Dólar fecha tem quarta-feira de alta e fecha em R$ 5,38

Dólar fecha tem quarta-feira de alta e fecha em R$ 5,38

Bolsa emendou segunda sessão em alta e testou os 102 mil pontos na máxima do dia

AE

Ibovespa terminou o dia aos 101.790,54 pontos

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A perspectiva de avanço de uma vacina para o coronavírus provocou alta das bolsas pelo mundo e enfraquecimento do dólar, mas aqui a moeda americana andou de lado. Fechou com ganho no mercado à vista e no futuro, onde grandes investidores elevaram apostas contra o real nesta terça. Novos relatos de saída de capital do Brasil, preocupações com a retomada da atividade econômica e crescimento dos casos de coronavírus, além da tensão entre Estados Unidos e China, estão entre os fatores que limitam a melhora da divisa brasileira, de acordo com profissionais de câmbio. O banco alemão Commerzbank passou a prever hoje que a moeda americana deve ficar ao redor dos R$ 5,30 até dezembro. No fechamento, o dólar à vista terminou em alta de 0,68%, cotado em R$ 5,3855.

Esta quarta teve agenda internacional cheia, com o grupo Opep+, que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, anunciando que aumentará sua produção em agosto, após cortes recentes, e a farmacêutica Moderna divulgando resultados animadores dos testes em humanos da vacina que desenvolve para combater o coronavírus. Além disso, a produção industrial nos EUA cresceu mais que o esperado e o Livre Bege do Federal Reserve alertou para a incerteza do cenário. Neste ambiente, o dólar teve dia de enfraquecimento quase que generalizado no mercado internacional. "O dólar testou novos níveis de baixa", destacam os estrategistas do banco americano Brown Brothers Harriman (BBH).

No mercado brasileiro, porém, esse enfraquecimento do dólar foi menos sentido hoje. A analista de moedas do Commerzbank, You-Na Park-Heger, observa que um dos fatores que pesam é que a situação do coronavírus no Brasil não dá sinais de melhora. Assim, fica difícil estimar o nível de severidade em que a economia será afetada e quanto tempo vai durar a atividade enfraquecida. Por isso, ela prevê mais um corte de juros pelo Banco Central em agosto, de 0,25 ponto porcentual, e o dólar em R$ 5,30 até o final do ano. A moeda americana só cairia abaixo de R$ 5,00 em junho de 2021.

Apesar do esforço em avançar no Congresso com as reformas, como a tributária, a analista do Commerzbank destaca que a pandemia deve tornar mais difícil o avanço desta agenda. Há ainda o cenário político, que melhorou nas últimas semanas, mas está sempre sujeito a reviravoltas. Por isso, ela observa que as moedas emergentes devem se beneficiar da liquidez internacional, mas o real tende impacto mais limitado.

Dados divulgados hoje mostram que o Brasil segue perdendo recursos externos. Em julho, até o dia 10, houve saídas líquidas de US$ 3,504 bilhões pelo canal financeiro. No ano, a fuga de recursos por este canal já soma US$ 41,6 bilhões. Na B3, já saíram R$ 5 bilhões este mês, até o dia 13.

Ibovespa

Após ter reconquistado ontem o nível dos 100 mil pontos logo no dia seguinte a tê-lo perdido, o Ibovespa seguiu conectado ao bom humor externo para emendar esta quarta a segunda sessão com ganho acima de 1%, que o deixou aos 101.790,54 pontos (+1,34%) no fechamento desta quarta-feira, mostrando fôlego para testar a linha dos 102 mil na máxima do dia e renovando o maior nível de encerramento desde 5 de março (102.233,24 pontos). No intradia, a caminho do fim da sessão, foi hoje aos 102.113,51 pontos (+1,67%), mantendo-se no maior nível desde 6 de março (102.230,50 pontos), saindo de mínima a 100.444,28 pontos.

Assim, neste dia de vencimento de opções sobre o Ibovespa, com giro financeiro relativamente acomodado para a ocasião (R$ 39,6 bilhões), o índice à vista permaneceu ao longo de todo o pregão acima dos 100 mil pela primeira vez desde 5 de março, quando a volatilidade diária se acentuava, chegando a quase 6,7 mil pontos naquela data - e a nada menos de 16.614 pontos entre a mínima (68.488,29) e a máxima (85.103,19) de 12 de março. Nesta data, o Ibovespa fechou em queda de 14,78%, a pior da B3 no período de pandemia, o que colocava a perda de valor de mercado da Petrobras acima de R$ 140 bilhões naquela semana de derretimento dos mercados.

Hoje, pela quinta sessão consecutiva, o índice se manteve ao menos a 100 mil na máxima intradia, começando a mostrar força para sustentar a marca e buscar novas linhas, desde que o exterior também permaneça positivo. Na semana, o Ibovespa avança 1,76%, acentuando os ganhos no mês a 7,09% e limitando as perdas no ano a 11,98%.

Nesta quarta-feira bem distinta daquela quinta de queda livre nos mercados globais, a ação PN da Petrobras fechou em alta de 1,92% e a ON, de 2,37%, com os contratos futuros da commodity refletindo o otimismo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) para a recuperação da demanda pelo insumo. O grupo de produtores anunciou que deve reduzir os cortes na produção, de 9,7 milhões de barris por dia (bpd) para "8,1 ou 8,2 milhões de bpd" a partir de agosto. A medida, de acordo com o cartel, reflete a retomada do consumo do petróleo.

"O otimismo em torno de vacina para a Covid -19 continua a sustentar a recuperação dos mercados, a partir de fora, melhorando a perspectiva para o ano em um contexto de juros muito reduzidos, o que alimenta o fluxo. Se as ações da Vale não estivessem realizando um pouco a forte alta de ontem (7%), colocando parte do setor de siderurgia também em baixa na sessão, talvez o Ibovespa já estivesse hoje nos 102 mil pontos", dizia mais cedo Ari Santos, operador de renda variável da Commcor, que vê o índice da B3 entre 110 e 115 mil pontos no fechamento do ano.

Perto do fim da sessão, a constatação chegou a se concretizar, temporariamente: as ações da Vale viraram e passaram a subir, ainda que moderadamente (+0,15% no fechamento), levando consigo por algum tempo o setor de siderurgia, à exceção de CSN, que se manteve em baixa de 2,13%, na ponta negativa do Ibovespa. Ao final, boa parte do setor de siderurgia fechou mesmo em baixa, mas, além de Vale, outras ações também mostraram melhor fôlego no fim da sessão, como a da Embraer, que depois das 16h50 renovava máximas, na ponta do Ibovespa - ao final, ainda liderava o índice, com ganho de 9,86% na sessão, seguida por CVC (+8,71%) e Sabesp (+8,06%) no dia da sanção presidencial ao marco do saneamento.

"A Helvetic Airways revisou pedido para aviões, maiores do que os originalmente solicitados, elevando o pedido com quatro aeronaves, o que é bom para a empresa (Embraer)", diz Cristiane Fensterseifer, analista de ações da Spiti.

No quadro mais amplo, "dois laboratórios - o americano Moderna e o europeu Astra Zeneca, associado à Universidade de Oxford - estão reportando 100% de criação de anticorpos em seus testes para a vacina contra o novo coronavírus. É muito animador, e o mercado tem refletido a expectativa por uma vacina antes do que se esperava", diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

Taxas de Juros

Os juros futuros terminaram a sessão regular em leve alta até os vencimentos intermediários e os longos fecharam estáveis, com pressão estabelecida no fim da sessão regular, atribuída a uma provável antecipação do investidor ao leilão de prefixados desta quinta-feira, uma vez que o Tesouro tem ofertado lotes grandes de LTN nas últimas semanas. Até então, na maior parte do dia, as taxas oscilavam em queda, refletindo a melhora do apetite pelo risco no exterior, amparada principalmente em notícias de avanço em testes de vacina contra o coronavírus, e, aqui, o reforço no debate sobre a reforma tributária.

O quadro de apostas para a Selic permaneceu indefinido, mas hoje um leve avanço da expectativa de corte de 0,25 porcentual deixou a divisão ainda mais justa na precificação da curva, de 50% a 50%, mesmo com o IGP-10 acima das estimativas. Nas opções digitais de Copom, a aposta de queda voltou a ser discretamente majoritária. O IGP-10 de julho subiu 1,91%, acima do teto das estimativas (1,84%) coletadas pelo Projeções Broadcast.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou na máxima de 3,05%, de 3,012% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 5,583% para 5,61%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa estável em 6,42%.

Até o começo da sessão estendida, as taxas renovaram máximas em vários pontos da curva. Profissionais nas mesas de renda fixa viram o movimento ligado à piora do câmbio e a fatores técnicos, com montagem de posições em função do leilão de prefixados amanhã. Os vértices mais pressionados do DI, os do miolo, coincidiram com os vencimentos de LTN ofertados pelo Tesouro, que têm tido lotes grandes, de 17 milhões, 19,5 milhões e 15,5 milhões nas últimas semanas. Já o dólar se firmou no patamar dos R$ 5,38 no fim da tarde.

Até então, porém, o clima era favorável aos vendidos. "Temos hoje o mercado externo positivo com a chance maior de vacina, o que dá a esperança de que as medidas restritivas possam ser totalmente eliminadas. Isso está impulsionando as bolsas e moedas emergentes, e favorece a ponta longa também", disse o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno. O real tem destoado, explicou, por questões específicas relacionadas ao fluxo e à própria estimativa de nova queda da Selic.

A expectativa de que o governo avance na discussão das reformas também deu argumento para a redução da inclinação nesta quarta-feira. O presidente Comissão Especial da Reforma Tributária na Câmara, deputado Hildo Rocha (MDB-MA), disse ao Broadcast Político que o colegiado realizará reunião amanhã, às 10h, para retomar o debate. Já o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, repetiu que o governo irá mandar sua proposta de reforma ao Congresso. "O governo tem trabalhado intensamente considerando os impactos da pandemia de Covid-19 sobre todas as reformas estruturais. Ajustes serão feitos em todas as propostas devido aos efeitos da pandemia", reiterou.


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