26%, de 6,333%. O dólar fechou em baixa de 0,92% no segmento à vista, a R$ 5,1580.

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, afirma que o mercado já opera sob a perspectiva da reunião da semana que vem, sobretudo após o IPCA-15 de julho ter autorizado apostas mais firmes em mais uma redução da taxas básica. "Temos também hoje o dólar ajudando, caindo de forma global em função do anúncio dos estímulos nos Estados Unidos", disse. O secretário do Tesouro do país, Steven Mnuchin, disse ontem que a Casa Branca deve entregar ao Congresso hoje um novo pacote fiscal na ordem de US$ 1 trilhão.

Jefferson Lima, gerente da Mesa de Reais da CM Capital, disse que o dólar favoreceu a curva longa, enquanto os demais foram embalados pela correção em baixa do IPCA na pesquisa Focus, cuja mediana para 2020 caiu de 1,72% para 1,67%. "Ainda sob o efeito da sexta-feira", afirmou.

A agenda de indicadores e eventos foi fraca nesta segunda-feira, com alguma expectativa sobre a participação de Fabio Kanczuk e Bruno Serra, diretores de Política Econômica e Monetária, respectivamente, do BC, em videoconferências organizadas por instituições financeiras, pela manhã, mas fechadas à participação da imprensa. Segundo economistas com acesso aos eventos, não houve novidades em relação ao que já se sabia. "Repetiram que há espaço residual para corte de juros, volatilidade alta no câmbio e atividade dando sinais de recuperação, sem pressão de inflação", disse uma fonte.

A precificação da curva para uma redução da Selic em agosto avançou hoje para 20 pontos-base, com as chances de corte de 25 pontos passando de 70% na sexta-feira para 80%. A probabilidade de manutenção caiu de 30% para 20%. Os números são do Haitong Banco de Investimentos, que calcula ainda em 25% as chances de um novo corte de 25 pontos no Copom de setembro.


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